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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

A erva daninha cresce todos os dias

Salvo-conduto

18
Abr11

Pior a emenda que o soneto

salvoconduto

 

 

Fernando Nobre teve direito de antena na RTP1, ao que era suposto, para poder negar o que até aqui foi dito sobre a sua candidatura e arranjar uma saída airosa para o buraco em que se meteu, ele e o agora seu amigo Passos Coelho. Os dois atiraram-se de cabeça, bateram com ela no fundo e agora, dizem, é só dores de cabeça, que há quem não ache muita piada à coisa.


Palpita-me que os esforços de Passos Coelho para lhe conseguir esta entrevista não deram grande proveito, já que Nobre, metendo os pés pelas mãos, para além de confirmar o convite para o cargo de Presidente da Assembleia da República levanta uma ponta do véu que cobre o seu futuro.


Mais coisa menos coisa, espera ser eleito, mas se teimarem em não o elegerem parece ter garantido um outro cargo importante onde poderá dar aso à sua vaidade.


Nobre tem uma especial fixação por galinhas. Depois de ter andado com uma a quem acusava de andar a roubar côdeas de pão, está agora a contar com o ovo no cu de outra. Vai lá vai, ainda teve tempo para dizer "eu sou um homem de esquerda"...

16
Abr11

La Batalla de Girón

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"Companheiros, todas as unidades devem dirigir-se até à sede de seus respectivos batalhões, tendo em vista a mobilização ordenada para manter o país em estado de alerta ante a iminência que se deduz de todos os factoss das últimas semanas e do cobarde atentado de ontem , a agressão por mercenários.

Marchemos até às Casas dos Milicianos, formemos os batalhões e dispunhamo-nos a fazer frente ao inimigo, com o Hino Nacional, com as estrofes do hino patriótico, com o grito de 'ao combate', com a convicção de que "morrer pela pátria é viver" e que "viver na cadeia é viver na desonra e ignomínia."

Fidel Castro há 50 anos

16
Abr11

Mais um

salvoconduto

 

 

No post anterior "chamava" pelo próximo a ser julgado na Argentina, não demorou muito. Ele aí está, condenado a prisão perpétua depois de em 2010 ter sido condenado a 25 anos.

 

É o último ditador do regime militar argentino, Reynaldo Benito Bignone, tenente-general e ex-presidente, condenado esta semana a prisão perpétua por crimes contra a humanidade.

 

Com ele foram igualmente condenados a prisão perpétua, os ex-militares Santiago Omar Riveros e Martin Rodriguez e o antigo subcomissário Luis Patti, enquanto que o ex-comissário Juan Fernando Meneghini foi condenado a seis anos de prisão domiciliária. Todos deverão cumprir as penas em prisões comuns.

 

Horas antes da sentença, Bignone argumentava que a justiça civil não é "competente" para julgá-lo e que seu caso deveria ter ido a um tribunal militar. Ladino, sabe-a toda.


Esta figurinha que é um dos imputados pelo desaparecimento de 30.000 pessoas e pelo roubo de 500 bebés candidamente assegura que não foram mais do que 8.000 os desaparecidos e cerca de 30 os bebés roubados...


A impunidade na Argentina já conheceu melhores dias. Próximo!

14
Abr11

Próximo!

salvoconduto

 

 

A Argentina também teve o seu "Óscar Romero". Chamava-se Enrique Angelelli, foi o bispo de La Rioja, uma das províncias de menor população e das mais pobres da Argentina. Comprometido com as reivindicações populares por uma maior justiça social, Angelelli morreu em 4 de Agosto de 1976, em plena ditadura militar, naquilo a que o regime, a imprensa e a hierarquia da Igreja Católica classificou como um choque de automóveis.


Mas a verdadeira causa veio à luz do dia, um tribunal argentino classifica-o agora como um assassinato e quinta-feira passada ordenou a prisão do ex-ditador Jorge Videla a quem considera responsável por este crime, que como já dei conta várias vezes neste blogue se encontra na prisão por outras condenações de violação dos direitos humanos.


