Ainda vai fazer correr muita tinta, um mar dela, a "intenção", não creio que passe disso, do primeiro ministro grego George Papandreou de promover um referendo sobre o acordo que realizou com a troika.
Uns aplaudem outros interrogam-se como é possível pôr o povo a decidir estas coisas, tremem só de o ouvir, e este não interioriza o verdadeiro poder que tem.
Por aqui pelo meu canto nem uma coisa nem outra. Não considero que este referendo seja uma saída para o povo grego, bem vistas as coisas só lhe são facultadas duas opções, ou sim ou não. Em qualquer delas o primeiro-ministro grego, George Papandreou, sairia pouco chamuscado. Se o povo votasse contra responsabilizá-lo-ia por ser o culpado do descalabro. Se votasse a favor amarrá-lo-ia a tão perverso acordo.
A ter lugar tal referendo, a altura própria teria sido antes de o governo ter entregado o país ao FMI e à usura europeia. Mas ninguém me tira da cabeça que tudo isto é encenação para boi comer e sinal das guerras no seio da elite grega.
Há outras alternativas à mera questão do sim ou do não deste hipotético referendo. Deveria ser esse povo que agora tanta gente assusta a chamar a si o seu futuro longe da chantagem da troika, dos mercados, das elites que o desgraçam e de um mero sim ou não num boletim de voto.
Que rasguem o referendo, que rasguem o acordo com a troika e iniciem o seu próprio caminho, ditando o que podem e o que não podem cumprir, efectuando uma viragem de 180 graus no modo como regem o seu destino e o seu modo de governação.
Se assim fosse, tal como há milénios, a Grécia apontaria ao mundo um novo caminho. Mas as pressões são muitas, não tenho dúvidas e pressão é o que povo grego dispensaria de boa vontade, esmagado por ela há uns anos a esta parte. Liderança também lhe falta, os partidos do arco do poder esgotaram-se em si mesmos, são o rosto da desgraça.
O sinal mais claro do que na realidade se está a passar é a demissão há poucas horas de toda a cúpula militar, isso não foi encenação, uma decisão que deve preocupar o povo grego e é mais do que reveladora do que verdadeiramente se está a passar naquele país.
Já nem falo das reacções por este mundo fora, aqueles que passam a vida a dizer que governam para o povo tremem só de pensar que em algum lugar do mundo esse mesmo povo se possa pronunciar sobre o seu destino…