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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

A erva daninha cresce todos os dias

Salvo-conduto

10
Out08

O Último fuzilado pelo franquismo

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Quando viu na televisão o retrato de Humberto Baena, deu-se conta de que não era aquele que julgava ter visto no lugar onde tinham assassinado um polícia e correu para a esquadra para corrigir o seu erro. O agente recebeu a testemunha com uma sugestão: "Não dê mais voltas, senhora. Estão todos no mesmo saco. Vá para casa e esqueça", sentenciou enquanto ajeitava a pistola.

O rosto que a televisão mostrava era o de Humberto Baena, membro da FRAP (Frente Revolucionária Antifascista e Patriótica) fuzilado em 27 de Setembro de 1975, somente dois meses antes da morte de Franco e cerca ano e meio depois do 25 de Abril em Portugal.

"Ela não pensava que o fossem matar. Escreveu ao meu pai dizendo-lhe que tinha remorsos", recorda Flor Baena, irmã de Humberto. Fernando Baena tentou reabrir o caso do seu filho com aquela carta um ano depois da sua execução.
Ninguém quis recebê-lo e, segundo a família, a carta ardeu. Aquele foi o primeiro tiro da justiça. Desde então, a família luta por escrever na história de Humberto Baena a palavra assassinado onde agora está escrito assassino.

Com essa petição dirigem-se à Comissão dos Direitos Humanos da ONU. É o seu último recurso.

"No Tribunal Constitucional disseram-nos que não podiam anular o juizo porque, quando ocorreu, a Constituição não existia e não se a podia aplicar com efeito retroactivo. O Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo, indigna-se. Em 1977 Espanha não tinha ainda subscrito a Carta dos Direitos Humanos".

Perante o  conselho de guerra, os advogados não puderam apresentar provas nem testemunhos, incluindo os que poderiam ter demonstrado que Humberto Baena estava em Portugal no dia em que assassinaram o polícia. Daquele juizo sumaríssimo sairam 5 condenações à morte, entre elas a de Humberto Baena. O tribunal militar, não respeitou nem a própria legalidade franquista, queriam mortos, rapidamente e a qualquer preço, que sirviriam para dar uma lição ao movimento popular antifascista em ascensão naqueles momentos.

As execuções emocionaram a opinião pública mundial de então. Em Paris, realizou-se uma grande manifestação onde se ouvia: "Franco assassino! Franco assassino!" Em roma milhares de manifestantes gritavam, Espanha livre! Espanha livre! Em Bruxelas atacaram a embaixada espanhola. Na Inglaterra o partido trabalhista anunciou uma resolução de total condenação. Em Amesterdão o governo holandês declarou o dia de "demonstração nacional" e os ministros juntaram-se às marchas de protesto.

Dois dias depois, o presidente mexicano, Luis Echevarria, pediu ao Secretário Geral das Nações Unidas que suspendesse a Espanha como membro da ONU. A partir daí o esquecimento...

Muitos dos documentos da família sobre o caso perderam-se num incêndio. Mas sobreviveu uma cópia da última carta de Humberto Baena: "Pai, mãe, executar-me-ão amanhã de manhã. Pedirei para que não me tapem os olhos, para ver a morte de frente. Que a minha morte seja a última ditada por um tribunal militar. Quero dar-lhes ânimo. Pensem que eu morro, mas que a vida continua".

A vida continuou, mas a justiça tarda.

 

Fontes: El País, Time.

09
Out08

Menores escravos a 16 euros

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Joaquin Lopez calçou no ano passado umas sandálias, uma blusa estampada e uma dose de moral para subir para um autocarro com três crianças recém-compradas. Três menores a 50 euros, pouco mais de 16,50 cada vida, cada infância.

Vão desde o Benim até às plantações de cacau da Costa do Marfim. Lopez, repórter da Televisão Espanhola, viajava naquele autocarro para documentar o tráfico de menores no Golfo da Guiné. Os rapazes, de 10, 12 e 16 anos, acabaram de ser comprados ao seus pais por um traficante de crianças e no final da viajem seriam revendidos aos capatazes da plantação. O seu destino não parecia meter-lhes medo. Mostravam resignação perante uma miséria que é a única coisa que viram na sua vida. A poligamia está na raíz do problema.

