O ex-ministro grego da Defesa, Akis Tsochatzpoulos que conduziu as negociações para a compra de quatro submarinos foi de cana na quarta-feira acusado de corrupção.

Tsochatzpoulos estava à frente do Ministério da Defesa quando a Grécia comprou, em 2000, quatro submarinos à Alemanha, por 2,85 mil milhões de euros, curiosamente ou talvez não a empresa que vendeu os submarinos a Tsochatzpoulos, a Ferrostaal, é a mesmíssima que vendeu os dois submarinos a Paulo Portas e que no caso grego pagou 62 milhões de euros, parte dos quais serviu a Tsochatzpoulos para comprar uma vivenda luxuosa no bairro da "gente fina" de Atenas.

Há no entanto uma pequena/grande diferença, enquanto que por lá o ex-ministro de defesa é engavetado por cá tudo na boa, da Defesa passa-se para os Negócios Estrangeiros, no pasa nada.

"As investigações do Ministério Público alemão junto da Ferrostaal sobre o pagamento de subornos na venda de submarinos a vários países visaram diversos dirigentes do grupo. Dois dos ex-executivos aceitaram recentemente a proposta de conciliação do tribunal e admitiram ter pago subornos à Grécia e a Portugal".

Mentira! Por cá é tudo boa gente, polícia, tribunais e governo, só o povo é que vive acima das suas possibilidades, logo suspeito, e anda um bocado lerdo, tão lerdo que nem questiona quando o estão a tomar por parvo. Tão parvo, que sorriu alegremente quando ontem soube que os arguidos do caso Portucale, que envolvia Luis Nobre Guedes, Carlos Costa Neves e Telmo Correia, todos do CDS, foram absolvidos.

Podia lá ser de outra maneira. Portas? Esse anda por aí, low profile, quando aparece é apenas mais um que se ri.

Sei que não é politicamente correcto mas por vezes interrogo-me se cada povo não tem o governo que merece, depois a coisa passa, mas a revolta fica.

O governo laranja tem porfiado na cruzada contra o funcionalismo público não se cansando de lançar anátemas sobre quem vende a sua força de trabalho a entidades estatais. Privilegiados, preguiçosos a viver acima das suas possibilidades, culpados pela dívida pública do país, a ementa das acusações é vasta o número de inquisidores ainda maior.

O dia-a-dia porém encarrega-se de trazer ao de cima a hipocrisia dos que se servem diariamente do Estado que tanto criticam. Os exemplos abundam mas normalmente só são divulgados por estas bandas já que jornais e televisões cerram fileiras impedindo que as hostes laranja sejam beliscadas.

Aqui vai mais um exemplo do modo como esta gente "funciona": a CGA que deveria ser responsável pelo pagamento das reformas do sector do Estado é-o também por vezes do sector privado. Impossível, dirão alguns mais distraídos que não sabem que para estes figurões não há impossí-veis. Que o diga Cavaco Silva à custa de quem um bom número de trabalhadores do privado recebe pensões como se tivessem trabalhado no Estado e muitas dessas pensões até são daquelas que agora se consideram gordas.

Na lista dos novos aposentados, Maio de 2012, no site da CGA, lá está um ex-director pedagógico do Externato Marquês de Pombal Ensinus que ficará com uma pensão de 5030 euros mensais, estabelecimento que pertence ao grupo Lusófona. Caso único? Ora, ora, são muitos os externatos e colégios católicos que beneficiam desse regabofe. Assim de uma penada aqui vão alguns, Maristas de Lisboa, Colégio do Sagrado Coração de Jesus, Valsassina, Escola Salesiana, Universidade Católica, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, etc., etc.

Mas como é possível? Interrogar-se-ão vocês. Puro engenho laranja, neste caso protagonizado por Cavaco Silva, em conjunto com os seus ministros Miguel Cadilhe (Finanças), Silva Peneda (Emprego) e Roberto Carneiro (Educação), vertido para decreto-lei em 1988.

