Depressa que se faz tarde
Prossegue a incessante busca pela justiça na Argentina. Desta vez dois pilotos das linhas aéreas da Argentina, ex-militares e pilotos da Guarda Costeira durante a ditadura, foram presos na terça-feira por terem sido tripulantes do "voo da morte" que lançou vivas ao mar três fundadorasdas "Mães da Praça de Maio" e uma freira francesa.
São os comandantes de voos internacionais de companhias aéreas argentinas Enrique José Mario De Saint Georges e Daniel Arru. Igualmente foram presos um terceiro piloto, Alejandro Domingo D'Agostino, reformado e chefe da Divisão de Veteranos, o ex-oficial da Marinha, Ricardo Ruben Armelle e o advogado Gonzalo Torres de Tolosa por alegada ligação com o caso.
Os três pilotos foram acusados pelo procurador-federal Eduardo Taiano de terem sido os tripulantes do avião Skyvan PA-51 que na noite de 14 de Dezembro de 1977 levantou de Buenos Aires e do qual foram lançadas vivas ao mar várias pessoas que estavam sequestradas numa da mas-morras do regime.
Entre elas estavam as fundadoras das "Mães da Praça de Maio" Azucena Villaflor de Devicenti, Esther Ballestrino de Careaga, Maria Ponce de Bianco e Angela Aguad bem como a freira francesa Leonie Duquet.
O sequestro ocorreu em 8 de Dezembro na igreja de Santa Cruz, onde as mulheres costumavam reunir-se com o apoio dos padres na organização da busca dos familiares sequestrados.
Os corpos das vítimas desse "voo da morte" foram arrastados pelas correntes marítimas, seis dias mais tarde deram à costa nas praias de Santa Teresita e foram enterrados como "desconhecidos" no cemitério da localidade de General Lavalle.
Somente em 2005, a equipa de Antropologia Forense (EAAF) conseguiu identificar os cadáveres e certificar que apresentavam fracturas causadas pela queda de uma grande altura e pelo impacto com a água.
Finalmente foram reunidas as provas, já começaram a ser ouvidos na instrução dos respectivos processos e só espero que não demorem a sentar o cu no mocho do tribunal, na presença das muitas outras mães da praça de Maio que há muito esperam que se faça justiça.