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Salvo-conduto

A erva daninha cresce todos os dias

A erva daninha cresce todos os dias

Salvo-conduto

27
Out12

O Moita gosta de fazer flores

salvoconduto

 

 

O homem diz ter jeito para escrever novelas, às vezes não resiste a nelas participar, não sabe o papel mas improvisa ao sabor do momento e do cenário, inevitavelmente despista-se e acaba por não dizer coisa com coisa, mas para ele mesmo as partes gagas parecem fazer todo o sentido, afivela um sorriso e garante a si próprio: "eles papam tudo desde que bem embrulhado".

 

Se fosse a ele não teria tanta certeza, pode ser que se cruze na rua com alguém que lhe diga alto e bom som: "vai enganar a tua tia oh farsante!" Podem até mesmo mandá-lo desconversar com o Carvalho de Araújo, aquele que foi ao fundo com o tiro de metralha dos alemães, que raio, tem sempre que haver alemães pelo meio...


Calma, calma que eu passo a explicar, as nossas televisões de vez em quando repetem alguns programas o que leva a que desprevenidos como eu acabem por apanhar com eles no meio do café e das palavras cruzadas. Foi o que me aconteceu com um programa em que participa-vam Alberta Marques Fernandes, o agora ex-candidato à agremiação do milhafre, Rui Rangel, mais o génio das novelas, Moita Flores e o amigo do peito da Ministra da Justiça, Marinho Pinto.


Estava eu a fazer as palavras cruzadas e muito sumidamente ouvia-os perorar, não lhes prestava muita atenção entretido que estava a conseguir meter parte de um batalhão apenas em três letras, algo no entanto retiniu na minha cabeça, levantei-a mas não apanhei a tempo o motivo que desencadeara a reacção no meu cérebro, ah mas esperem lá, a coisa agora resolve-se bem com as novas funcionalidades disponibiliza-das pela minha operadora, "ver do inicio", bora lá, com o comando colo-quei o programa no exacto momento em que o Moita Flores alarvemente metia a sua "bucha" defendendo que o presidente da República deveria submeter o Orçamento, mal seja aprovado, à fiscalização preventiva do tribunal Constitucional:

 

"Dessa forma não corremos o risco que corremos este ano de corporações mais ou menos radicais e de pessoas mais ou menos ofendidas fazerem este recurso para o Tribunal Constitucional e depois a meio do ano sermos sujeitos a um golpe tão violento como aquele que estamos a viver neste momento".


Para o Moita enquanto a pimenta estivesse exclusivamente no cu dos funcionários públicos a coisa ia bem porque é das novelas e outras "actividades" privadas que tira a maior parte dos seus rendimentos. Ladino defende agora que o presidente submeta o Orçamento ao Tribunal Constitucional, garantido que está o controlo daquele órgão após as últimas mexidas. "Ora, ora, agora até nos podemos dar a esse luxo, pensava o Moita, enquanto distribuía flores pelos seus pares de debate.

 

Não se ficava por aí, aproveitava o balanço e metia outra bucha:

 

"Acho espantoso, o Orçamento está na Assembleia da República e são os próprios actores na Assembleia que em vez de usarem dos mecanismos de retórica, de palavra, de argumentação no sítio próprio, que antes de começar o debate já estão a ameaçar com o Tribunal Constitucional, o que significa que os nossos deputados nem a si próprios dão muito crédito, é de facto uma imagem confrangedora".

 

Ria-se alarvemente ao mesmo tempo que a baba lhe escorria pelos cantos da boca, valeu-lhe Marinho Pinto que solicitamente puxou de um lenço de papel e que enquanto lhe limpava a baba lhe perguntava: "Você acha que a maioria se deixa convencer pelos argumentos da oposição?"

 

Lá voltei eu às palavras cruzadas, a propósito, alguém sabe um sinónimo de porco com cinco letras? Não, não é Moita, deixem-se de merdas, ah já sei, é suíno, reco só tem quatro.

 

 

26
Out12

Os jornalistas que não queremos mas que temos de gramar

salvoconduto

 

 

Sob o título "O Estado que queremos e que podemos (ter)" Helena Garrido aquela figura de gente que se diz jornalista e que ocupa o cargo de directora ajunta no Jornal de Negócios faz jus ao que lhe pagam, lança na rotativa do jornal uma série de alacridades que diga-se em abono da verdade são por demais recorrentes na prosa da senhora.


