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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

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Salvo-conduto

06
Mar11

Fim de viagem

salvoconduto

 

 

Em verdade pode dizer-se que a viagem iniciada em Rosário, Argentina, ao volante da "Poderosa" por Ernesto Che Guevara e Alberto Granado só ontem acabou com a morte deste último, aos 88 anos em Havana, Cuba.

 

Termina assim a viagem pela América Latina iniciada por ambos em Dezembro de 1951 numa mota baptizada por ambos de "La Poderosa", a viagem que lhes irá mudar a vida, não exactamente por pontos turísticos, mas por minas de cobre, aldeias indígenas e leprosarias, convivendo com os oprimidos, olhando a realidade de um outro ponto de vista.

 

Assaltam-me recordações dessa viagem que colhi do filme de há alguns anos atrás "Diários de Motocicleta". Vivas as imagens da sua dedicação especial aos leprosos no Peru.


Ambos jazem em território cubano que tanto lhes honrou a memória. Até sempre!

04
Mar11

Pátria ou morte

salvoconduto

 

 

 

 

Ernesto Almaguer

Passaram 51 anos, mas os cubanos não se esquecem do 4 de Março de 1960. Naquela tarde, o fumo negro cobriu o cais do porto de Havana, o cheiro a salitre contaminou-se de pólvora, o solo tingido de sangue, entre soluços, lágrimas e impotência, o povo indefeso sofria outro dos crimes dos EUA, o atentado ao navio La Coubre.


A embarcação proveniente da Europa trazia um importante carregamento de armas compradas pelo jovem governo revolucionário para fazer frente às acções inimigas da CIA e seus mercenários. Os Estados Unidos não se pouparam a esforços para impedir a todo o custo esse fornecimento de armas para logo de seguida jogar a sua última cartada. O plano foi elaborado e executado pela CIA e autorizado pelo então presidente dos EUA, D. Eisenhower.


Até à periferia da cidade chegou o som das explosões, a notícia espalhou-se com rapidez. A trinta minutos da primeira detonação, transcorridos entre gritos e lamentos, muitos dos que tentaram socorrer os feridos converteram-se em vítimas após uma segunda explosão, o custo foi de 101 mortos, entre eles seis marinheiros franceses, mais de 200 feridos e uma cifra incalculável de desaparecidos. Há corpos que nunca chegaram a ser identificados, são impressionantes as fotos...

 
39 anos mais tarde, o governo cubano abriu uma demanda em Processo Ordinário contra o governo dos EUA, exigindo a reparação dos danos e prejuízos pelos inúmeros actos terroristas cometidos desde o triunfo da Revolução. Deram-se a conhecer ao mundo documentos desclassificados de acções encobertas como a "Operação Mongosta", o "Projecto de Cuba", todas autorizadas pelo gabinete presidencial. Seria difícil determinar a quanto ascende na actualidade as perdas materiais, produto do ódio desmedido do império contra esta pequena ilha, o certo é que o incalculável sofrimento humano jamais o poderão pagar.


Quantas crianças aguardavam a chegada dos seus pais naquele dia? Quantos projectos foram cerceados? Quanto terror se gerou de imediato nesses seres? Quanto mudou a vida em apenas 30 minutos?


Os assassinos continuam sentados nas suas cadeiras parlamentares e embora se sucedam os governos, a política é a mesma, pouco importa se é o partido Republicano ou Democrata que está no poder, o objectivo é destruir a revolução cubana, a qualquer preço, nem que para o conseguir uma mãe tenha que sofrer a perda de um filho... são apenas danos colaterais.


Como um verso aprendido, repetem que apenas procuram a "verdadeira democracia". O que é a democracia então? É o direito a arrancar a vida a centenas de pessoas? É asfixiar economicamente uma nação? É elaborar leis extraterritoriais? É intervir militarmente em qualquer região do planeta por cima de tratados e convenções internacionais?


Estes políticos nunca analisaram um texto com as ideias democráticas da polis de Atenas, que influenciaram os fundadores dessa nação, Benjamin Franklin, James Madison e George Washington. Jamais aspiraram a ser seguidores de Lincoln, a quem não se poderia enganar o tempo todo. Algum dia esse povo terá que saber quanto dano o seu governo terá causado à espécie humana. Será difícil enquanto os principais meios de comunicação estejam nas mãos do imperialismo…

 

 

Foi no dia seguinte, durante a despedida aos caídos, que Fidel Castro pronunciou pela primeira vez o grito PATRIA O MUERTE!

 

 

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