Prá fogueira!
Tivessem algumas figurinhas o poder da Santa Inquisição e há muito Dom Januário Torgal estaria a arder na fogueira no largo do pelourinho.
Que é vermelho, diz Helena Matos, que é cubano diz Rodrigo Moita de Deus, prá fogueira gritam os dois em uníssono. Ele é militar e os militares não são pagos para falar acrescenta um terceiro. Torcem-se e contorcem-se com as palavras de Dom Januário que até parece que estão com a esgana.
Que diz então Dom Januário? Que o rei vai nu e é corrupto, aquilo que todos estamos carecas de saber mas que muitos preferem silenciar.
Habituados que estão a que a sotaina esteja sempre do seu lado estranham sempre que uma ovelha se revolte no rebanho, a excomunhão ou a eliminação pura e simples são receitas habituais quando surgem casos como este, a América Latina está cheia de túmulos ocupados por aqueles que ousaram levantar a voz contra as ditaduras ou optar pelo caminho da Teologia da Libertação. Ainda há algumas horas um deputado do PSD reclamava na televisão a mordaça para Dom Januário.
No "forte apache" de onde saiu forte tranche para ministérios e empresas públicas vem a terreiro Luís Naves, diz-nos ele que "a Igreja Católica é altamente hierarquizada e disciplinada", nisso tem razão, só isso explica por que se tenha colocado durante séculos ao lado dos opressores, que o diga Franco, que o diga Salazar que o digam todas as ditaduras da América Latina.
Aos que o acusam de estar a defender o seu umbigo recordo que numa entrevista à TSF, já lá vão uns meses, Dom Januário Torgal disse numa entrevista à TSF não querer ser cúmplice com a situação “desta multidão de pessoas que já foram desapossadas da sua dignidade, do respeito por elas próprias”, no fim de contas razões mais plausíveis para as afirmações que agora proferiu e que tanto toldaram as mentes de quem jurou defender o governo a qualquer preço.
Se repararmos bem este tipo de reacção a Dom Januário não é muito diferente de outras de que foram alvo Dom Manuel da Silva Martins, "Bispo de Setúbal" ou Dom António Ferreira Gomes, "Bispo do Porto", este no tempo do fascismo.