Não são só os diamantes que podem ter sangue
Para Mário David, deputado ao Parlamento Europeu pelo PSD, vale tudo ainda que o peixe lhe possa saber a sangue. Desde que fresco, marcha. Se trouxer euros no ventre melhor ainda, alguém se encarregará de o limpar.
Mário David parece uma daquelas figuras dos filmes de terror, aparece quando ninguém sabe dele, de repente e sempre pelos piores motivos. Aqui há uns tempos apareceu do nada a reclamar a fogueira para Saramago, agora aparece a defender o rei marroquino num suposto acordo de pescas que ignora por completo aqueles que também são donos de parte das águas em questão. É óbvio que Mário David está-se marimbando para o direito sobre aquelas águas e muito menos se elas estão tingidas de sangue do povo saharaui.
Arremete contra aqueles que chumbaram no Parlamento Europeu uma proposta de acordo com o rei de Marrocos esquecendo-se que por ali ainda há quem não troque liberdade de direitos internacionais por comércio como bem lho recordou Ilda Figueiredo e que esta coisa da mercancia não pode estar acima de todas as regras, não pode ignorar que o povo do Sahara Ocidental terá que ser beneficiário do acordo e sobre ele consultado.
Mas Mário David sabe bem quem representa e por isso alvoroçado vai gritando que "isto é um murro no estômago para Marrocos" para logo acrescentar que "Sua Majestade o Rei Mohamed VI tem vindo a promover uma profunda e pacifica transição democrática". É de tal maneira profunda que não me admiraria que num futuro próximo o rei venha a ser apeado como também não me admiraria se fosse Mário David o primeiro a saudar o derrube e a manifestar que sempre o considerara um ditador. É assim Mário David, tem um corpo e uma espinha dorsal como a da enguia, maleável por dentro e viscoso por fora.