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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

A erva daninha cresce todos os dias

Salvo-conduto

31
Dez08

Boas entradas?

salvoconduto

 

 

Eu sei que é de bom tom ou politicamente correcto neste final de ano dizer que tudo está bem, que desejamos um novo ano melhor do que o anterior e até vamos beber uma taça de champanhe em favor de um e de outro.

Já sei que neste ponto já estará por aí alguém a chamar-me de hipócrita, desconfiando que também eu beberei a tal taça de champanhe.

Provavelmente sim, pela simples e única razão de estar vivo, coisa que muitas famílias desejariam para os seus familiares cujas vidas foram incompreensívelmente ceifadas neste fim de ano, num e noutro lado da Faixa de Gaza.

Sei que haverá por aqui alguém que dirá, vá lá vizinho, deixa-te disso, que a quadra é de alegria, deixa para trás essa agonia que 2009 está logo, logo aí!

Recuso-me a entrar nessa acalmia, recuso-me a entrar nesse mar morto, prefiro as águas revoltas. Prefiro ter por "companhia" aqueles que a bordo de um barco, de seu nome "Dignidade", tentavam aportar a Gaza com ajuda humanitária de medicamentos mas que foram atacados, em águas internacionais, pela armada israelita.

Também sei que haverá quem agora se esteja a deliciar com esta tormenta, imaginando-se num qualquer jogo de batalha naval a meterem um "barco ao fundo" e a beber mais logo uma taça de champanhe com os carniceiros do médio-oriente.

Pois é, 2009 está logo, logo aí...

30
Dez08

Boas Festas

salvoconduto

 

 

Cinco irmãs palestinianas entre 1 e 17 anos morreram ontem debaixo de um dos bombardeamentos israelitas contra Gaza. As cinco crianças da família Balusha faleceram ao cair um míssil sobre a sua casa, muito perto de uma mesquita que era objectivo dos aviões israelitas, no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.

As crianças morreram enquanto a mãe tinha saído de casa com outro bebé e outras duas crianças para procurar refúgio, depois do qual tinha intenção voltar pelo resto das crianças que foram identificadas como Jawaher, Dina, Samar, Ikram, y Tahrir Balusha.

O governo israelita reconheceu a morte de civis como consequência dos bombardeamentos, que têm como objectivo declarado "derrubar o Hamas. A ministra israelita dos Negócios Estrangeiro, Tzipi Livni, disse que, "desafortunadamente, os civis pagam o preço" do conflito.

"Desafortunadamente" os pais ficaram vivos...

29
Dez08

A matança vinha sendo preparada há seis meses

salvoconduto

 

"Os preparativos da operação militar israelita começaram há seis meses. Hamas e Israel negociavam então uma trégua sob os auspícios do Egipto.

Nesses seis meses Israel obteve a localização dos depósitos de armamento do Hamas, a localização dos campos de treino e o alojamento dos principais responsáveis do Hamas. Uma vez na posse desses dados tornou-se então para Israel irreversível a decisão de atacar mortífera e definitivamente o movimento que tem sido um espinho cravado na sua fronteira." Ler aqui

Não foi para mim surpresa que após o ataque sanguinário de Israel, a imprensa ocidental se apressasse a gritar que o ataque era uma resposta ao lançamento de rockets por parte dos palestinianos, e tentasse camuflar a verdade: a intenção do governo israelita de aniquilar o Hamas, assunto que já abordei aqui e no post anterior. Lentamente a verdade vem ao de cima e afinal era em plena época em que se negociava o cessar-fogo que cinicamente se iniciava a preparação deste ataque.

"Como é seu timbre, Israel preparou muito bem este ataque fulminante à Faixa de Gaza e ao movimento islamita, Hamas. Lançou uma campanha de desinformação muito bem planeada que visava apanhar o Hamas completamente desprevenido."  Sabiam até o pormenor do dia e local realização de uma formatura de novos polícias, sobre quem despejaram uma bomba.

"Essa campanha de desinformação, de engano e de segredo visou evitar que o Hamas levasse a sério a possibilidade de um ataque israelita ao território por si controlado."

A estratégia revelou-se de sucesso. O Hamas foi totalmente enganado pela estratégia de Israel e a matança, fria e calculista, consumou-se.

Depois da matança de Sábado seguiu-se outra neste Domingo e promete prosseguir perante a hipocrisia dos governos ocidentais, da ONU e do apoio incondicional dos Estados Unidos.

Bush que deu luz verde a este massacre goza assim, à sua habitual maneira, uma verdadeira "festa de despedida" da Casa Branca. Obama sempre lesto a pronunciar-se sobre tudo e mais alguma coisa guarda um pesado e comprometedor silêncio.

28
Dez08

Matança na Faixa de Gaza

salvoconduto

 

Passaram apenas quatro dias desde que aqui dei conta dos planos bélicos do governo de Israel, que em processo de eleições internas, resolve trazer para a campanha eleitoral aquilo que parece dar mais votos aos candidatos em confronto, a violência gratuita ou desproporcionada.