Agora este jornalista escreveu um livro baseado naquela viagem: "As fronteiras cruzam-se de noite".

O núcleo do tráfico desenvolve-se no Benim. É um foco de exploração infantil. É um negócio entre beninenses e para beninenses. Uma prática tão instaurada na zona que muitas da crianças, quando voltam, fazem-no convertidos em traficantes. Conhecem como funciona o fenómeno na Costa do Marfim e aos capatazes. Têm os seus contactos utilizam-os para vender-lhes novas crianças.

Mas a Costa do Marfim não é o único destino. Poderia dizer-se que as crianças que vão para o oeste do Benin são mais afortunadas que as que são deslocadas para o este do país. "O areais da Nigeria são lugares de trabalho duríssimo". Ali pratica-se uma escravatura infantil selvagem, com castigos físicos.

O perfil do traficante é uma pessoa da aldeia e quem a família conhece. O que realmente fazem é pôr a criança nas mãos do traficante e ele responsabiliza-se pela criança de alguma maneira. Assim, supostamente não pode levar a criança para a Costa do Marfim ou para a Nigéria e obrigá-lo a mendigar ou castigá-lo com golpes. Como o traficante volta constantemente ao povoado por mais crianças, os pais "controlam-o", perguntam-lhe como está o seu filho e se voltará com dinheiro. Até na desgraça há uns menos desgraçados do que outros.

Enquanto isto, só temos de nos preocupar se a cotação das nossas acções baixou ou subiu.

 

Fonte: Elmundo

08
Out08

A família Rodriguez e o cardeal

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Jesús Rodríguez, de 65 anos, passou toda a vida à procura dos corpos do seus quatro tios, Francisco, de 38 anos, Nicolás, de 35, Mariano, de 27, e José, de 18, fuzilados em 14 de agosto de 1936 em La Serna (Madrid), e agora que por fim os encontrou, não quer esperar nem um minuto mais para recuperar os seus corpos e enterrá-los com o resto da família, não contava no entanto com a "resistência" de um bispo.

Por isso, depois de 20 dias de silêncio do arcebispado de Madrid (à frente da qual está o cardeal Rouco), proprietário do terreno onde se encontra a fossa onde jazem os seus familiares, recorreu à justiça para solicitar ao juiz da Audiência Nacional, Baltasar Garzón, que se dirija à "preguiçosa" entidade para que autorize a exumação.

O geo-radar, uma máquina que a Guarda Civil utiliza para localizar corpos, arsenais de armas ou fardos de droga debaixo da terra, detectou, no passado dia 9 de Setembro, que no lugar a que conduzia a informação recolhida anos antes por uma investigação, a terra tinha sido removida para enterrar corpos, quase com toda a segurança, os dos quatro tios de Jesús Gutiérrez e outros quatro vizinhos, dois deles parentes dos quatro irmãos. Os seus apelidos: Lamela, García e Vega.

Jesús escreveu rapidamente ao alcaide e ao padre da aldeia. Marisa Hoyos, da Associação para a Recuperação da Memória Histórica, que deu o empurrão definitivo à investigação de Jesús, telefonou ao arcebispado. Como a resposta teimou em não aparecer, decidiram recorrer ao juiz.

"Estavam todos em casa dos meus avós porque lhes tinham pedido ajuda para a colheita no campo. Os falangistas foram buscá-los de noite, enquanto dormiam. Às três irmãs deixaram-as tranquilas. O meu pai livrou-se porque como era o único que estava casado ficou em Madrid a cuidar da mulher e dos filhos", explica Jesús Gutiérrez.

Naquela noite de 14 de Agosto, Maria perdeu quatro dos seus cinco filhos varões. "A minha avó ficou cega pouco depois de pura tristeza", afirma Gutiérrez.

