Itália declara "estado de emergência" e abre a caça aos imigrantes
Emigrantes italianos em pleno século XX |
O Conselho de Ministros da Itália aprovou nesta sexta-feira dia 25 a declaração de estado de emergência em todo o território nacional, com o fim de deter os imigrantes que não sejam do espaço comunitário.
A proposta de ampliar o estado de emergência a todo o país foi feita pelo ministro do Interior, Robert Maroni.
A oposição critica duramente a decisão. O primeiro-ministro italiano "deve explicar as razões" que levaram à declaração do estado de emergência, afirmou o deputado do Partido Democrático, Mario Barbi, uma medida, segundo o deputado oposicionista, que "não tem precedentes nem justificações".
"Uma declaração de guerra aos cidadãos extra-comunitários", definiu o deputado do Partido dos Comunistas Italianos (Pdci), Pino Sgobbio, "na Itália, existe apenas uma emergência: a democracia".
"Para esse governo, o comum se torna sempre emergência", afirma Antonio Di Pietro, ex-magistrado do caso Mãos Limpas e líder do partido Itália dos Valores.
"Assim, o executivo se concede maior liberdade de manobra. É uma maneira de ter as mãos livres para retirar das instituições da lei sua própria função, isso vale para o Parlamento e para todas as outras instituições", concluiu.
Nesta mesma linha, o governador da região de Puglia, Nichi Vendola, afirmou que "estamo-nos afastando passo a passo da democracia, esta declaração do estado de emergência é um pedaço de fascismo".
A responsável pelas operações da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Itália, Loris De Filippi, afirmou à ANSA que a situação da chegada de imigrantes na Itália é "estável e estrutural desde 2002" e que não se pode falar objectivamente de emergência.
"Estamos em Lampedusa (região da Sicília que recebe o maior número de imigrantes clandestinos) desde 2002 e não entendemos o motivo deste procedimento". A activista admite que "desde Janeiro deste ano, os desembarques" de imigrantes sem documentos aumentaram, mas lembra que "em comparação a 2002, 2003 e 2004 os números são mais ou menos os mesmos".
Em Itália esquecem-se que são um país de emigrantes. Como ficariam se os Estados-Unidos, Argentina ou Brasil declarassem também a perseguição aos imigrantes italianos?