A opinião pública ocidental parece saciada, finalmente a guerra deu frutos, realizaram-se eleições livres e democráticas no Afeganistão, o mundo respira de alívio. À frente dos destinos daquele país um democrata genuíno, podemos dormir em paz. Finalmente podemos dizer que não foi em vão que se desencadeou a guerra.
Nem mais nem menos, tudo como previsto e segundo os cânones ocidentais para aquela região, isto é, votantes fantasma introduziram os boletins de voto nas urnas já depois de estas estarem encerradas. As urnas foram queimadas em cinco lugares distintos do país. Até menores conseguiram votar. Quem não conseguiu votar foi a generalidade das mulheres, impedidas ora pela ameaça dos talibãs ora pelos maridos, mas isso são peanuts, quando comparados com a grandeza de Hamid Karzai, o provável presidente eleito, o bom aluno. O garante das liberdades no Afeganistão.
E para que não nos reste a menor dúvida aí está o general Philippe Morillon, chefe da missão de observadores da União Europeia que já decretou que as eleições foram "bastante justas".
Os seus pares consideram as eleições "como uma vitória contra aqueles que queriam impedir os afegãos de decidir o seu próprio futuro". Assim tal e qual, preto no branco. E não se ficaram só por aqui, anteciparam-se mesmo aos Estados Unidos. Ora toma!
É claro que nesta coisas aparece sempre um chico-esperto a tentar estragar a festa, como o correspondente do jornal espanhol ABC a dizer: “Não veio quase ninguém. Alguns por medo a atentados e outros porque estão fartos e não querem saber nada das eleições. Foi um esbanjar de dinheiro, esforço e vidas humanas”. Mas tipos como este já nós conhecemos de gingeira, não merecem a mínima credibilidade, às tantas até está a soldo dos talibãs...
E vão oito anos de pura glória. Bush rejubila, Obama, pelos vistos, também. As caravanas da morte retomam amanhã o seu caminho. Cínico eu? Nã.