Os jornalistas que não queremos mas que temos de gramar
Sob o título "O Estado que queremos e que podemos (ter)" Helena Garrido aquela figura de gente que se diz jornalista e que ocupa o cargo de directora ajunta no Jornal de Negócios faz jus ao que lhe pagam, lança na rotativa do jornal uma série de alacridades que diga-se em abono da verdade são por demais recorrentes na prosa da senhora.
Citando o Ministro das Finanças perante quem reverencialmente se ajoe-lha Helena Garrido tenta impingir-nos a sua "realidade ou inevitabilidade":
"Temos neste momento um violento choque com a realidade. Escolher não é fácil, mas as alternativas são claras, pelo menos no momento actual. Ou temos o Estado com as suas actuais funções e pagamos os impostos que são necessários para o manter (e não chega aquilo que está previsto no Orçamento). Ou queremos menos impostos e temos de aceitar um Estado mais pequeno e com menos funções. A escolha é nossa, ou deveria ser. Não vamos poder ter é as duas coisas: o mesmo Estado e os mesmos impostos, baixos."
O que a senhorita escamoteia é que não é nos impostos em si mesmo que está o problema, se Helena Garrido ousasse ser honesta estaria a escrever que o problema está na justa distribuição dos impostos e da riqueza, que é como ela muito bem sabe o principal mal deste país que passou a ser exclusivamente dela e dos seus pares de cartilha ideológica, não dá para esconder que somos o país com o maior índice de desigualdades na Europa. O que o cidadão comum contesta é que tenha que pagar mais impostos para ter menos direitos, menos estado social, enquanto as grandes fortunas se tornam cada vez mais adiposas. Dizer que no momento temos impostos baixos só mesmo de alguém que é execravelmente rasteirinha e lá continua ela:
"E não vale a pena ter a ilusão de que se resolve o problema que temos com medidas populistas como obrigar o governo a andar em económica nos aviões ou a cortar nos automóveis. Infelizmente, o problema é de mil milhões e não de milhares ou mesmo de milhões de euros."
Claro que não resolve mas a quem falta o pão faz-lhe imensa confusão senhora directora e tem toda a razão quando afirma que o problema é de mil milhões e não de milhares ou mesmo milhões pois é dessa grandeza o roubo descarado neste país de que o BPN é apenas um caso emblemático, porque outros exemplos há como os "mil milhões" escondidos nos offshores e que beneficiaram há bem pouco tempo de um perdão fiscal na quase totalidade e depois vem a tratante dizer que não queremos pagar impostos?
Helena Garrido remata o artigo lançando depois da poeira o próprio camião:
"O que hoje temos de escolher é entre mais impostos para que o Estado nos continue a apoiar na velhice, na doença, na pobreza ou quando estamos desempregados ou deixar cair pelo menos parte do Estado social que construímos. Uma escolha ou outra é legítima, mas deve ser feita pela sociedade. Num país democrático, uma decisão de menos Estado ou mais impostos só deveria ser tomada depois de um acto eleitoral em que cada um dos partidos dissesse claramente o que defende. O que não é possível escolher é o mesmo Estado social com impostos baixos."
Alguém será capaz de dizer a essa figura nascida de um coito interrompido a desempenhar papel de figurante que num acto eleitoral temos apenas de escolher entre quem fale verdade e quem sistematicamente se esconda atrás da mentira, porque como diria o outro, de pantomineiros que prometem uma coisa e depois fazem o seu contrário estamos nós fartos, igualmente da senhora, isto pelo menos no que à minha parte diz respeito. É com "falinhas" destas que encanito solenemente isto já para não falar dos repetidos emails que depois recebo como se a senhora estivesse a escrever algo que decididamente não escreveu nem pretendeu escrever, para ser mais preciso, "o que ela quer sei eu”…