Afirmavam os "autores" do referido decreto-lei que a situação dos professores daquelas empresas de ensino privado deveria aproximar-se dos restantes profissionais do ensino oficia" e por isso lhes "atribui a natureza de interesse público às funções desempenhadas pelo ensino particular e cooperativo", passando a receber pensão através da CGA.

Pois, mas quando chegados à hora de cortes, não, é só para o "sector público", os tais que vivem acima das suas possibilidades, topam?

Se tenho inveja? Obviamente que não, só não gosto que gozem com a minha cara, metam continuadamente a mão no meu bolso e ainda me apontem o dedo...

Passámos a semana a falar no lapso esquecendo-nos que lapso foi sem dúvida a eleição de Passos Coelho para o governo da nação à semelhan-ça de tantos outros lapsos em tantas outras eleições desde que ao povo foi garantido o direito de votar e cometer o lapso.

O maior lapso porém não é Passos Coelho, o lapso está no meio daquele povo que teima em persistir no lapso tornando-se vítima primeira do próprio lapso. E é de lapso em lapso que o País percorre o caminho de regresso, para aquele sítio que não tem volta, que não é lapso, que não comete lapsos, tanto que nem cai no lapso de permitir que esse povo vote livremente ou cometa lapsos havendo mesmo quem já afirme que aquele dia de Abril de há 38 anos não passou de mero lapso...

Quem também não comete lapsos é esse partido que por lapso carrega o nome de "socialista" e não é por lapso que quando é governo trai o povo para logo o trair igualmente quando está na oposição. É o garante de que o lapso em que vivemos persistirá por muitos anos ainda, ele aí está sem deixar espaço ao lapso a anunciar que vai votar favoravelmente o novo Tratado Orçamental da União Europeia.

Há lapsos que se pagam caros, cuidem-se...

Aí está uma nova temporada dos Bórgias, promete, eu que vi a anterior por certo não deixarei de acompanhar também esta, os ingredientes estão lá todos, o veneno, a intriga, a traição e o nepotismo.

No país real acusam-me de viver acima das minhas possibilidades, talvez por isso Passos Coelho tenha anunciado que o corte dos subsídios previstos para 2012 e 2013 se prolongará até 2015 ao mesmo tempo que Faria de Oliveira troca o salário de administrador da CGD por salário da APB o que lhe permite embolsar mais 4.630 euros mensais...

Viver só custa a quem não sabe e a quem agora até lhe retiram a possibilidade de bater com a porta e requerer a reforma antecipada...

Eu sei que ainda não é tempo de falar nas FARC, costuma ser lá mais para o fim de Agosto imediatamente antes da Festa na Atalaia, mas independentemente da vontade de cada um o mundo vai girando e avançando. Um sinal disso chega-nos da Colômbia que já foi de Uribe e agora é de Juan Manuel Santos. Foram libertados pelas FARC os últimos dez prisioneiros militares, mais concretamente 6 polícias e 4 militares, porventura, a par da declaração de renúncia da política de sequestros, o mais claro sinal da vontade de negociar a paz. Amanhã será a vez de uma delegação de Mulheres do Mundo pela Paz visitar algumas prisões colombianas onde estão encarcerados milhares de presos políticos, algo que até aqui vinha sendo negado pelo governo de Bogotá.

E se as FARC deram este importante passo a atenção dos movimentos que têm contribuído para o sucesso das libertações concentram-se agora no governo colombiano que precisa de garantir a integridade dos sete mil presos políticos que estão sob sua custódia, que esses presos de consciência sejam tratados de maneira humanitária nas prisões da Colômbia e possam a breve trecho conhecer igualmente a liberdade. São sindicalistas, professores, estudantes, profissionais de diversas áreas que formam um grupo de sete mil prisioneiros políticos.

Socorro Gomes, Piedad Córdoba, Marleni Orjuela, Amparo Sánchez, Rigoberta Menchú, entre outras, rosto e nome das mulheres que mais têm porfiado no resgate dos reféns e na busca de uma solução para o conflito, curiosamente nenhuma leva o nome de Ingrid ou apelido de Betancourt...