Angelelli que era filho de imigrantes italianos, nasceu em Córdoba em 1923. Aos 15 anos entrou no seminário, aos 22 anos continuou os estudos em Roma e foi ordenado sacerdote aos 26. Voltou para Córdoba e começou a visitar as favelas e a dar apoio aos jovens trabalhadores e universitários. Em 1960 foi consagrado bispo auxiliar de Córdoba. Porém a sua "pregação" não caiu bem nos sectores conservadores da Igreja de Córdoba e o Papa Paulo VI desterrou-o em 1968 para a diocese de La Rioja.

 

Quando ali chegou, disse que queria converter-se no "amigo de todos, católicos e não católicos, dos que acreditam e daqueles que não acreditam."


Muitos o queriam: durante o regime militar que imperou de 1966 a 1973, incentivou a organização sindical dos trabalhadores rurais, mineiros e a criação de cooperativas para a produção de têxteis, tijolos, pão e agricultura.


Muitos o odiavam: militares, latifundiários e outros católicos o rejeitaram por "infiltrado comunista". Inclusive em 1972, foi apedrejado por uma multidão liderada por um latifundiário, irmão de Carlos Menem, que em 1989 chegaria à presidência da Argentina e em 1990 indultaria os cabecilhas da última ditadura deste país.


Em Fevereiro de 1976, Angelelli escreveu uma carta a advertir os seus pares da Argentina. "Não deixemos que os generais do exército usurpem a missão de assegurar a fé católica". Um mês depois ocorreu o golpe militar e em Abril viajou para Buenos Aires para denunciar perante o ministro do Interior, Albano Harguindeguy, a repressão que entretanto se instalou. Em Agosto morreu numa estrada de La Rioja...


Já na altura o jornal L'Osservatore Romano falou de um "estranho acidente". O padre que o acompanhava no acidente sobreviveu e foi capaz de reconstruir a história perante a justiça, depois do regresso da democracia em 1983. Foi assim que um juiz determinou que se tinha tratado de um "assassinato premeditado", mas os responsáveis não foram encontrados uma vez que entretanto ocorrera a amnistia do governo de Raúl Alfonsín e os indultos de Menem.


Em 2005, perante a anulação dessas medidas, reabriu-se a investigação. No ano seguinte, pela primeira vez a Igreja da Argentina insinuou um reconhecimento ao seu "mártir", quando o cardeal primaz do país, Jorge Bergoglio, admitiu em La Rioja que o bispo "se empapou no seu próprio sangue."

 

A última ditadura na Argentina matou um total de 19 padres (incluindo um bispo, Carlos Ponce de Leon), religiosos e leigos católicos, e fez desaparecer outros 65.


Siga a marcha que há muita gente para julgar, muito crime por apurar.

 

Fonte: El País

13
Abr11

Fernando, o Nobre

salvoconduto

 

 

 

Ainda nem sequer é deputado e já ameaça que se não for eleito Presidente da Assembleia da República renunciará ao cargo. Ah valente, assim é que eu gosto deles, com um ego enorme, tão grande que vivem permanentemente inchados. Não se dão conta que fedem, o ego é um rato morto.

13
Abr11

Alzheimer?

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Há blogers que devem escrever do mesmo modo de quem descasca amendoins, em os comendo apressam-se a afastar as cascas, depois com elas espalhadas pelos chão, quem eu? Nunca comi amendoins!

 

Tal e qual, Fernando Moreira de Sá é um desses blogers da nossa direita que escreve no Albergue Espanhol e no Aventar que nunca se lembra do que escreveu num, muito menos no outro, mesmo quando escreve o mesmo em ambos.

