Não é só por cá que as eleições presidenciais merecem a minha atenção, também o Peru está a três meses de eleger um novo presidente, só que desta vez as coisas podem ser diferentes.
Acaba de se formar uma vasta coligação que envolve o Partido Nacionalista Peruano, o Partido Comunista Peruano, o Partido Socialista, o Partido Socialista Revolucionário, o Movimento Político Voz Socialista, o Movimento Político Lima Para Todos, dirigentes populares de diversas organizações sociais, assim como mulheres e homens independentes e várias organizações do movimento indígena.
Reúnem-se sob a sigla "Gana Peru" em torno do candidato Ollanta Humala, o mesmo que há cinco anos ganhou a primeira volta das eleições, acabando por perder a segunda por 600.000 votos alcançando 47%. Curiosamente veio a saber-se mais tarde que tinham sido "anulados" 1.200.000 votos. Se a isso juntarmos a gravação de uma chamada telefónica em que Alan Garcia, o actual presidente, afirmava que "tudo" faria para evitar a eleição de Ollanta Humala...
Humala é membro do Partido Nacionalista Peruano e militar na reserva, por diversas vezes se mostrou contrário ao sistema neoliberal e apela ao fortalecimento da integração da América Latina através de uma nova Constituição que garanta a democracia participativa, o acesso gratuito e universal à saúde e à educação e a nacionalização dos recursos naturais do Peru.
Como não podia deixar de ser está a ser fustigado pela comunicação social que está nas mãos de quem a gente sabe...
Alan Garcia também faz a sua parte, advoga a entrada de tropas dos Estados Unidos no país "como forma de combater o narcotráfico" e a criação de um “Eixo do Pacífico” que inclua o Chile, Peru e Colômbia, para neutralizar "as posições mais esquerdistas do eixo do Atlântico".
Sobre o Peru e Alan Garcia já aqui escrevi muita coisa, talvez por isso será com naturalidade que espero ver Vargas Llosa tal como em 2005 atirar-se para cima de Ollanta Humala e acusá-lo de estar ao serviço de Hugo Chavez, vai uma aposta?
Já agora, na corrida presidencial estará Keiko Fujimori, a filha de Alberto Fujimori, que já prometeu que se for eleita indultará o paizinho que se encontra na prisão por corrupção, enriquecimento ilícito, evasão fiscal e genocídio.
Igualmente na corrida Alejandro Toledo que foi presidente entre 2001 e 2006 que apesar de não ter deixado saudades lidera as sondagens, Pedro Pablo Kuczynski ex-ministro de Toledo e Mercedes Aráoz a candidata apoiada por Alan Garcia.
Inevitavelmente voltarei ao tema.