Citando o Ministro das Finanças perante quem reverencialmente se ajoe-lha Helena Garrido tenta impingir-nos a sua "realidade ou inevitabilidade":

 

"Temos neste momento um violento choque com a realidade. Escolher não é fácil, mas as alternativas são claras, pelo menos no momento actual. Ou temos o Estado com as suas actuais funções e pagamos os impostos que são necessários para o manter (e não chega aquilo que está previsto no Orçamento). Ou queremos menos impostos e temos de aceitar um Estado mais pequeno e com menos funções. A escolha é nossa, ou deveria ser. Não vamos poder ter é as duas coisas: o mesmo Estado e os mesmos impostos, baixos."

 

O que a senhorita escamoteia é que não é nos impostos em si mesmo que está o problema, se Helena Garrido ousasse ser honesta estaria a escrever que o problema está na justa distribuição dos impostos e da riqueza, que é como ela muito bem sabe o principal mal deste país que passou a ser exclusivamente dela e dos seus pares de cartilha ideológica, não dá para esconder que somos o país com o maior índice de desigualdades na Europa. O que o cidadão comum contesta é que tenha que pagar mais impostos para ter menos direitos, menos estado social, enquanto as grandes fortunas se tornam cada vez mais adiposas. Dizer que no momento temos impostos baixos só mesmo de alguém que é execravelmente rasteirinha e lá continua ela:

 

"E não vale a pena ter a ilusão de que se resolve o problema que temos com medidas populistas como obrigar o governo a andar em económica nos aviões ou a cortar nos automóveis. Infelizmente, o problema é de mil milhões e não de milhares ou mesmo de milhões de euros."

 

Claro que não resolve mas a quem falta o pão faz-lhe imensa confusão senhora directora e tem toda a razão quando afirma que o problema é de mil milhões e não de milhares ou mesmo milhões pois é dessa grandeza o roubo descarado neste país de que o BPN é apenas um caso emblemático, porque outros exemplos há como os "mil milhões" escondidos nos offshores e que beneficiaram há bem pouco tempo de um perdão fiscal na quase totalidade e depois vem a tratante dizer que não queremos pagar impostos?
 

Helena Garrido remata o artigo lançando depois da poeira o próprio camião:

 

"O que hoje temos de escolher é entre mais impostos para que o Estado nos continue a apoiar na velhice, na doença, na pobreza ou quando estamos desempregados ou deixar cair pelo menos parte do Estado social que construímos. Uma escolha ou outra é legítima, mas deve ser feita pela sociedade. Num país democrático, uma decisão de menos Estado ou mais impostos só deveria ser tomada depois de um acto eleitoral em que cada um dos partidos dissesse claramente o que defende. O que não é possível escolher é o mesmo Estado social com impostos baixos."


Alguém será capaz de dizer a essa figura nascida de um coito interrompido a desempenhar papel de figurante que num acto eleitoral temos apenas de escolher entre quem fale verdade e quem sistematicamente se esconda atrás da mentira, porque como diria o outro, de pantomineiros que prometem uma coisa e depois fazem o seu contrário estamos nós fartos, igualmente da senhora, isto pelo menos no que à minha parte diz respeito. É com "falinhas" destas que encanito solenemente isto já para não falar dos repetidos emails que depois recebo como se a senhora estivesse a escrever algo que decididamente não escreveu nem pretendeu escrever, para ser mais preciso, "o que ela quer sei eu”…

24
Out12

Espatifam tudo onde mexem

salvoconduto

 

 

Se há clube de futebol que espelha bem o estado do país é sem dúvida o Sporting. Uma pessoa esmiúça melhor e é vê-los, cada cavadela cada minhoca, os órgãos sociais do clube estão infestados delas parece praga, onde essa gente põe a mão, e gostam de a pôr em tudo, é certo e sabi-do que apenas deixam um rasto de destruição. Onde houver a hipóte-se de fazer ou promover "negócios" aí estão eles, Catroga, Miguel Horta e Costa, José Maria Ricciardi, José de Mello Franco, João Ribeiro da Fonseca, José Cazal Ribeiro, até João Duque aquela personagem que diz saber de tudo, economia, política, finanças, televisão, jornalismo, embora eu só lhe reconheça o jeito para a "banda desenhada", até na bola o sujeito se mete, mas estão lá mais e são capitaneados, pelo sujeito dos "barcos" da Expo. Como é que aquele clube não havia de andar pelas ruas da amargura.

