Há mentirosos compulsivos, mentirosos por conveniência e mentirosos com lata...
"Os emails enviados pelo ex-director-geral do Tesouro e Finanças Pedro Felício à agora ministra das Finanças em Junho e Julho de 2011 já continham informação sobre 'swaps' e indicavam uma perda potencial de 1,5 mil milhões de euros.
No primeiro email, datado de 29 de Junho de 2011, o então director-geral do Tesouro refere perdas potenciais de 1.294 milhões de euros. Um mês depois, em 26 de Julho, dá conta de perdas de 1.549 milhões de euros. Em 1 de Agosto, as perdas já ascendiam a 1.646 milhões de euros. São números que constam dos emails de Pedro Felício a que a Lusa teve acesso.
Nos emails trocados entre o ex-director-geral do Tesouro e Maria Luís Albuquerque, a que a Agência Lusa teve acesso, no Verão de 2011 é feito em primeiro lugar um ponto de situação sobre o valor a preço de mercado dos contratos 'swap' nas principais empresas (Metro de Lisboa, Metro do Porto, CP e Refer).
A troca de emails diz respeito aos dias 29 de Junho, 18 de Julho, 26 de Julho e 1 de Agosto.
No primeiro destes emails enviado por Pedro Felício à então secretária de Estado do Tesouro e Finanças, que tem data de 29 de Junho de 2011, é incluindo um "ponto de situação dos MtM [Mark-to-market, valor de mercado] dos derivados e instrumentos financeiros nas principais empresas do SEE [Sector Empresarial do Estado]", afirmando ainda que esta informação está em actualização no âmbito do programa da 'troika', mas que o grosso dos valores está nestas quatro empresas.
Na mesma mensagem é incluído um valor de perdas potenciais com 'swaps' para o Metro de Lisboa, o Metro do Porto, a Comboios de Portugal - CP e Refer em 2010 (1.289 milhões de euros) e outro mais actualizado no início de 2011 (1.294 milhões de euros).
Na segunda mensagem, datada de 18 de Julho, Pedro Felício envia a Maria Luís Albuquerque um anexo com detalhe dos instrumentos de gestão de risco - 'swap' - das principais empresas, com detalhe dos bancos e tipo de contrato e ainda mais informação sobre a renegociação de dívidas das empresas com bancos internacionais.
Maria Luís Albuquerque responde ao então director-geral do Tesouro e Finanças dizendo-lhe que necessitariam de conversar sobre este tema e outros que estariam pendentes, dando orientações para que a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) não garantisse o cumprimento das dívidas das empresas e para que não sejam dadas orientações às empresas sobre como negociar a sua dívida com os bancos."