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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

A erva daninha cresce todos os dias

Salvo-conduto

30
Set09

Uma questão de semântica?

salvoconduto

Podem estar sossegados que não vou aqui falar da fumaça que ontem à noite pairava sobre o país. Para isso já bastou a panóplia de comentadeiros que logo a seguir invadiram os ecrãs, também eles a deitarem mais fumaça sobre o assunto. Olhem que não eram poucos, os dedos das mãos não chegam para os contar. Este "nicho de mercado" é que está a dar. Nem se admirem por eles esticarem o assunto, no fundo pegaram de estaca e olham pela vidinha.

Espantou-me foi o ar escandalizado que alguns deles foram demonstrando ao longo da noite perante o anúncio de que o sistema informático da presidência apresentava vulnerabilidades. Só se me viessem dizer que tinha falhas grosseiras de segurança é que eu ficava preocupado.

Juro que vi alguns a fazerem questão de esbugalhar os olhos e outros a revirá-los. Se vocês não viram é porque estiveram colados a um só canal ou então acharam por bem dar o tempo por melhor empregue em outras actividades.

Houve um que se interrogou o que seria agora do povo! Se o computador do presidente tinha vulnerabilidades que seria dos nossos! Que tínhamos que tirar isto a limpo, que o presidente e o primeiro-ministro tinham que garantir que os nossos émeiles estavam seguros! Oh balhamedeus! Esses dois podiam-me garantir a pezinhos juntos, jurar até pela mãezinha, mas neles é que eu não me fio!...

Em que raio de mundo vive esta gente que nos quer fazer crer que os seus computadores são fortalezas inexpugnáveis? Nem o Pentágono! Disso é prova as várias condenações a quem ali tem entrado ilegalmente e essas só são as dos casos que foram descobertos. Vulnerabilidades ainda existirão por muito tempo, quer se queira ou não porque os próprios sistemas operativos muitas das vezes já vêm com elas. Não se cuidem não!...

Não resisto perante a pérola do director do jornal i, o homem para dar maior credibilidade à sua moenga, fazendo o ar de convencido, atira: "e isto é tanto mais grave quanto a palavra vulnerabilidade é de uso militar, usada em tempo de guerra!"

Guerras à parte a que horas é que dá o próximo episódio dos Morangos com Açúcar? Novela por novela...

28
Set09

Distração, cansaço?

salvoconduto

Eventos como a noite de eleições são demasiado pesados para os pivôs das televisões. Eu desconfio mesmo que são os únicos a não saber quais são os resultados. Alguém se encarrega na régie de introduzir os dados e eles ficam-se por tentar passar aos espectadores aquilo que lhe vai na alma.

Depois de já serem conhecidos os totais nacionais, Clara de Sousa, na SIC e a milhas dos mesmos, crava os olhos em Ruben de Carvalho, e de faca afiada atira: "com estes resultados a CDU passou a ser uma força irrelevante no Parlamento". Ao mesmo tempo alguém na régie metia um rodapé onde se podia ler que a CDU tinha aumentado percentualmente e elegia mais um deputado...

26
Set09

No rescaldo

salvoconduto

Sexta-feira, último dia de campanha. Como não podia deixar de ser os nossos queridos comentadeiros. Desta feita Ricardo Costa, Mário Bettencourt Resendes, Luís Delgado e Francisco Sarsfield Cabral "moderados" por Ana Lourenço na SIC- Notícias. O Tema, o trajecto dos partidos na campanha.

Bla bla bla, patati patatá, até que, de riso alarve, mostrando os dentes com aspecto de quem já os não lavava há quinze dias, Sarsfield Cabral decretou que a CDU tinha morrido! Bettencourt Resendes com igual riso alarve jurava a pés juntos que a tinha visto no caixão e que até lhe atirara com umas pazadas de terra.

Palpitando-lhe que aqueles dois iriam por ali fora que nem cabrestos Ricardo Costa fez questão de lhes lembrar: ó meus amigos, mas nós já por mais de uma vez que lhe fizemos o enterro aqui na SIC. Foi quando saiu Álvaro Cunhal, depois quando saiu Carlos Carvalhas...

Mais ou menos por estas palavras, lá foi dizendo: olhem que o PCP, contrariamente à nossa vontade, mantém-se firme, tem forte implantação social... Subitamente o riso alarve desaparecia do rosto de Sarsfield e de Bettencourt.

Ricardo Costa aprestava-se para continuar, mas Ana Lourenço lá resolveu introduzir uma reportagem de campanha para quebrar o embaraço. Volvida a imagem e o som ao estúdio Ana Lourenço ainda esboçou: ora de que é que estávamos a falar?... De tudo menos da CDU! Fugiram do tema como o diabo da cruz.

