Dor de peito?
Um tribunal da província argentina de Tucumán está a julgar Antonio Bussi responsável pelo desaparecimento do senador Guillermo Vargas Aignasse, detido em 24 de Março de 1976. O ex-general, de 82 anos, abandonou o tribunal alegando que sentia "dores" no peito, quando ouvia a leitura das acusações que pesam contra si, por violações dos direitos humanos durante a última ditadura (1973-86).
Debaixo de apupos de organizações humanitárias que denunciavam a farsa do ex-militar para se esquivar ao julgamento, Bussi foi levado de maca e transportado de ambulância para uma clínica privada.
Depois de ter sido submetido a diversos exames, o juíz do Supremo Tribunal de Justiça, determinou que o ex-governador, de facto, está em condições de sentar o cú no banco dos réus.
Segundo o secretário do Tribunal, este dispõe da "presença de pessoal do Sistema Provincial de Saúde, ambulâncias e equipas médicas se fôr necessário atender qualquer pessoa, incluido Bussi".
O ex-general deverá responder pelos "delitos de violação de domicílio e violação ilegítima da liberdade agravada, aplicação de torturas reiteradas, homicídio qualificado e associação ilícita".
De acordo com a investigação, um grupo de encapuçados (identificados como membros da força de segurança) entrou na casa do senador em 24 de Março de 1976 e levou-o. Poucos dias depois, a sua esposa, Marta Cárdenas, viu-o pela última vez na prisão de Villa Urquiza.
Bussi está implicado em cerca de 600 causas, em 1976 e 1977, esteve à frente da Quinta Brigada de Infantaria, que dependia do III Corpo do Exército.
Organismos humanitários indicam que foram 30 mil os executados pelo chamado Proceso de Reorganização Nacional durante o regime castrense.
Este torcionário segue a estratégia de Augusto Pinochet para não ser julgado. As sua vítimas, essas de nada lhes valia gritar que tinham dores no peito, porque ainda ficavam com mais dores ou, pura e simplesmente "ficavam sem as dores para sempre"...