O teatro está montado
Há já algum tempo que não falo aqui sobre as Honduras e a ditadura que desgoverna aquele país, mas tenho seguido de perto a farsa que ali está montada, com a entrada em "cena" do senador republicano Jim DeMint.
DeMint, um Republicano e fervoroso apoiante do golpe de estado nas Honduras congeminou um plano para resolver de vez a situação nas Honduras. Depois de ter retido a nomeação de Arturo Valenzuela para o cargo de assistente na Secretaria de Estado para os Assuntos do Hemisfério Oriental, só a libertou após ter obtido o acordo da administração Obama para o seu plano.
Em que consiste então o plano DeMint para o qual já tem a garantia de Hillary Clinton e do seu assistente Tom Shannon? Os Estados Unidos reconhecerão as eleições, sob estado de sítio, que decorrerão dia 29 deste este mês nas Honduras, quer esteja ou não reposto Manuel Zelaya.
Não é por acaso que depois de ter firmado um acordo com Zelaya, Roberto Micheletti, o presidente golpista, deu o dito por não dito, a conselho de Tom Shannon e afirmou: "Decidimos não continuar este teatro" e mandou às urtigas um suposto governo de unidade nacional conforme acordo celebrado em Tegucigalpa.
Claro que o teatro é outro, o autor da peça é Jim DeMint e o contra-regra o governo de Washington.
Ao dar instruções aos seus negociadores para assinar o acordo de Tegucigalpa, Zelaya colocou o seu destino nas mãos da administração de Obama, não se dando conta de que por ali, principalmente em assuntos da América Latina, nunca é aconselhável fiarmo-nos.
Foi tão anjinho que, segundo os termos do acordo, apelou ao povo hondurenho a participar pacificamente nas eleições gerais, onde muitos dos seus apoiantes ficaram impedidos de se candidatar, incitando-os a evitar qualquer tipo de demonstrações que se oponham às eleições e seus resultados, ou promover a insurreição, conduta anti-jurídica, desobediência civil ou outros actos que possam conduzir a confrontações violentas ou transgressão da lei.
O resultado está à vista, o contra-regra empurrou o assunto para a sessão extraordinária do Congresso hondurenho, que deverá votar ou não a restituição de Zelaya, que não se sabe quando reunirá, mas também pouco importa.
Se for antes das eleições de 29 deste mês, está "acertado", pelos autores desta peça teatral que Zelaya perderá e de imediato Micheletti se demitirá para ceder lugar a um dos seus homens de confiança.
Se a votação for depois das eleições aí até é provável que o Congresso vote sim, uma forma de dar legitimidade ao presidente votado nas urnas umas horas antes... Para percebermos bem é preciso sabermos que o Congresso apoiou o golpe de estado, isto para quem nesta matéria ande um pouco esquecido ou distraído...
Depois disso Washington encarregar-se-á de "pressionar", como só eles sabem fazer, o resto do mundo a reconhecer toda esta farsa. Brilhante não é?
Depois admiram-se de os países livres da América Latina terem tanto medo desta gente e das bases militares que lhe colocam mesmo à porta e por ver o destino de um povo servir como moeda de troca entre interesses mesquinhos na ocupação de cargos políticos.