O circo está montado
O homem faz de tudo, desde palhaço a ilusionista, neste último espectá-culo era vê-lo a dominar a arte do contorcionismo.
Não foi por acaso que o padrinho Marcelo Caetano cedo reparou na habilidade do então rapazola para contorcer, retorcer, afiar a língua e lançá-la à primeira oportunidade carregada de veneno e cuidou que lhe fosse garantida uma educação aprimorada na arte circense, deixou-lhe mesmo em legado todos os textos das suas "conversas em família" que Marcelo júnior avidamente devorou.
Foi dessa forma que começou o espectáculo de domingo, enquanto ia salivando e acumulando veneno no canto da boca lá foi tecendo rasgados elogios a Cavaco. Que "tinha feito um discurso de Ano Novo muito inteligente, muito equilibrado, que conseguira mesmo resolver a quadra-tura do circulo" e igualmente elogiou a entrevista de Cavaco ao Expresso que considerou primorosa para de repente, adivinhando o sorriso que por aquela hora estaria estampado na cara daquele que o tem por conselheiro de estado, desferir o golpe carregado de veneno para o qual, por muito que a ciência avance, ainda não foi encontrado antídoto capaz. E zás cravava os dentes bem fundo, não perdoando a Cavaco o facto de este ter solicitado a fiscalização sucessiva do Orçamento de Estado pelo Tribunal Constitucional.
Marcelo sabe bem que terá que contar com o apoio do PSD e do CDS na caminhada que traçou para Belém, não gostou pois do número de circo protagonizado por Cavaco, o boneco de "Pilatos" está mais que estafado argumentava ele à laia de desculpa pela dose excessiva de veneno, ao mesmo tempo que ia avisando os juízes do Tribunal Constitucional que serão os próximos a provar o veneno se não se portarem na linha. A cara de Cavaco eu imagino já a cara dos juízes do Tribunal Constitucional tenho mais dificuldade, mas não deixo de pensar na luta encarniçada do PSD aquando desta última remodelação naquele órgão, sabem bem ao que andam, não descuidam os pormenores que se podem tornar decisivos nas horas de maior aperto...
Enquanto Marcelo se exibia Judite tranquila e sempre sorridente fazia o seu habitual papel sentada no trapézio que usurpou à Marlene não se dando conta que está a trabalhar sem rede e que o mínimo descuido pode ser fatal, que o diga Nuno Santos que se lembrou de tentar um passo mais ousado no arame na RTP, pumba, deu com os cornos chão.