Roubaram metade do frango
Está na calha malhar nos trabalhadores do Banco de Portugal, enquanto se malhar neles não se fala nos "BMs" a 129.245 euros cada um dos membros do Tribunal Constitucional, do motorista do Relvas que ganha ordenado de gerente bancário, na enorme prole de especialistas que enchem os gabinetes de ministros e secretários de estado, muito menos das excepções abertas por Passos Coelho para os administradores da CGD, TAP, RTP, CTT, Empordef e centros hospitalares. Até ele veio publicamente queixar-se em tempo de crise que ganha pouco, para logo acrescentar que não se queixa, tem lata o nosso primeiro, "eu não me queixo, mas que ganho mal lá isso ganho", sim abelha...
É no meio disto tudo que ando à procura da minha parte do frango, estou farto que se sentem à minha mesa, se alambazem com o frango inteiro e depois venha o prosa que se alambazou dizer-me que os dois comemos um frango inteiro.
É o que acontece com o jornal "i" que se tem aprimorado neste tipo de notícias e estatísticas. Deu-lhe agora para destacar em título de primeira página que os trabalhadores do banco de Portugal ganham mais 1.500 euros que os seus pares do sector privado. Esmiuçando-se a notícia, logo no primeiro parágrafo começa a descobrir-se a marosca.
Metem no saco dos privados a Caixa Geral de Depósitos que levou uma talhada nos salários, mas dá jeito para a questão do frango ou meio frango...
De seguida acabam por confessar que naqueles cálculos meteram tudo, salários de administradores, directores, mordomias destes, vencimentos, subsídios, contribuições fiscais e outros encargos, como assistência médica ou prémios, aquilo às tantas já não é galinha é peru, embebedado pela certa, tal como o jornalista que desarrancou tamanho artigo.
Quase quase no final, talvez julgando que o pessoal não lê o artigo até ao fim, lá vai acrescentando que o salário do Governador do Banco de Portugal é cerca de 70 mil euros superior ao que aufere o presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos.
É mesmo isso, juntem a minha reforma à do Mira Amaral, dividam ao meio e depois venham dizer-me que eu tenho uma reforma dourada...
Precavendo-me dos invejosos do costume que por certo irão lembrar-me que os trabalhadores do Banco de Portugal não sofreram o corte dos subsídios elucido-os que a banca privada também não, sorte a deles, não me queixo, queixo-me é de me terem cortado a minha parte do frango.
Vá lá deixem-se de merdas, sejam menos invejosos, mais honestos nos artigos que escrevem mandem o frango cá a casa que eu tenho o espeto à espera e sei muito bem onde lhe meter o piripiri…
Se não tiverem frango pode ser coelho, sai igualmente daqui com o espeto e piripiri.

