Perpétua para mais 12 e novas do Uruguai
A Argentina continua a ajustar contas com o seu passado, desta feita são 12 os condenados a prisão perpétua pelos crimes durante a ditadura, depois de sentarem o cu no mocho durante 22 meses e perante 180 testemunhas que passaram pelo Tribunal Oral número 2 de Buenos Aires.
Foram condenados por 85 crimes, incluindo os assassinatos de Ballestrino Esther Careaga, Azucena Villaflor e Maria Ponce, fundadoras das Mães da Praça de Maio, e das freiras francesas Alice Domon e Leonie Duquet, da Igreja de Santa Cruz de Buenos Aires, onde se reuniam familiares dos desaparecidos.
Todos elas foram sequestradas por um grupo militar liderado por Alfredo Astiz entre 8 e 10 de Dezembro de 1977. Foram atiradas ao mar vivas e seus corpos foram levados para a costa, enterrados em valas comuns, os seus restos mortais levaram quase 30 anos para ser identificados.
Este mesmo Alfredo Astiz declarava há alguns anos a uma jornalista: “Digo-o sempre: sou um bruto, mas tive apenas um acto de lucidez na minha vida, alistar-me na Armada”. A mesma besta conhecida também por "anjo loiro da morte" apresentou-se no tribunal provocadoramente com um livro de baixo do braço que levava o título "Volver a matar" de Juan Bautista Jofre, director dos serviços de inteligência do ex-presidente Carlos Menem. Espero que na prisão o recordem disso durante os muitos anos que por lá vai apodrecer.
Também foram condenados pelo assassinato do jornalista e escritor Rodolfo Walsh, membro dos Montoneros sequestrado em 25 de Março de 1977, depois de ser publicada a sua "Carta Aberta de um escritor à Junta Militar", na qual denunciava o terror da ditadura.
Para além destes 12 foram condenados mais 2 a 25 anos de prisão, 1 a 20 anos e outro a 18 anos.
E se a isto juntarmos a decisão do Congresso do Uruguai que revoga a amnistia para militares acusados de abusos dos direitos humanos, que durante um quarto de século tem impedido acções penais por crimes contra a humanidade, ficamos com a esperança de que por aquelas bandas todo o lixo está finalmente a ser limpo e a lembrar a muitos desses criminosos de que nem todos os seus crimes passarão incólumes.
A decisão foi votada por 50 votos a favor e 40 contra, falta a assinatura do presidente, José Mujica, que ao que tudo indica o fará no próximo dia 1 de Novembro. Vale mais tarde do que nunca, a impunidade parece ter os dias contados, por lá, que por cá continua em grande...