 

Já sei, já sei que alguns de vocês estão a menear a cabeça como que a dizer: "oh Salvo, eles podem gostar de futebol", pois podem, pois podem, mas eu estou como aquele antigo jogador e treinador de Palmela, vocês sabem do que eu estou a falar.

23
Out12

A alma e o diabo

salvoconduto

 

 

Depois de Angola é agora a vez dos EUA, o sector de saúde detido pela Caixa Geral de Depósitos acaba de ver o seu destino final, a United Health do Tio Sam que, depois de se ter servido do Grupo brasileiro Amil como testa de ferro para o negócio, compra 80% do mesmo grupo e adquire por tuta e meia (80 milhões) seis hospitais, três clínicas e uma unidade de residências assistidas, a saber: Hospital dos Lusíadas de Lisboa, Hospital da Boavista do Porto, Hospital da Misericórdia de Sangalhos, Hospital de Santa Maria de Faro, Hospital São Gonçalo de Lagos, Hospital de Cascais (parceria público-privada), Clínica Infante de Portimão, Clínica Forum Algarve de Faro, Hospital de Albufeira e Carlton Life no Porto.


À semelhança do negócio do BPN também este foi avaliado a preço de liquidação total, 100 milhões, e mesmo assim acaba por ser vendido por 80 milhões, o que faz da crise em Portugal uma autêntica caverna do Ali Babá, nunca os ladrões roubaram tanto, a palavra secreta já nem sequer é “abre-te sésamo”, foi substituída por "é fartar vilanagem".


É claro que ninguém fala de luvas e comissões, sempre foi assim neste tipo de negócio, agora ainda mais por acrescidas razõe$, talvez daqui a 10 ou vinte anos algum jornalista sem nada com que se entreter decida investigar o negócio a fundo, só que entretanto os documentos ter-se-ão volatilizado...

 

Eu até nem exigiria muito, só gostava mesmo que fosse divulgado quanto custaram exactamente à CGD estes seis hospitais e as três clínicas mais os respectivos equipamentos que também vão "grudados" ao negócio.


Ah e tal, deu prejuízo em 2011, por esse caminho até vendem a mãe que só teve prejuízos desde que os pariu...

14
Out12

Advogado do Diabo

salvoconduto

 


Ora aí está um gestor que sabe cuidar do seu negócio, o das almas, quanto mais enterrado estiver o país e o povo mais próspero o seu nicho de mercado. Enchem-se os cofres com as montanhas de cera queimada, enchem-se igualmente as caixas das esmolas daqueles que em desespero se agarram à fé na vã ilusão que aconteça um milagre e ali depositam o que em alguns casos tiram à boca. Policarpo faz farte daquele grupo restrito de pessoas que se alimenta da desgraça alheia.


Ao longo de dois milénios a igreja de Policarpo mantém a mesma matriz, quanto pior melhor, o reino dos céus em troca dos últimos despojos.


Dom José Policarpo, fervoroso seguidor dos ensinamentos do cardeal Cerejeira de má memória se bem que agradado com o crescente volume de negócios demonstra no entanto nas últimas semanas medo do próprio rebanho que diz conduzir.


Com o avolumar das manifestações de descontentamento popular Poli-carpo sobressalta-se receoso que as ovelhas se revoltem e lhe acabem com a safra que se tem mostrado generosa desde que Passos Coelho ocupou a cadeira à sua direita, Fátima rebenta pelas costuras.


Preocupado com os ventos que sopram de Norte a Sul, que ameaçam ser de mudança, sente necessidade de subir ao púlpito e dali conduzir para o redil as ovelhas que ameaçam tresmalhar, não hesita e recorre ao velho mestre Cerejeira de quem cedo recebeu os ensinamentos:


"Não se resolve nada contestando, vindo para grandes manifestações. Sejamos objectivos e tenhamos esperança que há sinais positivos, este sacrifício levará a resultados positivos não apenas para nós mas para a Europa. Até que ponto é que nós construímos uma saúde democrática com a rua a dizer como é que se deve governar?”. Estas as palavras de Policarpo que poderiam ter sido de Cerejeira.


Passos e Gaspar, Portas e Isabel Jonet têm em Policarpo um aliado de peso, balão de oxigénio que é sempre útil principalmente nesta altura em que reabrem os circos romanos e voltam a lançar os "cristãos" às feras.


