31 anos depois
"Existe um ateísmo mais próximo e mais perigoso para nossa Igreja: o ateísmo do capitalismo, quando os bens materiais são erigidos em ídolos e substituem a Deus". Óscar Romero
Terminou em vã glória a visita de Obama a três países da América Latina, Brasil, Chile e El Salvador.
No Brasil humilhou o governo anunciando dali mesmo ao mundo a invasão da Líbia pouco se importando que fosse mero convidado ou que o país anfitrião não comungasse da invasão.
No Chile pregou que o lá vai lá vai recusando falar das ligações dos EUA com Pinochet e na participação dos sangrentos acontecimentos de 11 de Setembro de 1973.
Finalmente em El Salvador visita o túmulo de Óscar Romero e recusa apresentar o pedido de desculpas em nome daqueles que foram co-responsáveis no seu assassinato.
Faz hoje precisamente 31 anos que o arcebispo Óscar Romero foi assassinado, mas a sua morte começara a ser desenhada meses antes nos órgãos de poder norte-americano.
Algumas semanas antes do seu assassinato Óscar Romero publicou uma carta aberta ao presidente Jimmy Carter na imprensa salvadorenha pedindo aos Estados Unidos para não intervir no destino de El Salvador, nomeadamente através do armamento das ferozes forças de segurança contra a oposição popular.
Romero avisou que o apoio dos Estados Unidos apenas "aumentaria a injustiça e a repressão contra as organizações do povo que repetidamente tinham lutado para ganhar o respeito pelos seus direitos humanos fundamentais".
Apesar deste apelo, o Presidente Carter aprovou 5 milhões de dólares em ajuda militar menos de um anos antes do assassinato do arcebispo Óscar Romero. No terreno ficaram 75.000 civis mortos, um deles o próprio Romero, barbaramente assassinado quando celebrava missa sua própria igreja, às mãos de esbirros armados pelos EUA.
Estão aí à vista de todos os documentos entretanto desclassificados que revelam os esforços dos Estados Unidos em pressionar o Vaticano para afastar Romero da sua igreja, a descrição do assassinato pelo adido de defesa dos EUA em El Salvador ou a descrição da reunião organizada pelo líder da direita Roberto D'Aubuisson na qual os participantes tiraram à sorte quem iria matar Romero.