 

Inevitável que num tema tão caro à direita nos últimos dias também ele venha a terreno justificar a escolha Fernando Nobre. Não espanta que comece logo a sacudir as cascas dos amendoins. Assim começa ele:

 

"Não apoiei Fernando Nobre nas presidenciais. Aliás, se a memória me não falha, nem falei sobre ele antes e durante a campanha. No final apenas sublinhei a minha surpresa com o seu resultado."

 

Depois estende-se por ali abaixo a mostrar a sua compreensão pela decisão de Pedro Passos e a enaltecer as qualidades de Nobre.

 

Ele que é perito no fenómeno das Redes Sociais enquanto instrumento de comunicação esqueceu-se que os servidores que alojam os blogs dispõem hoje de larga capacidade de armazenamento, o que leva a que os posts não sejam assim descartados como as cascas de amendoim e aí está, acerca de um ano, nem tanto, 29 de Maio de 2010, Fernando Moreira de Sá, depois de criticar os seus amigos da direita a propósito de Cavaco e do casamento homossexual, escrevia isto:

 

"Tenham juízo. Só falta ver a direita conservadora e democrata-cristã de braço dado com Fernando Nobre. Era de ir às lágrimas de tanto rir."

 

Bem faço eu que aposto mais nos tremoços...

12
Abr11

Albarde-se o burro

salvoconduto

 

  

Tenho para mim que é nas horas de aperto que se conhecem as verdadeiras convicções, é durante elas que vemos quem vacila ou se mantém fiel aos valores que sempre disseram seguir.

 

Não sei as razões que levam algumas pessoas, algumas que considero mesmo “boa gente”, fugir como o diabo da cruz quando se trata de analisar friamente o Manifesto subscrito por essas 47 personalidades que vieram reclamar o entendimento entre o PS e o PSD para futura e “desejável” solução governativa para o país.

 

Já aqui deixei ficar o meu reparo à inclusão do nome de Boaventura de Sousa Santos nesse manifesto. Estranhos silêncios fazem-me trazer agora aqui essa outra personalidade que também o subscreve, Siza Vieira.

 

Tenho mesmo aqui à mão um artigo de Óscar Mascarenhas publicado hoje no JN, não vou por isso alongar-me em grandes considerações uma vez que o artigo, de uma pessoa que também se surpreende, agrega em si algumas das que por ventura eu aqui teceria e por isso mesmo o transcrevo na íntegra:


 

"Meu caro Siza Vieira:

 

Vemo-nos de dez em dez anos e em locais improváveis - um comboio apinhado a caminho de Bombaim, um aeroporto europeu - mas episódios dos nossos encontros fazem-me fanfarronar que sou seu amigo, que me dou bem consigo. Tenho por si uma admiração incontida, pelo artista mas muito mais pela vertical intransigência de homem que me habituei a ver em si.

 

Sem provavelmente, jamais termos votado na mesma força política, sinto-me consigo do «lado do não» face aos mandadores do baile ou, para aproveitar a imagem de João Cabral de Melo Neto, do «lado do sim» nesta imensa sala negativa.

 

Por isso, caro Siza Vieira, que faz o seu nome no meio de quarenta e sete subscritores do estranho apelo à unidade come-e-cala e à resignação do manda-quem-pode? Como pode você aparecer ao lado de cartolas tão patriotas que ameaçam expatriar os seus capitais ao mínimo aumento de impostos? Como se deixou figurar no meio de uma camioneta de vencidos da vida e outros convencidos de terem assinatura importante?

 

E para pedir, afinal, o quê, Siza Vieira? «Em primeiro lugar, um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos, para garantir a capacidade de execução de um plano de acção imediato, que permita assegurar a credibilidade externa e o regular financiamento da economia, evitando perturbações adicionais numa campanha eleitoral», blá-blá; e «em segundo lugar, um compromisso entre os principais partidos, com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca», patati-patatá.

