O emissário
Vale a pena trazer aqui esta informação que recolhi no "Passado, Presente e Futuro":
"Impressiona-me que certos políticos não tenham memória e que os cidadãos não critiquem a falta de memória destes políticos.
Vem isto a propósito da citação que o PÚBLICO do dia 5 de Outubro faz do ex-ministro das Finanças Eduardo Catroga, que escreveu no Diário Económico que "o Estado engordou 10 quilos e este excesso de peso requer uma dieta prolongada de, pelo menos, duas legislaturas".
Dezasseis quilos (8 mil euros por mês, que cresceu todos os anos, para atingir cerca de 16.000 euros quando cumpriu 60 anos), foi quanto Eduardo Catroga atribuiu a si próprio, por despacho cirúrgico (a expressão é de Eduardo Dâmaso, 28 Setembro de 1995), aos 53 anos de idade, e como reforma vitalícia, antes de abandonar o cargo de administrador delegado de um fundo de pensões e ir para ministro das Finanças do XII Governo Constitucional da II República presidido por Cavaco Silva, e remeter-se ao silêncio durante mais de duas legislaturas (...).
Mais de duas legislaturas foi quanto durou a dieta prolongada do protagonismo do ex-ministro de Cavaco Silva, que progressivamente vem recuperando o estatuto de defensor dos interesses do país, agora que a memória do público se esvaiu.
Mas alguns lembram-se quanto custa ao contribuinte (o dinheiro é trabalho) a reforma de mais de 30 salários mínimos de 500 euros (ou 60 salários mínimos de 250 euros dessa altura) que Catroga atribuiu a si próprio, há 15 anos, em 1995, aos 53 anos de idade.
Façam as contas."
Jorge Pinto in Público
Àquela reforma dourada Catroga junta ainda as remunerações correspondentes aos cargos que exerce em acumulação de presidente do Conselho de Administração da Sapec, de presidente não executivo da Nutrinveste, de presidente não executivo do Banco Finantia e ainda de membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP.
Passos Coelho também se referiria a Catroga quando afirmou ser necessário julgar e condenar os responsáveis pelo estado a que o país chegou?