No ataque mais mortífero desde há várias décadas, as forças militares israelitas lançaram cerca de 40 mísseis sobre a Faixa de Gaza, causando dezenas de vítimas. O número continua a aumentar nas últimas horas e neste momento o número de mortos palestinianos eleva-se a 230, a maioria deles na cidade de Gaza, 700 feridos, muitos deles graves e ainda estão a ser resgatadas pessoas debaixo dos escombros.

A adensar ainda mais o cenário do massacre é preciso ter-se em conta que o bombardeamento produz-se no momento em que as autoridades egípcias se encontravam num processo de mediação para restabelecer a trégua que tinha sido fixada em 19 de Junho passado e que se tinha prolongado por seis meses.

Cerca de 1,5 milhões de pessoas vivem em Gaza, mais de metade dos quais são refugiados dos diferentes conflitos entre palestinianos e israelitas nos últimos anos. A cidade de Gaza tem uma das maiores densidades de população do mundo, assim como uma importante taxa de crescimento demográfico.

O ataque tem, como já aqui ficou claro, como principal objectivo acabar com o governo do Hamas em Gaza que, recorde-se, ganhou o poder em eleições livres.

Assistimos a um espectáculo que foi cuidadosamente planeado, assim o demonstram as palavras proferidas por Tzipi Livni, ministra dos negócios estrangeiros, transcritas neste blogue há quatro dias. O que podemos esperar é que as vítimas serão muitas. Estamos perante uma catástrofe humanitária de dimensões incalculáveis.

Os políticos israelitas têm competido para ver quem lançava ameaças mais duras, ávidos de ganhar o apoio de um eleitorado que nos últimos dias se inclinaram em favor dos partidos da ultra-direita.

Esta escalada verbal terminou com o maior bombardeamento dos últimos anos. E lançou uma clara mensagem ao novo inquilino da Casa Branca, Barak Obama. Uma mensagem de factos consumados procedente de um país que durante a campanha eleitoral norte-americana disse preferir o candidato republicano e que teme que Obama mostre uma maior compreensão pelos palestinianos que os seus predecessores.

O presidente palestiniano, Mahmud Abbas, condenou os ataques e pediu a intervenção internacional para deter estes ataques. Sabendo-se como se sabe que Israel contará com o apoio e o poder de veto dos Estados Unidos na ONU, seguem-se, como é habitual, as tímidas condenações. O chefe da política externa da União Europeia, Javier Solana, "exigiu" um cessar fogo, o presidente em exercício da União Europeia, Nicolas Sarkozy idem. O primeiro-ministro britânico Gordon Brown expressou "profunda preocupação" pelos últimos desenvolvimentos do conflito e apelou ao fim da violência. O secretário geral das Nações Unidas, Ban-Ki Moon, mostrou-se alarmado pelo derramamento de sangue ocorrido e "sugeriu" um imediato cessar fogo para evitar a continuação da violência.

Enquanto isto, preparamo-nos para "festejar" a passagem de um ano em que a violência extrema esteve sempre presente. E pela forma como acaba podemos ter a certeza de que para o ano haverá mais...

27
Dez08

O que passou despercebido

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Os Estados Unidos prometeram à Geórgia uma ajuda de mil milhões de dólares para contribuir para a recuperação do país depois da guerra em Agosto com a Rússia. Apesar de algumas cidades georgianas terem sido devastadas, 176 milhões de dólares do auxílio foram empregues em empréstimos a empresas, dos quais 30 milhões foram investidos na construção de um hotel de luxo, o Park Hyatt, no centro de Tbilisi, uma zona que não sofreu a mínima beliscadura durante o conflito.

É caso para dizer que Saakashivili , o louco do Cáucaso, que estudou nos Estados Unidos, antes de se tornar presidente da Geórgia, aprendeu a lição toda! Aprendem todos pela mesma cartilha...

24
Dez08

Uma boa notícia, pelo Natal

salvoconduto

Acabaram-se os dias em que milhares de indígenas e camponeses bolivianos não podiam defender adequadamente os seus direitos, por não saberem ler nem escrever. Acabaram-se os tempos em que cada vez que para votar, ou dar o visto a um documento, o faziam através da impressão digital, porque não eram capazes de assinar. A Bolívia viveu na madrugada de domingo um dia histórico: o país foi declarado "território livre de analfabetismo" e converteu-se na terceira nação latino-americana que se proclama livre de analfabetos, depois de Cuba, em 1961, e da Venezuela, em 2005.

FOI RATIFICADO PELA UNESCO: num tempo recorde de três anos, os mesmos que Morales cumpre no poder, a Bolívia passou de um país com um elevado grau de analfabetismo a contar neste momento com menos de 4% de analfabetos. Este é o número que a Unesco estabelece para declarar alfabetizada qualquer nação.