 

Basicamente, o papel diz: o povo que não se intrometa com a sua vontade de votar no que no que tem de ser decidido já pelos «principais partidos» (quais são, Siza Vieira, a sua lista coincidirá com a dos outros 46?) e sob os auspícios de Cavaco Silva, cuja única missão parece ser a de explicar que «não é FMI, é Fê-é-é-éfe, Fê-é-é-éfe», mais parecendo um 'zombie' político...

 

Com tal documento, com a sua assinatura, imagine o alívio que os socialistas de Sócrates não terão encontrado ao sentirem-se livres para largar as bandeiras do Serviço Nacional de Saúde, do ensino público, da segurança social pública, da Caixa pública, da justa causa de despedimento - tudo isso em nome de uma unidade que «tem-de-ser» e que tem tanta força que «até o Siza Vieira assina por baixo».

 

Diga-lhes que não, Siza Vieira. Ou pelo menos diga-me em segredo que não, que a si perdoo-lhe tudo - desde que me perdoe esta minha impertinência."

Óscar Mascarenhas

 

É aceitável e desejável que todos façamos as nossas opções políticas, já o que não é para mim aceitável é que algumas dessas personalidades vistam demasiadas vezes camisolas que chegados a ocasiões como esta verificamos que não lhe assentam nada bem.

 

Albarde-se pois o burro à vontade do dono, ou do freguês, mas deixemo-nos de envergonhados silêncios.

11
Abr11

Maquiavel não faria melhor

salvoconduto

 

  

Ah Valente! Vai a todas! Fernando Nobre já andou de braço dado com o PPM, com o Bloco, com o PS de Mário Soares, ei-lo agora a cabeça de lista nas legislativas, por Lisboa e pelo PSD! O deputado do queijo Limiano ao pé de dele é um aprendiz. Bem dizia ele que a sua candidatura à Presidência da República era um exemplo de vida, é isso mesmo, é preciso fazer pela vida, que a crise está para durar.


Juro que dava o cu e dez tostões para ver agora a cara do outro valente que o lançou para pregar uma rasteira a Manuel Alegre! Nobre, ladino como é não dá ponto sem nó, deve estar a rir-se de fininho e ao mesmo tempo a ajustar contas por não lhe darem todo o apoio prometido.

 

Imaginem só o marocas, a discursar na Exponor ao mesmo tempo que Nobre anunciava no Facebook a candidatura, delicioso! Ou até mesmo a do Louçã que já andou com ele nos braços, e que agora é que dá conta que Nobre afinal é uma "imensa fraude".

 

Se esta coisa da crise e do pedido de empréstimo ao prego não servisse para mais nada serve pelo menos para estas figurinhas e figurões aparecerem como Deus os trouxe à luz do dia, nus, nuzinhos de todo com o coirato à mostra.

10
Abr11

Incha, desincha e passa…

salvoconduto

 

 

 

 

É um espanto lê-los e depois vê-los no dia-a-dia a transpor para o país real os seus discursos inflamados.


Boaventura dos Santos é um desses, ele que há tão-somente 3 dias atrás escreveu um artigo no Carta Maior que vou transcrever na íntegra em baixo para não ser acusado de truncar ou desvirtuar as suas palavras.


Depois de escrever o artigo em causa acaba agora, 3 dias depois, por afirmar que “é necessário um certo 'consenso' porque há negociações em Bruxelas dadas as condições do Governo de gestão e elas obrigam a um entendimento entre os partidos que só pode ser promovido pelo Presidente da República para minimizar os estragos que foram causados por esta crise política, absolutamente inoportuna”.


Não se fica por aqui e subescreve um manifesto que defende "um compromisso entre os 'principais partidos', com o apoio do Presidente da República, no sentido de assegurar que o próximo Governo será suportado por uma maioria inequívoca, indispensável na construção do consenso mínimo para responder à crise sem a perturbação e incerteza de um processo de negociação permanente, como tem acontecido no passado recente".