Ó Ricardo isso não se faz! O que é que te bateu na cabeça para desatares a dizer essas coisas e encalacrares assim os amigos e ainda por cima em directo?!

Lá tive que mudar de canal, mas sempre com a impressão de que o outro marmanjo não lavava os dentes há quinze dias...Ou será do tabaco?

Ó meu caro Sarsfield, porque não põe uma placa? À noite bota no copinho e de manhã está limpinha! Mas atenção, não meta lá também o cérebro, para esse já não há remédio...

25
Set09

Colocar em agenda

salvoconduto

Li no Jornal O Público de Espanha que Isabel Allende acaba de nos presentear com mais um livro "A ilha debaixo do mar".

"Talvez seja a minha obra mais feminista, embora em todos os meus livros esteja presente a luta da mulher". Foi com estas palavras que Isabel Allende apresentou o seu último romance.

Segundo o Público, o livro conta uma história dura, a de Zarité, menina mulata de nove anos que nasce como escrava em Santo Domingo nos finais do século XVIII. Escolhida por uma das prostitutas mais belas do lugar, Zarité converte-se na criada pessoal da neurótica esposa de um jovem branco de origem francesa.

"Não procurei a história, simplesmente encontrei-a quando me documentava para outro livro, O Zorro. Tive que ir a Nova Orleães e o seu ambiente hipnotizou-me assim que investiguei sobre o passado das suas gentes e a escravatura. Daí surgiu tudo", disse a escritora.

Ainda segundo o Público, o romance tem todas as características que fizeram famosa a autora. Estruturada de tal forma que abarca 40 anos na vida da protagonista, estão presentes no livro o amor impossível feito realidade, uma base histórica e o recurso do realismo mágico, embora para Allende a parte mais importante seja a escravatura e o feminismo: "Este livro é actual. Hoje em dia há 27 milhões de escravos em todo o mundo, mais do que nunca. Situações como as actuais das crianças soldado ou das mulheres obrigadas a prostituir-se também são formas de escravatura. Não é diferente da situação que plasmo no livro, em Santo Domingo havia mais de meio milhão de pessoas nestas condições".

Ao falar da sua protagonista, Allende não oculta a sua satisfação por aquela que crê que é a sua personagem mais real. "Sinto que Zarité existe, que está comigo, ela é a última das minhas protagonistas, mulheres que nascem em situações difíceis que logram vencer mediante o esforço e graças a outras mulheres. Durante os dois anos que estive a investigar e a escrever, de tantas barbaridades que descobria, comecei a estar mal do estômago. Fizeram-me muitos exames para ver o que era e nada. Uma semana depois de terminar o livro, voltei a estar bem", recordou.

Com a Ilha Debaixo do Mar, Allende aproxima-se da vintena de livros, obras pelas quais já vendeu mais de 51 milhões de cópias em todo o mundo e é uma das autoras latino-americanas mais vendidas. Venha de lá a edição em português que é pena ainda não estar disponível. Amanhã, dia de reflexão, até era uma boa ocasião para iniciar a sua leitura.

23
Set09

Corporações

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Afinal Avelino Ferreira Torres pode ser candidato à Câmara do Marco de Canavezes. Quem assim o decidiu foi o tribunal Constitucional que deu provimento ao recurso de Avelino Ferreira Torres da decisão do Tribunal do Marco que tinha chumbado a sua candidatura.

Ora aí temos a tropa fandanga para as autárquicas, Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres, Valentim  Loureiro e Isaltino Morais. Vão todos a votos.

Quem não vai a votos é Marinho Pinto mas não deixa o protagonismo por mãos alheias. Desta vez vem a terreiro pedir a proibição do sindicalismo nos magistrados: "Não são operários da construção civil", afirma peremptório.

Pois não senhor bastonário, mas até nem era mau pegarem numa pá, por um dia que fosse, para saber o que custa a vida. Talvez assim deixássemos de ter a magistratura e a advocacia que temos e pérolas como essa.

Meu caro bastonário, até já estava a imaginá-lo como capataz ou até mestre-de-obras e até a vê-lo fundar a Ordem dos Trolhas que essa coisa de sindicalismo realmente não vai com a sua cara, é mais dado a corporações...

21
Set09

Sonho ou realidade?

salvoconduto

 

De repente aquela “coisa” dos professores, juízes, polícias, militares, funcionários públicos enfermeiros, etc., virou história do passado e há mesmo quem já me afirme que isso nunca aconteceu, que sou eu a delirar e que tomei pesadelos por realidade.

