Ainda a propósito da formiga, da cigarra e do chulo...
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Enquanto os irmãos Dalton e os irmãos Metralha reuniam na caverna dos quarenta ladrões procurando encontrar novas formas de ludibriar o povo, cá fora o mesmo povo gritava-lhes "Basta". Ao que parece não terão ouvido nada. Se assim é vamos repetir outra vez dia 29, mas seria bom alguém lembrar-lhes que Miguel de Vasconcelos também se julgava a salvo...
Arrasador para Passos Coelho e seus pares, o raio da velha até esteve quase, quase a dizer que ia à manif deste sábado. Garanto-vos que apesar de ser quem é vale a pena ver. Se Passos julgava que tinha o partido na mão a resposta demolidora aí está, Manuela Ferreira Leite coloca-o abaixo de cão e acusa-o de estar a “destroçar o país” (sic) .
Esta noite na São Caetano à Lapa deve ter havido muito ranger de dentes. Se Vítor Gaspar reagiu do modo que reagiu perante um desabafo de João Almeida do CDS imaginem agora com este ataque feroz da velha que Passos e Relvas julgavam ter eliminado definitivamente.
Bom sinal quando a casa começa a ranger por dentro... A peça na íntegra pode ser vista aqui.
Decidiu o homem num assomo de pura fanfarronice colocar no Facebook a piada de que “se em 2013 me obrigarem a trabalhar mais de sete meses só para o Estado, palavra de honra que me piro, uma vez que imagino que, quando chegar a altura de me reformar, já nada haverá para distribuir, sendo que preciso de me acautelar” (sic) assim desta forma leviana e grosseira zombando de quem ali trabalha logo ele que beneficia de um regime de excepção em matéria de remuneração salarial.
Que dirão os trabalhadores que dirige e que já têm garantido o corte não de dois meses de salário como foi anunciado na sexta-feira mas de três já que Vítor Gaspar garantiu hoje que quer eles quer os pensionistas ainda serão alvo de cortes de 5 a 10% para além de pagarem com língua de palmo os mesmos impostos de que se queixa Nogueira Leite. Será que também poderão afirmar que só vão trabalhar sete meses?
Durou pouco porém a "valentia" do palhaço, o telefone deve ter retinido em cima da sua secretária, encabulou, destrambelhou-se de tal forma que até a página do Facebook desapareceu por algum tempo, voltando mais tarde mas já sem aquele arremedo de valentia.
Não deve ser difícil de imaginar o que aconteceu, já ontem aqui disse que no PSD corre uma ordem precisa e clara, cerrar fileiras em torno do Chefe, todos têm que dar a cara. "Ah e tal" poderá ainda ter estrebucha-do mas por certo a resposta deve ter sido convincente, "ah e tal? Se estrebuchas não mamas, para onde é que tu julgas que vais?"
Foi aquilo que com toda a propriedade se pode chamar uma ejaculação precoce ou alguém espera ver o palhaço emigrar para outro circo?
Não me ficará mal reconhecer pelo menos uma coisa, os partidos do governo estão a fazer o seu trabalho, pudéssemos dizer o mesmo de alguns que estão na oposição. Logo após o anúncio do golpe nos salários foi distribuído massivamente a todo aquele que carrega cartão de militante um documento tipo argumentário que permitirá enfrentar as opiniões divergentes ao pensamento único cada vez mais instalado.
Estarão "preparados" para tudo, as perguntas previsíveis e as "adequa-das" respostas. À cabeça das perguntas: "é um novo aumento de impostos?". À cabeça das respostas: "o Governo privilegia o combate ao desemprego" ou "o aumento da TSU para os trabalhadores reequilibra as contas para a Segurança Social, preservando o futuro, pensões, reformas, acesso aos mais desprotegidos da sociedade, e reforço de verbas para o desemprego", ou ainda "As empresas deixam de ter a seu cargo a maior fatia das contribuições da segurança social, à semelhança do que se passa na Alemanha."
Cá por mim já escolhi aquela que me tocou mais o coração, a resposta que deve ser dada para justificar que as medidas não representam aumento de impostos: "as contribuições dos trabalhadores sobem, mas as contribuições das empresas descem. Como um todo, a economia não fica mais sobrecarregada com impostos/contribuições. Isso é que é im-portante salvaguardar". Brilhante, não é?
Não se ficam por aí, o trabalho militante estende-se a jornais e tvs, todo o militante tem o dever de dar a cara. No espaço de Mário Crespo está tudo afinado e acertado, hoje foi lá Cantiga Esteves, amanhã estará o "medalhas", que é como quem diz o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro.
O documento na íntegra, 4 páginas, é também disponibilizado no Expresso de Balsemão.
No lado oposto da barricada o discurso, e principalmente a acção, estão ainda por acertar, "ah e tal é preciso dizer basta" ainda é a consigna que recolhe maior consenso, só me faltava mesmo era ouvir criticar os professores que resolveram receber condignamente o ministro Nuno Crato à entrada dos estúdios da TVI. Já nada me espanta, a coisa está a ficar de tal modo que até um simples cidadão que tirou uma foto com o telemóvel a um carro abusivamente estacionado em cima do passeio foi detido e identificado pela polícia, é que o carro, veio a saber-se, estava ao "serviço" do ministro da Defesa, todas as segundas feiras é sagrado, lá está o carro e o ministro no seu escritório de advogados ali à rua de Ceuta no Porto, situação que já aqui abordei. Viver não custa, principalmente se forem vocês a pagar.
