Verão quente
O PREC da direita está no auge, rejubilam, contas "acertadas" com o mundo do trabalho, é vê-los ressurgir de todos os cantos onde desde 74 esperavam a sua grande oportunidade. O "seu" código de trabalho entrou finalmente em vigor, não tardarão a fixar "objectivos", quem não alinhar pela partitura terá a porta da rua à sua espera.
Finalmente o país está agora coberto de lés a lés pela cor laranja, nada escapou. Colhem o fruto à vontade, publicam leis para que os partidários não sejam abrangidos pelas que lançam sobre o comum dos mortais. Aos seus correligionários nas administrações da coisa pública é garantida a excepção, podem ter salários superiores ao do primeiro-ministro, mesmo que os resultados sejam os piores de sempre. Faria de Oliveira, José de Matos, António Nogueira Leite, Norberto Rosa, Rodolfo Lavrador, João Nuno Palma e Cabral dos Santos, todos com duas coisas em comum, o cartão laranja e cargo de administrador da CGD.
Multiplicam-se nas administrações, acumulam cargos, trinta empresas em simultâneo, um deles chega mesmo a 73. Os boys que chamaram para os gabinetes ministeriais na maioria dos casos continuam a receber 14 meses por ano. Catroga mete a sobrinha-neta na EDP que dirige. Pedro Rebelo de Sousa administrador da CGD, para a qual despende apenas 15% do seu tempo, passa agora a acumular mais um cargo de administrador, na Cimpor, para além do seu escritório de advogados que continua de vento em popa a realizar negócios com o Estado. A toda a parte chegam os vampiros, poisam nos prédios poisam nas calçadas, trazem no ventre despojos antigos.
Os inocentes úteis fazem-lhes o trabalho sujo, desdobram-se nas tvs, tecem loas aos mestres, que agora sim, Portugal chega-se ao pelotão da frente, lançam foguetes coloridos a uma só cor, laranja. Dizem que "hoje é um dia de libertação, dia em que gestores e empresários podem entrar pelas empresas, fábricas e escritórios e bradar uma nova mensagem aos trabalhadores: "Senhoras e senhores, de hoje em diante seremos finalmente mais competitivos: estão todos despedidos!".
Algures à volta de uma mesa opiparamente guarnecida, Álvaro Pereira, António Saraiva e João Proença trocam de novo brindes, missão cumprida, sob o olhar sorridente de Passos Coelho e António José Seguro que apertam as mãos, porreiro pá!

