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Salvo-conduto

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Salvo-conduto

21
Ago08

Ex-escrava é nova ministra paraguaia

salvoconduto

Uma indígena sequestrada aos 4 anos "por brancos" que a venderam como escrava faz agora parte do gabinete do novo presidente Paraguaio, Fernando Lugo. Margarita Mbywangi, de 46 anos, teria sido raptada quando vivia na selva paraguaia e trabalhou para famílias de fazendeiros ricos antes de recuperar a liberdade e se transformar na primeira mulher chefe da tribo Aché. Ela contou a sua história, no Palácio de Governo, em Assunção, logo depois de ser nomeada por Lugo para o cargo de Ministra de Assuntos Indígenas.

"Os brancos raptaram-me na selva e fui vendida várias vezes a famílias de fazendeiros", revelou a ministra aos jornalistas que escutaram o seu surprendente relato.

"À medida que ia crescendo, os meus amos diziam-me que eu era indígena. Não conhecia o significado da palavra, mas lendo e relendo inteirei-me que sou filha da terra, filha da selva, uma filha da história deste país".

"Hoje não tenho rancor dos fazendeiros porque graças a eles pude aprender a ler e escrever", disse Margarita, explicando que o melhor que lhe aconteceu nesse período foi ir à escola. "É por isso que falo três idiomas: aché, guarani e espanhol".

Mbywangi contou que começou a procurar as suas origens quando tinha 20 anos. "Até que encontrei a minha gente na comunidade Chupapou", disse.

Até o fim da ditadura de Alfredo Stroessner (1954 - 1989) era relativamente comum no Paraguai a prática conhecida como "criadajo", na qual mães pobres entregavam seus filhos para servirem ricos fazendeiros que, em troca, as educavam. Há denúncias de que tal prática ainda existe em algumas regiões do país.

As organizações feministas lutam contra a figura de "criadajo", porque no caso das raparigas, geralmente acabam em gravidez precoce.

Mãe de três filhos, não está casada por qualquer igreja ou registo civil, mas disse estar casada de acordo com os costumes da sua etnia.

Esta é a primeira vez que um membro da comunidade indígena é indicado para cuidar das questões destes povos no Paraguai.

"Lutarei, na minha posição de ministra, para conservar os bosques naturais. Para o indígena, a selva é a sua mãe, a sua vida, o seu presente e futuro", especificou Mbywangi.

Merece bem o presente e o futuro, quer ela, quer Lugo, quer o Paraguai.

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