Cada vez é mais difícil distinguir deus do diabo.

11
Out12

Vrum, vrum

salvoconduto

 


Há palavras, melhor dito, interjeições, que me saem espontaneamente sempre que me tocam em qualquer ponto que no momento esteja mais sensível, não dá como segurá-las, aconteceu-me ainda hoje quanto passava em revista as notícias do dia, lá estava escarrapachado numa delas que o grupo parlamentar do PS vai substituir quatro viaturas, cujos contratos de renting acabaram, por outras tantas de topo de gama, nem as ouso publicar porque também sei que por aqui passam almas sensíveis, às vezes escapam, é a língua de Camões, Gil Vicente e José Maria Du Bocage a dar corpo ao que de mau me passa pelas vistinhas.


Não havia necessidade, é pura ostentação. Quando a esmagadora maioria do povo conta os tostões há gente que lhe passa pela cabeça que o prestígio se vê pela marca do carro ou do número de cavalos que o puxam. Esta afeição pela cilindrada já vem de longe no caso de Zorrinho, ainda estamos recordados das cenas gagas do homem da lambreta que acabou por estrear o popó que lhe era destinado, mas ao mesmo tempo revela igualmente afeição pela patetice. Substituição ou compra de carro é coisa que está a deixar de fazer parte do léxico familiar, mas o intré-pido Zorrinho ao mesmo tempo que avança para os popós, como nada se estivesse a passar no país, avança também com a proposta da redução do número de deputados porque, diz ele, é preciso dar um sinal de moralidade ao país...


E quando alguém, a quem a coisa não assentou lá muito bem, resolveu publicar a notícia, respondeu-lhe na hora e com virulência: "poderão ser de luxo mas até têm menos cilindrada que os agora substituídos. Ora toma e embrulha!" disse Zorrinho sentado num dos fardos de palha com que alimentará os cavalos das viaturas.


Só espero que não se distraia, é que a palha também está cara...

09
Out12

Abaixo de cão

salvoconduto

 

 

 

Mais uma vez António Seguro quis dar um sinal da sua valentia, diz ter encontrado a solução para a crise, eureka afirma ele levantando a mão pegajosa, acabadinha de esmagar um ovo que julgava ser de Colombo. Achei, achei, grita ele aos saltinhos fazendo pose de artes marciais, "vamos propor ainda este ano a redução do número de deputados".

 

Depois de tanto marrar com a cabeça na parede diz que viu luz, parecia uma pedra de isqueiro, coitado nem se deu conta que era o médico a apontar-lhe para os olhos uma daquelas lanternas minúsculas que trazem sempre no bolso para verificar se estava mesmo cego ou se ainda via alguma coisa pelo canto do olho, depois de tanto marrar.


Atenção que por trás daquele ar de Pateta da Disney está um esperta-lhuço, não da matemática, já que se esta borrifando verdadeiramente para o números, o que mesmo quer é acabar com as vozes dissonantes dos partidos mais pequenos na Assembleia da República que amiúde lhe põem a careca amostra.

 

Ao que parece a ideia surgiu-lhe após Cavaco ter confinado as celebra-ções a um pátio fechado, "é isto, é mesmo isto", exclamava com sorriso de orelha a orelha, "é isto mesmo, confinamos o Parlamento aos dois partidos que destruíram o país e esta coisa passará a rolar que nem um skate com as rodinhas perfeitamente alinhadas".

 

Se alguém estiver próximo do Rato avise-o que muito boa gente já se estatelou com o raio do skate. Ele que jogue ao bilas ou ao berlinde, é mais seguro.


Ainda bem que me lembrei de escrever estas linhas, assim de repente lembrei-me que preciso comprar remédio para os ratos, deixa-me anotar se não volto a esquecer-me. E agora vou dar uma volta mas com as solas assente no chão, qual rodinhas qual caralho.

