War Games
Aí está de novo o festim. Da última vez liderados por George Bush desta feita por um Nobel da Paz. Exultam as indústrias do armamento, salivam a cada ataque os pequenos tiranetes, grudados à pantalha da televisão, esquecendo por momentos a playstation ou a telenovela do canal da concorrência, manda-se às urtigas a legislação internacional sobre os conflitos armados. Até Sarkozy, depois de vir a lume o financiamento da sua campanha por Kadhafi, procura recuperar o protagonismo perdido para Blair aquando da invasão do Iraque e do Afeganistão.
E é nestas alturas que eu "compreendo" por que alguns países não abrem mão de ter ou vir a ter armamento nuclear, o único argumento capaz de dissuadir “esta gente” e de lhes garantir minimamente a soberania e recursos naturais.
O festim da invasão da Líbia, embora catapultado a acontecimento principal, não consegue escamotear que outros há, embora não mereçam mais do que uma nota de rodapé. No Bahrein mata-se por dá cá aquela palha mas tudo bem, o tiranete é cá dos nossos e até lhe damos uma ajuda enviando para lá tropas para ajudar a dizimar mais depressa quem ouse manifestar-se na praça da Pérola, cujo monumento foi destruído, por via das coisas, não fosse também ele virar símbolo de liberdade.
No Iémen aspas, idem. A metralha deixa por terra 50 mortos e 200 feridos através de disparos de polícias entrincheirados nos telhados das casas circundantes aos milhares de manifestantes que exigem a saída de Saleh que já leva 32 anos no poder. Também este é cá dos "nossos", no passa nada.
Assisto numa tv perto de mim um general a dissertar sobre a invasão da Líbia, enquanto hipocritamente o jornalista a seu lado esquece o Bahrein e o Iémen, mas enfatiza que as bombas que caem sobre a Líbia são “bombas legais”...
Não faltará muito para a contagem dos danos colaterais, não faltará muito para que provavelmente os próprios rebeldes que pediram os bombardeamentos se arrependam de ter os pedido e que não se pare uma matança com uma matança maior. Que o digam os habitantes do Kosovo, do Iraque e do Afeganistão que desde então só conheceram violência, pobreza e instabilidade.
Uma vez mais nos quecemos que os povos não se libertam com bombardeamentos nem a democracia se impõe pelas armas.
Imagens das matanças no Iémen.