Da insurreição dos pregos à insurreição das ATMs
Já há muito tempo que Ângelo Correia não brilhava assim, voltou no papel de inspector Jacques Clouseau. Com a insurreição dos pregos quase no esquecimento reinventou-a ontem, desta feita como insurreição das ATMs. Revelou em primeira mão que havia na greve-geral uma agenda escondida que passava pela destruição das ditas.
Estava eu convencido que havia para aí uma série de meliantes a ganhar uma nota preta assaltando as ATMs quando afinal os assaltos fazem parte de uma conspiração insurreccional, em boa hora descoberta e denunciada em dia de greve por Ângelo Correia, ali preto no branco, num frente a frente com Octávio Teixeira na SIC Notícias. Ganda maluco, já estava com saudades tuas.
Quem lhe seguiu as pisadas foi Ana Lourenço, no papel de pantera cor-de-rosa, no jornal das 22 horas da mesma estação, ao revelar por sua parte que a insurreição é internacional tendo o cuidado de o provar com um vídeo que mostra um cidadão estrangeiro, na concentração dos indignados em frente à Assembleia da República, recusar-se a ser entrevistado e a dizer que era francês, logo a tese da conspiração internacional era a mais óbvia. Ana Lourenço com ar grave logo ali pediu um comentário aos três convidados da noite. Não ouvi o que disseram porque entretanto fui ver se tinha as portas de casa bem fechadas, nunca fiando.
A coisa parece ser de tal monta que não me admiraria nada se nas próximas horas mais alguém viesse a público revelar que há armas de destruição massiva na sede da CGTP e isto porque já não há reforma agrária se não lá voltavam os canhões nas cooperativas...
É de gente assim que o país precisa, guichos, a eles ninguém os leva, sempre atentos, sempre alerta.