A ligeireza ganhou-a nos tempos de maoísta, a inteligência acusa a erosão dos anos, já não dá para mais, embora à nascença já fosse pouca. Com o mesmo megafone, a que se esqueceu de renovar as pilhas, adapta as palavras de ordem de então, acampa diariamente no "Blasfémias", repete a arenga liberal desta feita centrada nos funcionários públicos, vai servindo copos cheios de fel entre a populaça.
Helena Matos, o nome da criatura, lembrando as ratas de igreja em período de oração, repete vezes sem conta as mesmas rezas, pelo meio vai lançando pragas, esconjuros e benzedelas.
Exulta com os cortes decretados pelo governo, levanta a cruz e aponta-a a Cavaco para quem recomenda a fogueira pela heresia proferida sobre a equidade fiscal.
A mesma cruz aponta a Pacheco Pereira que cometeu igual pecado por afirmar que "um funcionário público que ganha 1000 euros ilíquidos é tão “rico” ou tão “pobre” como um trabalhador do sector privado com o mesmo salário. Isto no passado, porque hoje já é mais “pobre” e discriminado."
Metodicamente a inquisidora-mor vai gritando os nomes à populaça, os nomes daqueles que devem ser lançados à fogueira exultando-a amarrar desde já os hereges no pelourinho que expressamente mandou construir.
Da acampada no "Blasfémias" saltita diariamente para o jornal Público onde lhe pagam para continuar a pregação, a perseguição aos infiéis e a propagação da doutrina liberal. Carrega nas cores, pretos e ciganos são os primeiros da sua longa lista. Só os puros como ela merecem a redenção. Negaram-lhe há muito um lugar à mesa do Estado, ressabiada jurou que se iria vingar. Deixa escapar de vez em quando uma interjeição de ressentimento por os seus pares ainda não lhe terem reconhecido o abnegado trabalho, toda ela é fel por dentro. Corre-lhe vinagre nas veias, não dá conta que mirra a cada dia que passa agarrada à cruz e ao megafone.
Alguém tem para aí umas pilhas que lhe ceda? Não sejam mauzinhos das gastas não, embora por certo não daria conta.