Eu sei que relmente de vez em quando tenho pesadelos, mas por causa das coisas quando acontece algo de mau belisco-me para saber se não será mais um. Garanto-vos que em relação a esses factos sempre me belisquei e sempre senti dor.

Dizem-me que não, que mesmo assim não é prova de que não estava a sonhar, que Sócrates era incapaz dessas coisas, que sou eu a querer enterrá-lo e como prova atiram-me que Soares acaba de dizer que Sócrates é fixe. Aqui abro um parêntesis e digo: "alto e pára o baile!". Sócrates é fixe? Assim sem mais nem menos? Quando menos se espera e sem ninguém o pedir? Mas foi Soares que o disse? Olha, olha, deitou por terra e calcou e espezinhou o slogan que foi sua imagem de marca. É o que dá quando ficamos gagás... Adiante, fechar parêntesis.

Esta coisa de eu ver a televisão refastelado no sofá ou já deitado com auscultadores wireless tem os seus inconvenientes e atira-me sempre para a dúvida se estou ou não a sonhar e lá tenho que me beliscar. Depois queixo-me que estou cheio de negras!

A última, pela qual estou aqui farto de me beliscar é que ouvi ou julgo ter ouvido que os bancos pagaram 9,6% de taxa efectiva de IRC relativo a 2008! Terei também sonhado que as tais piquenas e médias empresas pagaram 24%? E quanto pagou cada um de nós de IRS? Já enterrei as unhas no braço e dói que se farta. Sócrates é fixe? Pelo andar que leva a carruagem e pela maneira como o estão a limpar...

E a rematar o ramalhete cai-me esta notícia: "BPN regista perdas de 53,2 milhões de euros no primeiro semestre de 2009". Nã! se esperam que me vá beliscar outra vez tirem o cavalinho da chuva e digam ao senhor que disse que Sócrates é fixe que a Maria Barroso lembra que ele só tinha saído de casa para apanhar um pouquinho de sol, que tinha hora marcada para regressar e que devia ter levado o boné para o sol mas que se esqueceu dele em casa...

Se o virem por aí a vaguear é favor contactarem imediatamente a polícia a fim de ser recolhido. Ao seu lar, claro.

20
Set09

Assim vai a campanha II

salvoconduto

O insólito nesta semana veio de onde menos se esperava. Não é que Louçã se recusou misturar-se com as peixeiras no mercado de Alcobaça? Percorreu este de fio pavio, mas ir à zona das peixeiras isso é que não. Logo tratou de avisar o seu staff de que havia limites para tudo. Peixeiras não!

Eu até sou capaz de aceitar que o cheiro a peixe pode não é lá muito agradável, mas caramba senhor deputado, com uma campanha destas e o meu caro não anda prevenido com uns toalhetes para as mãos?! E em alternativa sempre havia os beijinhos como aqueles que profusamente distribuiu na zona das vedurdas, claro que bem sei que primeiro se terá concerteza acautelado e mandado verificar que lá não havia milho trangénico...

E agora? Calculo que por ali serão menos uns votos. É que quando as simpáticas peixeiras souberam do caso, logo se ouviu alto e bom som: %!?x%  #"x?#*! e ainda: Ó pra ele a armar ao fino!

Confesso que fiquei admirado, então não é Louçã um "genuíno" representante do povo? Oh balhamedeu senhor deputado, se aquilo não é povo onde é que está o povo?

19
Set09

Bater no fundo

salvoconduto

No meio desta estória mal contada pelo DN e pelo Público sobre as alegadas escutas à Presidência da República quem uma vez mais sai mal é o jornalismo português, a sua credibilidade bateu no fundo.

Os pseudo jornalistas, alinhados de um e outro lado da barricada, servindo as estratégias de um e outro partido, não só nos atiram com a areia para os olhos como atrás arremessam a própria camioneta.

Numa altura em que deviam primar pela isenção, deixando o povo escolher livremente os seus representantes, fazem-nos chegar a voz do "dono" no meio de pontapés e caneladas. Vale tudo até arrancar olhos.

Afivelam um ar sério e nas televisões ou editoriais, consoante o lado da barricada, afirmam que este ou aquele senhor está a fazer jogo sujo.

Mandam às urtigas a deontologia, cravam facas nas costas uns dos outros e espezinham as próprias fontes. Armadilham notícias, tudo vale na defesa do supremo interesse, o Partido.

Parte da minha formação também passou por jornais, pela leitura de grandes cronistas cuja esmagadora maioria já não está entre nós, por isso cerro os punhos de raiva e tenho pena que os jornalistas não vão a votos...

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