O problema está na batata frita
Puséssemos o país a fritar batatas e nunca estaríamos no estado em que estamos, o que eu aprendo quando ligo a tv.
Raio do telecomando, também ele virado para estas coisas da autono-mia, resolveu parar numa entrevista de António José Teixeira da SIC-NOT àquela que já tem lugar garantido para vir a ser a padroeira da caridade em Portugal. António José Teixeira interrogava Isabel Jonet se não se sentia preocupada por os "números da pobreza em Portugal não diminuírem", "terem estagnado" dizia ele, "não diminuírem nem aumentarem, para ser mais preciso", enfatizava ele.
Mas em que raio de país vive António José Teixeira que não dá conta que a pobreza aumenta diariamente? Mas adiante, que a resposta esteve ao nível da pergunta, preocupar-se Isabel Jonet? "Pelo contrário" respondeu ela com todas as letras!
Então não vê António José Teixeira que o nicho de Isabel Jonet cresce a olhos vistos, se torna cada vez mais importante? Alguma coisa haveria de estar em alta no país, a caridade cavalga a crise.
O raio do homem não enxerga mesmo nada e lá foi conduzindo a entrevista tudo fazendo para agradar a convidada. A dado momento ouvi a senhora reiterar aquilo que já noutra ocasião lhe ouvi quando esticou o dedo, acusou o povo de não querer trabalhar e recomendou ao governo, o anterior, que colocasse os desempregados a limpar os montes. Não seguiram a recomendação, deu no que deu.
Desta vez voltou a repetir a acusação e deu como exemplo a batata frita, nem mais. Dava ela conta que não está para fritar batatas em casa por causa do cheiro que deixam e que quando decide ir ao restaurante comprar uma dose delas não há quem lhas queira fritar, pelo menos nos restaurantes lá da rua. A coisa é de tal maneira que se vê obrigada a recorrer aos chineses, que esses sim fritam-nas na hora. O raio dos chinocas, agora até na batata frita se intrometem! Mais tarde ou mais cedo teremos que resolver este problema. Tudo menos na batata!
Passados uns minutos levantei novamente a cabeça, desta feita Isabel Jonet num acto de pura caridade elogiava o povo, é grande, é solidário apontava ela, mas desta vez com o dedo encolhido. Dava como exemplo o Euro 2004 quando o povo respondeu ao "apelo solidário" e colocou as bandeiras na janela.
E pronto foi desta maneira que finalmente descobri por que é que esta coisa não anda. E de certeza outras coisas descobriria se tivesse continuado a ver a entrevista até ao fim, mas o telecomando deu nega e pisgou-se pró National Geographic.
Tanta gente para aí a botar faladura, que é disto, que é daquilo e afinal a razão é mais comezinha. Esteve bem Isabel Jonet, assim é que é! Calou os prosas! É da batata frita!
E vocês calaceiros, deixem-se de merdas e vamos pôr o país outra vez no pelotão da frente. Bora lá fritar batatas!