O seu pai só soube do ocorrido muito tempo depois. Não lhe disseram nada e foi combater para a frente.

"Apanharam-o e enviaram-o para um campo de concentração. Quando regressou a casa contaram-lhe que era o único dos irmãos que estava vivo. Ficou destroçado, triste", recorda Gutiérrez.

Jesús não conheceu os quatro tios que procura na fossa de La Serna. Mas herdou a amargura de uma família que perdeu quatro dos seus membros num só día. "Sou o último que resta. É minha obrigação procurá-los e tentar enterrá-los dignamente, todos juntos, com o resto da família", assegura.

Nos seus anos de busca, Jesús Gutiérrez tropeçou muitas vezes com esse medo que impede, 70 anos depois, de falar com os sobreviventes, mas também com confissões emocionadas, como a de um homem que localizou  numa residência e que podia ter sido o nono corpo dessa fossa em jazem hoje os seus tios. "Escapou graças a um tenente que o levou a um caminho e lhe disse: 'Corre e não voltes até que termine a guerra!".

Não acredita que o arcebispado continue a negar-lhe a possibilidade de abrir a terra onde foram enterrados há 72 anos para enterrá-los num cemitério com os seus. "Não lhes resta outro remédio que deixar-nos fazê-lo, porque as coisas já não são como eram. Abriu-se uma via legal para localizar as vítimas, há uma pressão das famílias que não havia antes. Porque esta gente existiu e tinha uma família. Roubaram-lhes a vida na melhor parte. A quatro jornaleiros humildes!", indigna-se Jesús. "O único que pertencia uma associação de esquerda, o sindicato UGT, era o mais velho. Ninguém tinha feito nada de mau. Não merecem estar onde estão".

Nem nós merecemos uma igreja como o arcebispado de Madrid.

 

Fonte: Elmundo

07
Out08

O Peru continua doente

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Em muitos dos hospitais públicos do Peru, ante a falta de instrumentos médicos, os cirurgiões vêm-se obrigados a operar com berbequins, alicates e martelos.

O ministro da Saúde justifica-se. "Queremos equipamento projectado para as operações, mas isto só diz bem dos médicos peruanos porque as inventam", declarou Hernán Garrido Lecca, que para além de ministro é economista e, curiosamente, argumentista de filmes de desenhos animados.

Depois de lembrar um médico da região andina de Andahuaylas conhecido como 'Doutor Berbequim', felicitou os médicos peruanos por adaptarem estes utensílios à medicina. Essa foi a primeira da muitas vezes que meteu a pata na poça, graças às quais ganhou a alcunha de 'Doctor Doolittle', em referência ao filme de Eddy Murphy, e uma greve médica por tempo indeterminado que há três semanas afecta 80% dos cidadãos que carecem de apoio sanitário.

O Peru padece de uma triste realidade. O país com mais crescimento da América Latina, com uma taxa de 8,8%, é um dos que menos investe em saúde (somente 4% do seu Produto Interno Bruto).

Face à greve, o Governo tentou articular uma campanha de desprestígio. Tudo começou com as madrugadas do ministro da saúde. Aparecia com as câmaras de televisão às cinco da manhã em hospitais do Estado para apanhar 'em flagrante' médicos a dormir durante os seus turnos. O pior foi que o único médico que conseguiu apanhar, com cuja imagem a cidade de Lima tomou o pequeno com as informações da manhã, durante essa noite tinha feito quatro cesarianas e estava a descansar uma horita antes de retomar o trabalho.

Depois desta "façanha", a Federação Médica declarou-lhe guerra. Não tardou em aparecer um áudio na Internet, no qual se reconhece claramente a voz do ministro que referindo-se a um funcionário da saúde diz: "A mim não me importa que a sua mãe ou a sua esposa tenha cancro".

Os médicos depressa colocaram em cartazes: "A Garrido Lecca não lhe importa que a tua mãe ou a tua mulher tenham cancro... Aos médicos peruanos, sim".

Enquanto o Governo e a Federação Médica continuam em reuniões de negociação, os peruanos continuam a resignar-se de cada vez que vão ao hospital.

