Golpe de estado - take dois
As Honduras acordaram hoje sob estado de sítio, declarado pelo governo golpista, e sob a pretensão da legitimação do golpe de Junho passado. Como aqui dei conta, aconselho vivamente a leitura desse post, pois tudo decorre como ali previsto, realiza-se hoje uma farsa eleitoral, que sob os auspícios dos EU, como sempre, pretende dar legitimidade aos golpistas e continuar a "nova política para a América Latina" anunciada por Obama.
Ao que parece os EU já "convenceram" o Panamá a reconhecer estas eleições. Esperam-se múltiplas viagens do governo de Washington para tentar convencer a comunidade internacional. Devem contar com o apoio do Partido Popular Europeu, amigo de outra andanças, como o Iraque e Afeganistão. Com esta actuação os EU abrem caminho a novos golpes de estado onde se esperava que já tivessem sido erradicados.
Quem rejubila são os verdadeiros donos das Honduras, os "turcos", que apesar do nome são na realidade famílias de origem judaica que chegaram durante os anos 40 e 50. São os Rosenthal, os Facusse, os Larach, os Nasser, os Kafie. Cinco apelidos que controlam indústrias assembladoras, energia térmica, telecomunicações, turismo, banca, finanças, médios de comunicação, cimenteiras e comércio, aeroportos e o Congresso. Praticamente tudo.
São o núcleo duro desses 3% de hondurenhos que controlam 40% da produção nacional. São os "eleitos" de um país com 70% de pobres.
Personagens como Jaime Rosenthal, candidato presidencial em 4 eleições e dono de bancos, aeroporto, cervejeiras, equipas de futebol e meios de comunicação. Tem investimentos em cimento, companhias telefónicas, exportação de carne, seguros e telecomunicações. Ou como Facusse, parentes dos Nasser que repartem desde há décadas as suas influências entre a política e as empresas. Eles são os "capos" do sector têxtil num país que se dedica a confeccionar muitos dos artigos de marca que depois viajam para os EU. Controlam ainda empresas químicas e madeiras exóticas. Destas duas famílias saíram muitos ministros e não há decisão no país que não passe pelas suas mãos.
A maioria não sabia ler ou escrever nem tão pouco falavam espanhol quando chegaram, mas tinham outros "atributos". Expulsaram a burguesia tradicional, de origem espanhola e alemã, e três gerações depois continuam a controlar o país sem admitir ninguém no seu clube de "poderosos". São, como disse no post acima referido os actores da peça de teatro que hoje está em cena nas Honduras.