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Li no Jornal O Público de Espanha que Isabel Allende acaba de nos presentear com mais um livro "A ilha debaixo do mar".
"Talvez seja a minha obra mais feminista, embora em todos os meus livros esteja presente a luta da mulher". Foi com estas palavras que Isabel Allende apresentou o seu último romance.
Segundo o Público, o livro conta uma história dura, a de Zarité, menina mulata de nove anos que nasce como escrava em Santo Domingo nos finais do século XVIII. Escolhida por uma das prostitutas mais belas do lugar, Zarité converte-se na criada pessoal da neurótica esposa de um jovem branco de origem francesa.
"Não procurei a história, simplesmente encontrei-a quando me documentava para outro livro, O Zorro. Tive que ir a Nova Orleães e o seu ambiente hipnotizou-me assim que investiguei sobre o passado das suas gentes e a escravatura. Daí surgiu tudo", disse a escritora.
Ainda segundo o Público, o romance tem todas as características que fizeram famosa a autora. Estruturada de tal forma que abarca 40 anos na vida da protagonista, estão presentes no livro o amor impossível feito realidade, uma base histórica e o recurso do realismo mágico, embora para Allende a parte mais importante seja a escravatura e o feminismo: "Este livro é actual. Hoje em dia há 27 milhões de escravos em todo o mundo, mais do que nunca. Situações como as actuais das crianças soldado ou das mulheres obrigadas a prostituir-se também são formas de escravatura. Não é diferente da situação que plasmo no livro, em Santo Domingo havia mais de meio milhão de pessoas nestas condições".
Ao falar da sua protagonista, Allende não oculta a sua satisfação por aquela que crê que é a sua personagem mais real. "Sinto que Zarité existe, que está comigo, ela é a última das minhas protagonistas, mulheres que nascem em situações difíceis que logram vencer mediante o esforço e graças a outras mulheres. Durante os dois anos que estive a investigar e a escrever, de tantas barbaridades que descobria, comecei a estar mal do estômago. Fizeram-me muitos exames para ver o que era e nada. Uma semana depois de terminar o livro, voltei a estar bem", recordou.
Com a Ilha Debaixo do Mar, Allende aproxima-se da vintena de livros, obras pelas quais já vendeu mais de 51 milhões de cópias em todo o mundo e é uma das autoras latino-americanas mais vendidas. Venha de lá a edição em português que é pena ainda não estar disponível. Amanhã, dia de reflexão, até era uma boa ocasião para iniciar a sua leitura.