Para além dos médicos a operar com berbequins, é difícil de imaginar um hospital infantil que carece de lixívia e detergente para desinfectar o laboratório, ou no qual por falta de camas as crianças durmam em cadeiras de rodas.

Ou um hospital de emergências sem tomógrafo e com o raios X avariado. Ou 19 crianças contagiadas de hepatite B porque no único hospital infantil do país, o Instituto Nacional de Saúde da criança, reutilizaram as agulhas dos sacos de soro por falta de orçamento.

Tudo isto e muito mais é o dia-a-dia dos peruanos que não têm seguro de saúde. Também as condições de trabalho fizeram que tenham aderido à greve a maioria dos 20.000 médicos dos 7.000 centros de saúde do país.

Enquanto uma parte da América Latina aposta no futuro, outra, teimosamente, mantém-se arreigada no passado...

06
Out08

Este não é da America Latina, é um "genuíno" democrata

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O prefeito de Nova York não quer largar a poltrona. O "regedor", o milionário Michael Bloomberg, anunciou numa conferência de imprensa que vai tentar mudar a lei para se apresentar de novo às eleições municipais de 2009.

Bloomberg quer um terceiro mandato porque, diz, a crise financeira necessita de um líder com a sua "sagacidade para os negócios".

Os eleitores impuseram um limite de dois mandatos de quatro anos para os cargos públicos municipais. No entanto, Bloomberg, amado em Wall Street, pedirá à Assembleia Municipal que amplie os limites para um terceiro mandato.

A decisão de Bloomberg, revela também a sua ideia de se vir a candidatar ao cargo de presidente. O antigo democrata, que se converteu ao 'republicanismo' para aspirar à prefeitura e depois de fez independente, anunciou em Fevereiro que não aspira à Casa Branca. No entanto farta-se de deixar pistas em sentido contrário.

Bloomberg disse agora que a sua "experiência" em Wall Street seria de valor incalculável num momento em que a crise financeira está a ameaçar a economia dos Estados Unidos.

A ideia de ampliar os mandatos já suscitou controvérsia. Alguns funcionários apelidam-a de insulto e escândalo, pois dizem que só aos votantes cabe modificar os limites legais dos cargos políticos.

Bloomberg disse que apoia um referendo público para establecer os limites do mandato, MAS que era demasiado tarde para pô-lo no boletim de voto de 4 de Novembro, aonde para além de eleger o presidente, os norteamericanos renovam parte das câmaras do Capitólio e decidem sobre todo o tipo de assuntos locais, e que era pouco prático levar a cabo umas eleições especiais antes da campanha municipal do próximo ano. (isso é para países da América Latina)

A elite novaiorquina apoia-o. Antes do anúncio, uma lista de ricos e poderosos partidários do prefeito afirmava que o governante estava "extraordinariamente qualificado" para guiar a cidade nos difíceis tempos económicos que se avizinham.

Uma trintena de pessoas da elite novaiorquina, desde David Rockefeller, ao antigo Secretário de Estado Henry Kissinger e ao presidente da JPMorgan publicaram uma carta aberta instando a Assembleia Municipal a ampliar os limites  temporais do cargo.

Quase metade dos membros da Assembleia Municipal disse que apoiaria a mudança. É que se o não fizerem a maioria deles terá que deixar o cargo no próximo ano devido ao actual limite de mandatos.

A revista Forbes situa Bloomberg como o oitavo norte-americano mais rico, com uma fortuna de 20.000 milhões de dólares.

Há que fazer pela vidinha, aproveitar a crise. Bloomberg e amigos não se perdem...

04
Out08

Escândalo humano e ambiental

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Na praia de Chittagong, no sudeste do Bangladesh, as crianças desmantelam à mão as carcaças de navios impregnados de resíduos tóxicos. Sem qualquer protecção, os pés quase sempre descalços no meio de dejectos poluídos que, em grande parte, voltam para o mar.  O trabalho das crianças, interdito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), faz-se aqui nas piores condições.