Tomem cuidado, os carteiristas actuam principalmente às sextas...
Confrangedor o silêncio de António José Seguro. Com o país boquiaberto Seguro manteve a boca fechada, provavelmente exausto com os violen-tos combates travados com o governo. Já todo o bicho careta se manifestara sobre a miserável comunicação do chefe do governo num fim de tarde de uma sexta-feira e meia hora antes de um jogo da selecção nacional de futebol, o que define bem a sua estatura ética e moral, mas o António, seguro nas suas convicções limitava-se a esbracejar violentamente frente ao espelho de sua casa. Percebe-se agora um pouco melhor o teor da reunião entre Passos e Seguro realizada dois ou três dias antes da comunicação do primeiro-ministro.
Uma vez mais foi ultrapassado pelos seus deputados que anunciaram que irão novamente pedir a fiscalização sucessiva pelo Tribunal Constitucional das medidas agora anunciadas. A este propósito compreende-se também agora o encarniçamento na nomeação dos três novos juízes para aquele tribunal que acabou mais uma vez de feição às cores e desejos desta trauliteira direita. Não é impunemente que Passos "afronta" o Tribunal Constitucional, a recomposição operada garante-lhe o controlo daquele órgão, mais um a somar a tantos outros e contrariamente ao seu mestre faz tudo à luz do dia embora o fim possa ser o mesmo, mergulhar o país em prolongada e dolorosa noite, a última demorou quarenta e oito anos.
No meio desta tragédia há no entanto um partido político que sai vitorioso e radiante, o CDS, que pela voz do seu líder parlamentar Nuno Magalhães já saudou as medidas e a "vitória", não houve aumentos de impostos, realçou ele com sorriso de orelha a orelha, logo depois repetido por Pedro Mota Soares, ministro da caridade, que passa a ter mais campo de manobra para o mister em que é perito. Exultam empresas como a EDP, GALP, BCP, BIP, BES, Alexandre Soares Santos, Belmiro de Azevedo, Amorim, Isabel dos Santos, até o governo chinês, todos eles irão receber de modo indirecto e de mão beijada uma parte importante dos salários dos trabalhadores.
Se por estes dias Seguro aparecer com a mão entrapada já sabem que é certo e garantido que o espelho lá de casa foi à vida, há espelhos traiçoeiros que reflectem com elevado grau de realismo o que têm pela frente…
Cândida Almeida já está na corrida ao cargo de Procurador-Geral da República, desdobrou-se nos últimos dias, até foi fazer uma perninha àquele centro de meliantes que se reuniu por estes dias em Castelo de Vide, foi lá dar uma aula, é dali que sairá uma nova fornada de jotas já com o curso no curriculum, o mesmo curso de Isaltino, Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Miguel Relvas e tantos outros, muitos deles não deixarão por certo de telefonar aos pais dizendo que já têm o curso, que em breve serão ministros.
E o que terá ensinado ela aos jovens? Aquilo que os promotores daquela Universidade de Verão mais gostam de ouvir, que "Portugal não é um país corrupto", pois não Cândida, mas que tem muitos corruptos é uma evidência tal que nem a corridinha a PGR consegue escamotear.
Foi longe, o ambiente era de festa, sublinhou que "Portugal é dos poucos Estados europeus onde se investigam grandes negócios do Estado", aposto que aqui deve ter posto aquele sorrisinho maroto talvez piscando o olho aos jotinhas, como que a garantir-lhes que não se passa daí, investiga, investiga, expira, arquiva, mais parecendo um mero exercí-cio de uma clínica de reabilitação. Entusiasmada acrescentou logo a seguir que "a corrupção tem a ver com cidadãos ou funcionários que se vendem ou querem vender-se", claro, é mesmo isso Cândida, não tem nada a ver com aqueles que os querem corromper e lhes baixam os salários para os terem à sua mercê.
"A corrupção é residual" martela ela para que que aquelas alminhas fiquem com o quadro completo do círculo em que a breve trecho se moverão, para logo a seguir rematar com chave de ouro: "é preciso, assim, combater esta percepção errada e "preocupante": "Porque ficamos com a ideia de que, por um lado, ninguém faz nada contra a corrupção e, por outro, somos todos corruptos", fale por si minha senhora, fale por si.
Quem deve estar de queixos caídos é Maria José Morgado, colega na Procuradoria, ela que não se cansa de afirmar precisamente o contrário de Cândida Almeida, ainda há bem pouco deixava o alerta e defendia a "prioridade total para o combate à fraude fiscal associada à corrupção e ao branqueamento de capitais e essa estratégia deve ser sistemática", pelos vistos quem anda numa de branqueamento é Cândida Almeida.
Deixe que lhe diga que mesmo com essa "candura" e "ginástica" toda algo me diz que não vai a lado nenhum, canta mas não encanta...
10 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.