Não está só, Boaventura dos Santos junta-se a outros 46 de entre os quais destaco António Lobo Xavier, Belmiro de Azevedo, Artur Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, Diogo Freitas do Amaral, Francisco Pinto Balsemão, José Pacheco Pereira, José Silva Lopes, Leonor Beleza, Adriano Moreira e Mário Soares.
 

Agora por favor tenham lá a pachorra de ler o artigo, até ao fim, publicado no Carta Maior, garanto-vos que vale a pena:

 

 

 

"Inconformismo e Criatividade

  

É hoje consensual que o capitalismo necessita de adversários credíveis que atuem como corretivos da sua tendência para a irracionalidade e para a autodestruição, a qual lhe advém da pulsão para funcionalizar ou destruir tudo o que pode interpor-se no seu inexorável caminho para a acumulação infinita de riqueza, por mais anti-sociais e injustas que sejam as consequências. Durante o século XX esse corretivo foi a ameaça do comunismo e foi a partir dela que, na Europa, se construiu a social-democracia (o modelo social europeu e o direito laboral). Extinta essa ameaça, não foi até hoje possível construir outro adversário credível a nível global.

 

Nos últimos trinta anos, o FMI, o Banco Mundial, as agências de rating e a desregulação dos mercados financeiros têm sido as manifestações mais agressivas da pulsão irracional do capitalismo. Têm surgido adversários credíveis a nível nacional (muitos países da América Latina) e, sempre que isso ocorre, o capitalismo recua, retoma alguma racionalidade e reorienta a sua pulsão irracional para outros espaços. Na Europa, a social-democracia começou a ruir no dia em que caiu o Muro de Berlim. Como não foi até agora possível reinventá-la, o FMI intervém hoje na Europa como em casa própria.

 

Poderá surgir em Portugal algum adversário credível capaz de impedir que o país seja levado à bancarrota pela irracionalidade das agências de rating apostadas em produzir a realidade que serve os interesses dos especuladores financeiros que as controlam com o objetivo de pilhar a nossa riqueza e devastar as bases da coesão social? É possível imaginar duas vias por onde pode surgir um tal adversário.

 

A primeira é a via institucional: líderes democraticamente eleitos reúnem o consenso das classes populares (contra os media conservadores e os economistas encartados) para praticar um ato de desobediência civil contra os credores e o FMI, aguentam a turbulência criada e relançam a economia do país com maior inclusão social. Foi isto que fez Nestor Kirchner, Presidente da Argentina, em 2003. Recusou-se a aceitar as condições de austeridade impostas pelo FMI, dispôs-se a pagar aos credores apenas um terço da dívida nominal, obteve um financiamento de três bilhões de dólares da Venezuela e lançou o país num processo de crescimento anual de 8% até 2008. Foi considerado um pária pelo FMI e seus agentes. Quando morreu, em 2010, o mesmo FMI, com inaudita hipocrisia, elogiou-o pela coragem com que assumira os interesses do país e relançara a economia.

 

Em Portugal, um país integrado na UE e com líderes treinados na ortodoxia neoliberal, não é crível que o adversário credível possa surgir por via institucional. O corretivo terá de ser europeu e Portugal perdeu a esperança de esperar por ele no momento em que o PSD, de maneira irresponsável, pôs os interesses partidários acima dos interesses do país.

 

A segunda via é extra-institucional e consiste na rebelião dos cidadãos inconformados com o sequestro da democracia por parte dos mercados financeiros e com a queda na miséria de quem já é pobre e na pobreza de quem era remediado. A rebelião ocorre na rua mas visa pressionar as instituições a devolver a democracia aos cidadãos. É isto que está ocorrendo na Islândia. Inconformados com a transformação da dívida de bancos privados em dívida soberana (o que aconteceu entre nós com o escandaloso resgate do BPN), os islandeses mobilizaram-se nas ruas, exigiram uma nova Constituição para defender o país contra aventureiros financeiros e convocaram um referendo em que 93% se manifestaram contra o pagamento da dívida. O parlamento procurou retomar a iniciativa política, adoçando as condições de pagamento mas os cidadãos resolveram voltar a organizar novo referendo, o qual terá lugar a 9 de Abril. Para forçar os islandeses a pagar o que não devem as agências de rating estão a usar contra eles as mesmas técnicas de terror que usam contra os portugueses. No nosso caso é um terror preventivo dado que os portugueses ainda não se revoltaram. Alguma vez o farão?"