Um relatório sobre estes estaleiros que destroem a infância, da Federação Internacional dos Direitos do Homem (FIDH), publicado no dia 16 de Setembro, denuncia esta situação que perdura há anos, sob o olhar conivente do governo. Escândalo humano e ambiental, Chittagong é o primeiro estaleiro no mundo no desmantelamento de navios em fim de vida. O desprezo das normas sociais e ambientais pelos empresários do sector atraem os proprietários de navios que a, 1.000 euros a tonelada, vendem aqui as carcaças por duas vezes o preço que conseguiriam, porexemplo, na China.

Os empresários que não têm que suportar nenhuma despesa com o tratamento de detritos antes de reciclar o aço e que remuneram miseravelmente os trabalhadores podem pagar desta forma mais caro pelas as carcaças.

É a negação do princípio do poluidor-pagador e das regras instituídas a nível internacional pela Convenção de Basileia, que obriga todo o proprietário de navios a assumir os custos de despoluição antes deles se desembaraçarem num país em vias de desenvolvimento.

Em Chittagong, paga-se para recuperar o aço poluído, que será de seguida escoado no mercado interno. Um terço do aço utilizado pela indústria local provém de Chittagong, que num país tão pobre, procura uma fonte de fornecimento mais barata do que no mercado mundial. O relatório estima que 20% da mão de obra de Chittagong é composta por menores de 15 anos. Na maior parte trata-se de migrantes vindos do norte do país, que deixaram as suas aldeias e que tentam assegurar o regresso ao seio da família.

Os múltiplos testemunhos recolhidos põem em evidência as doenças com que são confrontadas estes milhares de crianças pelo contacto com matérias tóxicas como o amianto, os policloretos ou os resíduos de petróleo. No interior das carcaças, são vítimas de desmaios recorrentes ligados com a inalação de gás e de fumos.

Em Chittagong, não se passa um dia sem que um trabalhador caia doente, se fira ou até morra. É ultrajante que a União Europeia, donde provém a maioria dos navios a desmantelar, condescenda com tanta facilidade nas convenções internacionais.

Os países ocidentais têm sempre cuidado em distribuir o mal pelas aldeias, o lixo  electrónico para o Ghana, os testes farmacêuticos na Índia, os restos dos navios no Bangaladesh e aí por diante...

03
Out08

É fartar vilanagem!

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É um autêntico regabofe! Enquanto os políticos trabalhavam nos detalhes do plano de 700 mil milhões de dólares para salvar o negócio financeiro, Wall Street começou a procurar as formas de se aproveitar! As empresas financeiras conspiram para incluir todas as formas de investimento problemáticos, não só as relacionadas com as hipotecas. Ao mesmo tempo, as empresas financeiras também manobram astutamente para arrolar todos os valores da contabilidade das instituições financeiras em que o Tesouro planeia intervir, lista que poderia dar-lhes centenas de milhões ao ano em honorários. Ninguém quer ser deixado de fora da proposta do Tesouro para adquirir valores das instituições financeiras!

É incrível. Wall Street e seus defensores criaram este desastre e agora querem limpá-lo como delinquentes. Até Rudy Giuliani, o republicano que foi duas vezes prefeito de Nova York faz lobby para que sua empresa seja contratada para realizar ''consultorias'' sobre o resgate financeiro.

02
Out08

Recessão económica na Irlanda põe em causa o Tratado de Lisboa

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A crise económica poderá acabar também por enterrar o Tratado de Lisboa. O declive económico em que a Irlanda está a entrar desaconselha a convocatória de um novo referendo a curto prazo. O primeiro ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, já pôs o dedo na ferida ao advertir: "Dada a crise económica com que nos enfrentamos e que os governos são cada vez mais impopulares na Europa, organizar um referendo seria muito perigoso".

A Irlanda está a enfrentar a sua primeira recessão depois de ter registado o mais alto crescimento da União Europeia durante os últimos 25 anos. Mas desde há um ano o sector da construção sofre as maiores quedas da U.E.
Durante os três primeiros meses de 2008, a queda superou os 10%. O desemprego, até há pouco um dos mais baixos da Europa, alcançou os 5,9%, contra os 4,6% de há um ano.

