Faz-me lembrar o tempo da tropa, toda a gente queria ir para especialista, ora para fugir à sina de pegar na canhota da G3 ora para por essa via ainda aspirar a não bater com os costados nas colónias.
Agora os tempos são outros, a guerra também é outra. Há que fazer pela vida, dizem uns, um lugar no governo dava jeito, dizem outros. Falta currículo ou bagagem para os cargos, dizem uns, tudo se resolve, dizem outros.
É aqui que a palavra "especialista" volta a aparecer. Cabe lá tudo e é a forma encontrada para resolver o problema dos amigos que não querem ir à guerra por um trabalho com remuneração compatível. Pegar na canhota, qualquer que ela seja, não dá mesmo jeito e já se cansam o suficiente a levantar o guito ao fim do mês.
Com José Sócrates em São Bento, entraram 74 especialistas. Nos dois anos de Durão Barroso tinham sido admitidos 70. Nos meses de Santana Lopes foram 48. Pedro Passos Coelho não deixa o crédito por mãos alheias, com um mês apenas, já contratou 51, Santana Lopes amua, bem poderia ter feito mais pelos amigos.
Especialista é assim uma palavra redonda, a melhor que até agora foi encontrada para evitar o incómodo quando alguém quer saber por que determinada pessoa foi nomeada. "É um especialista!". Voilá, acabam-se as perguntas inoportunas.
Tem ainda outra vantagem, contornar a lei que impõe um limite máximo nos cargos governamentais, já que por vezes a clientela é muita. Tudo se resolve como dizem os outros, só não há remédio para a morte.
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