A perua ataca de novo
Pobre deve ser espezinhado, segregado e atirado para o gueto, longe das pessoas de bem. Pobre é um falhado e como tal deve ser tratado. Pobre só é pobre porque quer viver à custa do rendimento mínimo esvaziando os cofres do Estado.
Ela aí está de novo a inquisidora-mor que escreve no Público e no Blasfémias. Insurge-se desta feita por uma câmara municipal ter levado a acabo uma iniciativa que de modo gratuito para a edilidade e para as pessoas a que se destina tenta promover a elevação da auto-estima das pessoas carenciadas do concelho através de um protocolo celebrado entre a Câmara e um salão de cabeleireiro, que assegura serviços gratui-tos de coloração, corte, «brushing» e «manicure».
Os beneficiários são seleccionados de entre os munícipes em acompanha-mento pelos serviços de Acção Social do Município, em estreita articula-ção com as entidades que desenvolvem trabalho de âmbito social. O cabeleireiro promove mensalmente a realização de uma coloração, dois cortes, dois 'brushing' e dois tratamentos de 'manicure'.
Helena Matos cumpre o seu papel, não aceita nem perdoa que 7 pessoas em situação de miséria tenham alguns minutos de ilusão. Sabendo de antemão, porque faz o link da notícia, que a iniciativa é gratuita, mete-a no mesmo saco de outras que esvaziam os cofres da edilidade, serve o fel à legião de seguidores. Não tolera que por momento algum sete desgraçados esqueçam a sua condição de pobres.
Alguém esclareça Helena Matos que esses pobres vão continuar a ser pobres, a viver no gueto onde ela e os seus pares faz questão de os manter. Que não se preocupe a senhora porque continuará a ter pobres, pretos, ciganos e imigrantes a quem odiar e segregar.