08
Out12

Foi o vermelho que os tramou

salvoconduto
 
 
A direita venezuelana apostava tudo nas eleições presidenciais que se realizaram este domingo e que deu a vitória a Hugo Chavez. Cantaram vitória precipitadamente. Capriles o líder e candidato da direita teve mesmo necessidade de abandonar o fato e a gravata, fazer das tripas coração e vestir um blusão com as cores da Venezuela à semelhança de Chavez, bem não totalmente que as tripas não aguentariam tanto. Amarelo, azul e vermelho as cores da bandeira venezuelana só que o vermelho tão criticado em Chavez só mesmo um niquinho e mesmo assim a causar perturbação a Capriles, "fosga-se que é esta coisa no meu braço? É sangue, é sangue, deram-me um tiro no braço!" É mais um que por estes dias só vai andar direito à base de Kompensan, que puta de azia...

 

A mesma azia sentida por uma grande parte dos jornalistas espanhóis, órfãos do colonialismo, que nunca engoliram Chavez. Nem Chavez nem qualquer outro que não vista as cores do colono. Pelo que li, El País à cabeça, quase que garanto que muitos devem ter improvisado mesas de voto na própria casa só para terem o prazer de votar contra Chavez. Foi abjecta na maior parte dos casos a forma como acompanharam as eleições na Venezuela, mais do mesmo, é sempre assim que se comportam quando que há alguém que ousa vestir blusão vermelho e pior ficam quando mais uma vez foi o "vermelho" que os venceu.

06
Out12

Do passa palavra ao reino dos crentes

salvoconduto

 

 

Já aqui falei nele, do puto Guerreiro que procura nas palavras os moinhos de Quixote, esbraceja compondo, medindo e desenhando as palavras a régua e esquadro a que junta um indispensável tira-linhas. No fim mira, remira, será que passa? Passa, exclama vaidoso. "Passa a palavra" é o seu último "desenho" no Jornal de Negócios.

 

Desta vez mexeram-lhe no bolso, já não é só o orgulho ferido, junta no esquiço as palavras a negrito na forma de uma pergunta para a qual sabe a resposta mas que não cabe no "boneco" que pretende compor: "Porque se as hipóteses de salvação são exíguas, elas serão nulas se o país estiver indisponível. Está o País disponível? Vamos "manter a coesão", como pede Vítor Gaspar? Eis a grande questão. Saber se estamos para isto. Mais que na falta de criatividade nas medidas, mais que na falta de negociação externa, o Governo falha quando propõe um contrato aos portugueses com base numa única premissa: porque o País é deles. Nosso."

 

Pedro Guerreiro sabe bem que no momento o país não é nosso, alguém o anda a vender aos pedaços, sabe também que o povo, mesmo votando da forma que vota, não está nem nunca estará disponível para viver subjugado. Viveu décadas debaixo do jugo dos Filipes, não poderá viver eternamente debaixo do jugo de Merkel, Passos e Gaspar. Poderá demorar a despertar da letargia e da "ameaça" em que o afundam, mas despertará, nessa altura o desenho do Guerreiro será outro, mas no fundo no fundo o mesmo traço, a mesma régua e esquadro a que não faltará o indispensável tira-linhas...

 

Enternece-me a forma como “arredonda” as palavras, "não basta tocar o clarim para que os portugueses voltem para dentro do barco de que foram expulsos com a TSU", capricha ele, escamoteando que o povo esteve sempre fora do barco, só sendo chamado quando é preciso remar.

 

O desenho não ficaria completo sem um pormenor, uma curva mais acentuada: "estamos mais pobres, mas há cada vez mais ricos". Não será bem assim Pedrocas, ora vê lá se não fica melhor desta maneira: “estamos mais pobres, mas há ricos que estão cada vez mais ricos”, é que da maneira como colocas as coisas já pareces Joaquim Aguiar, conselheiro político de Pinheiro de Azevedo, Ramalho Eanes e Mário Soares, que hoje dizia na TV que "os salários dos pobres ainda estão muito altos para a produtividade do país"…

 

Está bem eu sei que o Pedro também não quer a realidade toda, talvez por isso não resistiu a colocar a assinatura: "Cada português tem de decidir se acredita nisto. Se desiste, se se rebela. Ou se acredita, tira o sangue das pedras, paga impostos, luta pela sua vida e pela dos outros. Sim, é uma decisão cada vez mais individual. Porque está a tornar-se uma decisão de fé. Para ocupar com palavras os milhões de espaços em branco."

 

É Pedro, poderá ser uma questão de fé, mas olha que já não haverá assim tantos crentes e os poucos que restam nem mesmo indo a Fátima a pé ou de joelhos, e as decisões num país são sempre colectivas e nunca individuais, é o umbigo que nos mata.

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