O tratado caiu em desgraça no passado dia 11 de Junho quando 53,4% dos irlandeses votou contra num referenfo muito participado. Estão pendentes as ratificações da República Checa e da Suécia. Este último país, que tinha previsto ratificá-lo en Novembro, adiou a decisão e não deve fazê-lo antes do fim do ano.

Na República Checa o processo está suspenso até que o Tribunal Constitucional decida se o texto está de acordo com a sua Constituição. O presidente, Václav Klaus, um eurocéptico, já manifestou a decisão de não assinar o novo tratado sem que a Irlanda o ratifique primeiro.

Ante as escassas possibilidades de que entre em vigor em Fevereiro, as eleições europeias do próximo mês de Junho realizar-se-ão de acordo com o vigente Tratado de Niza.

Charles Grant, director do Centro para a Reforma da Europa (CER), já considera que "a morte do Tratado de Lisboa não seria uma catástrofe". Na sua opinião, a Europa "funciona bastante bem em muitas áreas com os tratados actuais".

É caso para dizer: quem tem cú tem medo...

01
Out08

E se a cena se repete?

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A eleição presidencial dos Estados Unidos de 2000 foi um pesadelo que nenhuma pessoa na Florida nem no resto do país quer reviver. E no entanto pode muito bem voltar a acontecer no próximo dia 4 de Novembro. Uma vez mais as atenções estão concentradas no condado de Palm beach, palco do processo de contagem de boletins de voto mais incapaz da democracia moderna.

O episódio mais recente aconteceu durante as eleições locais, em 26 de Agosto último. O escrutínio decidiria a vitória de William Abramson ou Richard Wennet. De início acreditou-se na vitória de Abramson pela margem mínima de 17 votos, mas uma recontagem durante o fim de semana indicou uma vantagem de 60 votos a favor de Wennet. O que explica esta situção? Um "pequeno pormenor": 3.478 boletins de voto desapareceram entre o escrutínio e a recontagem!

Como é que foi possível? Esta dolorosa questão tornou-se já hábito na vida política do condado de Palm Beach. Nas primárias presidenciais de 29 de Janeiro de 2008 aconteceu algo do género. Apesar de uma afluência normal às mesas de voto, as autoridades do condado de Palm Beach foram as últimas a terminar a contagem de votos, muito depois de inúmeros eleitores, desencorajados, se terem ido deitar...

Falta apenas um mês e três dias para a eleição presidencial americana. Se a distância entre Obama e Mccain se mativer apertada como hoje, A Florida poderá, de novo, jogar um papel decisivo na escolha do próximo presidente.
Depois de quase oito anos, a Florida está deprimida por um sentimento de culpa ligada ao facto dos acontecimentos lamentáveis da eleição presidencial do ano 2000, que modificaram o curso da História. A guerra do Iraque até ao momento custou cerca de 300 mil milhões de dólares, causou a morte de mais de 4.100 soldados dos Estados-Unidos e
cerca de um milhão iraquianos.

Mesmo sendo impossível de saber o que nos reservava uma presidência de Al Gore, é pouco provável que este reagisse aos atentados de 11 de Setembro de 2001 invadindo um país que não tinha a menor ligação com os terroristas que os perpretaram. É por isso que um manto de culpabilidade envolve a Florida. O que ali se passou em 2000 permitiu a George Bush aceder à Casa Branca, e tudo começou no condado de Palm Beach.

Somente 12% dos eleitores do condado foram às urnas em 26 de Agosto último. Espera-se uma participação mais importante para a eleição presidencial, o que multiplica no entanto as possibilidades de novo fiasco. Os cidadãos da Florida devem rezar para que, em 4 de Novembro próximo, os resultados sejam suficientes a nível nacional, de forma a que o que acontecer no condado de Palm Beach não possa ter importância nas contas finais...Que reze que é crente...

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