Começa agora outra corrida, ou melhor, já começou. A questão está em ver quem leva a dianteira. Se é certo que a França fez o melhor treino ao antecipar-se a toda a gente no reconhecimento daquele saco de gatos que leva o nome de CNT como governo de jure da Líbia, o certo é que nesta coisa de negócios nem sempre o que arranca primeiro terá garantido o melhor tempo.
Que o digam as empresas alemãs que também elas não esperaram pela queda de Trípoli. Vinte já haviam metido os pés ao caminho três semanas atrás, guiadas por Hans-Joachim Otto, secretário de estado da economia do governo de Ângela Merkel, transportados em avião militar até Benghazi.
Claro que à boa maneira ibérica, quando desembarcavam em terras da Índia ou das Américas ofertavam os indígenas com missangas, espelhos e panelas à mistura com o álcool necessário para lhes toldar o cérebro, também estes levaram as suas ofertas, com seringas e medicamentos pelo meio, alguns deles por certo fora de prazo, reafirmando até à exaustação que ali foram por bem e dispõem-se mesmo a fumar o cachimbo do chefe índio lá do sítio, contenha ele o que contiver.
Há quem salive demasiado e não se contenha. Ouro! Ouro negro! Exclamam ao pôr os pés em terra, terra que promete, para além do ouro negro tem muito escombro que é preciso reconstruir. Uma vez iniciada a reconstrução as oportunidades de negócio sucederão umas atrás das outras, com abundância e lucro também.
"Assim que o petróleo e o gás natural voltarem a jorrar, a Líbia será um país rico e nós também" deste modo se expressava Meier-Ewert um desses empresários em terras dos índios de Benghazi.
Um outro que leva o nome de Felix Neugar, perito da Câmara da Indústria e Comércio da Alemanha para as questões de África levanta o ânimo dos seus pares ao afirmar que apesar da Líbia ser mais rica do que os seus vizinhos africanos o nível das infra-estruturas é altamente inadequado, estando mais ao nível da Síria ou do Egipto, o que lhes garante desde logo pano para mangas, garantidos que estão os contratos celebrados com Kadhafi, agora é só expandi-los eliminados que foram alguns dos obstáculos.
Mas não julguem os capatazes de Merkel que por ali andam sozinhos, também outros estão a bater às portas de Benghazi, já por lá andaram os gringos chefiados por Mccain a mando de Obama, que nestas coisas do petróleo não se guardam ressentimentos, todos por todos desde que nós sejamos os primeiros.
Quem não está achar muita piada a estas viagens não programadas são os italianos da ENI que fazem o que podem para manter o estatuto nesta coisa do petróleo em terra que foi de Kadhafi e já garantiram um encontro entre Berlusconi e o líder índio Mahmoud Jibril.
Definida que esteja a pole position resta ao inocentes úteis do costume fazer alinhar os seus carros para dar mais colorido à corrida.
Garantidos parecem igualmente estar grandes eventos nas respectivas capitais a favor da caridade pró-Líbia, e dos negócios claro. Promete ser bonita a festa, pá, até o Arrastão foi convidado.