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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

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Salvo-conduto

19
Jul11

Aí vão mais sete

salvoconduto

 

 

Tantos quantos os que um tribunal federal de Buenos Aires acaba de condenar como responsáveis pelo centro de detenção clandestino "El Vesubio", que funcionou nos arredores da capital da Argentina na última ditadura daquele país (1976-1983). Sentaram o cu no mocho e foram condenados a prisão perpétua dois deles enquanto os outros cinco foram condenados a penas que variam entre os 18 e os 22 anos de prisão pela prática de 175 crimes contra a humanidade, incluindo tortura, rapto e homicídios.


Entre as vítimas dos algozes agora condenados figurava um casal espanhol, cuja mulher estava grávida de oito meses e perdeu o bebé devido às torturas a que foi submetida. Igualmente presa e assassinada uma jovem alemã, razão pela qual o seu país se constituiu como assistente no julgamento.


El Vesubio era um complexo recreativo do Serviço Penitenciário Federal e começou a ser usado como um centro de detenção ilegal nos últimos seis meses do governo de Isabel  Peron, quando começou a repressão ilegal e antes do golpe liderado pelo general Jorge Videla. Por sua vez, esta propriedade localizada no município de La Matanza, perto da estrada que liga Buenos Aires ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, foi desactivada em finais de 1978, antes da primeira missão da Comissão de Direitos Humanos (CIDH) para recolher as denúncias contra o regime.


Naquela prisão clandestina estiveram encarcerados os espanhóis Luís Miguel Diaz Salazar, 24 anos e Esther Gersberg de 23. A família Salazar Diaz emigrou em 1971 para Lomas del Mirador, um subúrbio de Buenos Aires, quando ele tinha 17 anos. Procuravam uma vida melhor do que a que tinham em Espanha. Foi contratado como operário numa fábrica ao mesmo tempo que frequentava a universidade. Casou-se com Gersberg, colega de trabalho, e juntos militavam na Vanguarda Comunista, um grupo de raiz. Ambos foram sequestrados na própria casa quando a estavam a pintar para receber o bebé que Esher carregava no ventre. A criança acabou por nascer morta depois das torturas que Esher sofreu naquele centro.


Também ali acabou em 1977, a socióloga alemã Elisabeth Kasemann, 30 anos, filha do reconhecido pastor evangélico Ernst Kasemann que se radicara na América Latina em 1968. Em Buenos Aires logo se comprometeu com as causas sociais. Foi sequestrada pelos militares e não se soube nada dela durante oito semanas até que o regime a deu como morta num alegado "confronto", mas a autópsia revelou que ela morreu por tiros à queima-roupa nas costas.


Naquela prisão foram igualmente encarcerados alguns artistas argentinos desaparecidos como o escritor Haroldo Conti, o cartoonista Hector Oesterheld e o cineasta Raymundo Gleyzer. No total, cerca de 2.500 pessoas padeceram nesse centro e a maioria continua desaparecida.

 

Os sete condenados foram o ex-general Hector Gamen e o ex-coronel Hugo Pascarelli, ambos a prisão perpétua, para além dos outros cinco militares igualmente condenados com penas entre os 18 e os 22 anos.

 

Próximo!

 

Fonte: El Pais

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