De cabeça perdida ou guerra perdida?
As duas, se não acompanhem comigo, é suposto as forças invasoras no Afeganistão estarem a combater os talibãs e por isso esta guerra mantém-se há oito anos. Que defende agora o Ministro dos Estrangeiros da Grã-Bretanha, David Miliband, perante a Assembleia Parlamentar da NATO reunida nestes dias em Edimburgo? Um reforço das tropas aliadas, e de forma paralela o diálogo com os talibãs!
Miliband assegurou que não basta procurar uma vitória militar contra a insurgência, mas que será necessário encontrar uma saída política para a situação que o Afeganistão atravessa. "Para isso - assegurou aquele titular britânico dos Negócios Estrangeiros -, os líderes talibãs deverão jogar um papel no Governo de Kabul".
Há aqui qualquer coisa que não bate certo, com uma mão estende-se o ramo da oliveira, com a outra estende-se a moca...
Gordon Brown, por seu lado, convocou a una conferência especial da Aliança Atlântica para Janeiro próximo, a celebrar em Londres, para discutir uma nova estratégia no Afeganistão e fixar um eventual calendário de retirada das tropas deslocadas naquele país, que está bom de ver está relacionada com as pesadas baixas do exército britânico.
Quem não está a gostar mesmo nada deste sarrabulho é o povo britânico que vê os seus soldados cada vez mais a regressar em caixões. Não é por acaso que numa sondagem publicada no domingo 71% dos britânicos querem que as tropas se retirem do Afeganistão no prazo máximo de um ano e para além disso há já quem fale da situação como o "Vietname Britânico".
A juntar a isto as partes gagas do primeiro-ministro Gordon Brown, que numa recepção de gala em Londres afirmou que a operação da NATO no Afeganistão obteve grandes êxitos militares, descabeçou mais de metade da cúpula talibã e desmoralizou a rede insurgente e terrorista. Só que para o cidadão as coisas não são assim. A percepção que emerge dos jornais televisivos e radiofónicos e das análises de fundo da imprensa escrita, é precisamente contrária: os êxitos parecem ser dos talibãs e a desmoralização da NATO.
Entretanto, enquanto o desnorte dura, mais forças para o Afeganistão, ao mesmo tempo que o exército dos Estados Undidos apresenta em 2009 o recorde de suícidios entre os militares activos ou desmobilizados...