Ainda vai a tempo
Nunca é tarde para se dar a conhecer um dos períodos negros da humanidade, da Argentina em particular. A presidenta da Argentina, Cristina Fernandez, acaba de emitir um decreto através do qual desclassifica os documentos que detalham as acções dos militares durante a última ditadura (1976-1983).
Quem despoletou esta decisão foi um juiz federal, ao emitir, em Setembro último, uma petição nesse sentido. Fê-lo porque tem esbarrado sistematicamente em pesados silêncios sempre que tem necessidade de estudar os crimes cometidos naquela época.
O governo da Argentina adoptou esta medida depois de o ex-capitão da armada, Alfredo Astiz, tristemente conhecido por "anjo da morte", e que está a ser julgado juntamente com outros 18 ex-militares, se amparar no segredo de estado para não revelar informações sobre o desaparecimento de duas freiras francesas em 1977.
Esta resolução reforça uma outra, decidida em Janeiro de 2007 pelo seu marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, que eximia os militares, polícias, agentes de segurança e de inteligência de se escudarem no segredo de estado quando tivessem que declarar perante um tribunal nos processos judiciais relacionados com a ditadura.
Ali ao lado, no Brasil, os militares tentam manter idênticos segredos fechados a sete chaves. Perante as ameaças, mais do que veladas, dos militares responsáveis da ditadura brasileira terá Lula os "tomates" de Cristina ? No Brasil aquele período foi alvo de uma amnistia que alguém quer transformar em amnésia...