Em terra de cegos...
Afirmava esta noite Ângelo Correia num acalorado frente a frente com Alfredo Barroso, a propósito das leis que supostamente salvaguardam direitos adquiridos, que há valores que se sobrepõem a essas leis, não sei porquê saltaram-me de imediato à cabeça os nomes de Cavaco Silva, Miguel Beleza, Manuela Ferreira Leite, Campos e Cunha, Jacinto Nunes, Silva Lopes, Tavares Moreira, António de Sousa, entre mais algumas ilustres figuras que não se cansam de nos apontar que devemos colocar o "interesse do país" acima de qualquer outro. São estes figurantes, sabe-se lá em nome de que valor, que se preparam para receber o subsídio de férias e natal porque há uma lei que supostamente protege o Banco de Portugal do qual são pensionistas...
Deve também ser por essa razão que Aguiar Branco disse o mesmo aos militares, acrescentando que quem não estiver bem que se ponha ao fresco, logo ele que todas as segundas feiras depois de almoçar no Books, entra no nº 110 da rua José Falcão, no Porto, no escritório da sociedade de advogados José Pedro Aguiar-Branco & Associados. Demora-se algumas horas, e, ao fim da tarde, um Mercedes com motorista vai buscá-lo de regresso a Lisboa. Claro que Ângelo Correia tem toda a razão, os "valores" primeiro, "do sector bancário, do segurador, da distribuição, da indústria da cortiça, dos têxteis, do calçado e das telecomunicações", são estes os clientes e os valores de Aguiar Branco que tem uma perninha no governo e outra na sua sociedade de advogados. Topam? Ou não enxergam mesmo nada?