Era o grande sonho de Evo Morales. "Quero ser presidente para acabar com o analfabetismo na Bolívia", disse-o a um jornalista, quando ainda era candidato a presidente.

A mãe de Evo foi analfabeta. O seu pai, semi-analfabeto, e vários dos seus familiares não sabiam ler nem escrever quando chegou ao poder. No mesmo dia da sua investidura, Morales anunciou que tinha acordado com Fidel Castro e Hugo Chavez o envio de centenas de voluntários, que deveriam cooperar com a Bolívia na luta contra o analfabetismo.

Tanto Cuba como Venezuela doaram as equipas necessárias para a formação, e o programa educativo se desenvolveu com financiamento conjunto venezolano-boliviano.

Em só dois anos e nove meses, 824.000 bolivianos, na sua maioria mulheres indígenas quechuas, aymaras e guaraníes, aprenderam a ler e a escrever com o método audiovisual cubano 'Eu sim posso', o mesmo método que Fidel Castro implementou anos antes na Venezuela. O programa 'Eu sim posso' recebeu duas menções honrosas por parte da  Unesco.

Os enviados de Castro e Chávez orientaram quase 50.000 educadores bolivianos. Cuba forneceu 30.000 televisores e vídeos para pôr em marcha o programa educativo. Muitas das comunidades indígenas nem sequer contavam com electricidade, e por isso a Venezuela instalou 8.350 painéis solares, para que os bolivianos pudessem seguir as aulas. Em alguns casos, os materiais educativos foram transportados por mulas, para comunidades indígenas muito isoladas. Mas apresentou-se outro problema: muitos dos alunos eram anciãos que não conseguiam ler o ecrã. Cuba voltou a socorrer, com 212.000 pares de óculos.

"Vivemos momentos maravilhosos", assim se exprimiam uma das voluntárias cubanas. Nunca me vou esquecer da emoção de uma anciã de 80 anos, que chorava e se abraçava a mim quando conseguiu escrever o seu nome".

Há histórias comovedoras, como a de outra anciã, de 92 anos, que chegava à escola depois de caminhar uma hora desde a sua aldeia, apoiada num cajado, e nunca faltou a uma aula, conta outra voluntária.

"Nunca mais nos vão enganar, nem aproveitar-se de nós", dizia Juliana Quispe, uma camponesa aymara de 56 anos, que até há pouco tempo dependia do filho de 7 anos. "Sem o meu filhito, que lia os papeis por mim, eu não podia ir a nenhum lado, eu envergonhava-me muito".

A este tipo de situações se referiu Evo Morales. "Jamais me vou esquecer, quando eu era dirigente sindical, de um companheiro que chegava às reuniões das federações com o filho de 10 anos, o menino tomava apontamentos e depois lia-os ao pai, ponto por ponto, o que tínhamos acordado. Nunca mais os nossos companheiros vão passar por este tipo de sofrimento".

À celebração estiveram presentes o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, José Ramon Fernandez, a ministra da Educação de Cuba, Enaelsa Velazquez, o ministro da Educação da Venezuela e representantes da Unesco e da Organização dos Estados Americanos, entre outros.

É por coisas como esta que eu não perco a esperança, mesmo quando no nosso país, em 2001, dez em cada cem portugueses eram ainda analfabetos, segundo dados do Censos 2001 apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística. Segundo o mesmo organismo, entre 1991 e 2001, em dez anos, este índice apenas melhorou um por cento. Ao que parece as prioridades são "outras".

23
Dez08

Em época de paz promessas de guerra

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"O Estado de Israel, e o governo debaixo do meu mandato, terá como objectivo estratégico derrubar o regime do Hamas em Gaza", assim proclama Livni nesta quadra natalícia perante os membros do seu partido Kadima. "O que quero dizer é que este passo terá de ser militar e económico, acrescentou.

O presidente de Israel, Simon Peres, convocou eleições antecipadas depois do fracasso de Livni para formar uma coligação parlamentar para encabeçar um novo executivo que substitua o presidido por Ehud Olmert, que se viu obrigado a demitir-se por escândalos de corrupção. Segundo as sondagens, Livni encabeça as preferências dos eleitores, seguida de perto pelo chefe do partido conservador Likud, Benjamin Netanyahu.

Netanyahu, por sua parte, também imbuído pelo espírito de natal, pediu "uma política de ataque mais activa" e acusou o actual governo, liderado pelo Kadima, de ser "demasiado passivo". Segundo o líder do Likud, derrubar o regime do Hamas é "inevitável a longo prazo".

Enquanto isto, o panorama volta a mostrar a sua pior cara. A violência voltou a golpear a Gaza depois do fim da trégua entre as milícias e Israel.

Às seis da manhã do passado 19 de Dezembro expirou o cessar fogo acordado entre o Hamas e Israel. O exército israelita voltou a bombardear a Faixa de Gaza e as mortes sucedem-se umas às outras.

São as "prendas" para a "árvore de natal" da Faixa de Gaza...

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