Boaventura de Sousa Santos

09
Abr11

Figurinha ou figurão?

salvoconduto

 

 

 

Não é segredo para ninguém que encanito com "alguns figurões" que sentaram arraiais no BE e dali destilam o fel contra as hostes do PCP e dos Verdes. Várias vezes lhes dediquei espaço neste blogue, mas sempre, sempre justifiquei a razão do "destaque".


Julgava eu que a hipótese de um maior alargamento no entendimento entre esses partidos, de que destaco a reunião desta sexta-feira entre o Bloco e o PCP, levaria ao abrandamento da cegueira política e do revanchismo serôdio de Teixeira Lopes.


Julgava eu que esse acontecimento poderia, pela sua importânci,a fazer esconder ainda que temporariamente o ego descomunal tão característi-co nesses ditos figurões.


Julgava eu que o que mais importaria neste momento seria combater aqueles que colocaram o país no estado em que encontra, PS, PSD e CDS.


Engano meu, é mais forte do que eles. Parece mesmo que escolhem a dedo as ocasiões para destilar o veneno, para minar a conjugação de esforços, para dar rédea solta a esse ego que é a única coisa que os alimenta. Porque não recordar aqui este meu post de 2 de Maio de 2009?!


Aí está de novo João Teixeira Lopes, inchado como sempre. Aqui vos deixo na íntegra o artigo de opinião deste dirigente do Bloco, no esquerda.net. Precavendo erradas ilações e tendo por certo que uma andorinha não faz a primavera, deixo claro que partilho as preocupações que levaram àquela reunião que desde já saúdo, mas sem o ego a tolher-me os pensamentos.

 

 

 

"O Bloco de Esquerda e o PCP

 
Primeiro facto: todos conhecemos as diferenças substanciais que existem entre o Bloco e o PCP. Desde logo, uma diferente concepção das liberdades públicas que se reflecte no seguidismo do PCP face a regimes ditatoriais como a China e a Coreia do Norte. Por outro lado, uma distinta articulação com o espaço público: o Bloco quer ser um partido-movimento-social e o PCP reproduz a estratégia leninista da vertical cadeia de transmissão, bem patente na forma como se relacionam com os sindicatos. Além do mais, as visões de funciona-mento “interno” são bem diferenciadas: o Bloco reconhece tendências e estimula a diversidade de posições e opiniões, enquanto que o PCP mantém o centralismo democrático. Finalmente, o PCP olha a Europa com desconfiança e viés nacionalista, ao mesmo tempo que o Bloco a encara como possibilidade de internacionalizar as lutas.
 

Segundo facto: Bloco e PCP convergem nas tomadas de posição no Parlamento e no espaço público, nas votações (em mais de 4/5 dos casos) e nas plataformas reivindicativas, nomeadamente na CGTP.
 

Deste modo, faz todo o sentido aprofundar uma acção unitária. Sem hipocrisia, porque isso significaria esconder diferenças reais, mas também sem sectarismos, porque isso levaria a um enfraquecimento do combate anti-capitalista, particularmente numa conjuntura de forte ofensiva reaccionária, como a que estamos a viver.
 

Assim, uma coligação pré-eleitoral seria um absurdo, porque estes dois partidos têm mais votos separados. Mas novas e cada vez mais arrojadas modalidades de convergência pós-eleitorais são não apenas desejáveis mas, acima de tudo, necessárias."

João Teixeira Lopes

 

Nota: Os sublinhados são da minha responsabilidade.

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