Canavilhas, da cultura para a sucata
O rei das sucatas continua a prosperar. Apesar de preso a vida corre-lhe de feição. O processo de classificação da linha ferroviária do Tua como “património de interesse nacional” foi arquivado pelos serviços do Ministério da Cultura, segundo um despacho agora publicado no Diário da República.
A centenária linha férrea será parcialmente submersa, numa extensão total de 16 quilómetros, por uma barragem que a EDP pretende construir na foz do Tua, próximo da sua junção com o rio Douro.
Tudo indica que os carris irão parar a Ovar à central de sucata dirigida por Manuel Godinho, sempre envolta em negócios escuros. Desta vez não precisa de roubar os carris daquela linha. Alguém faz o trabalho por ele.
Para além dos carris é mais um pouco da alma de Trás-os-Montes que desaparece. 123 anos depois, uma linha que se integra de forma harmoniosa na paisagem do Vale do Tua, entre grandes fragas e que é reconhecida como uma das obras-primas da engenharia portuguesa do século XIX é condenada à sucata pelas mãos de Gabriela Canavilhas.