Chegou a vez da Ford sentar o cu no mocho
Não foram poucos os sindicalistas e membros da Comissão de Trabalha-dores daquela empresa que pagaram com a vida e a tortura o desempe-nho dessas funções, nisso colaboraram activamente a ditadura e a administração da empresa na Argentina.
Um sobrevivente recordou há poucos dias as palavras proferidas pelo então presidente da Ford Argentina, o chileno Nicolás Enrique Courad, para justificar o campo de tortura e extermínio em que aquela empresa se transformou:
"Enfrentávamos um desafio. Havia-se iniciado um processo, uma mudança de sistemas, uma alteração de filosofia integral. Havia que mudar a mentalidade. Havia que tomar uma decisão empresarial e, com os nossos actos e procedimentos, demonstrámos qual era essa decisão".
Assim se instalou ao lado do terrorismo de Estado o terrorismo empresa-rial, multiplicaram-se os sequestros, as torturas e os desaparecimentos, até o campo de jogos da empresa foi transformado em centro de detenção.
A acusação contra a Ford baseia-se no caso do empresário alemão Friedrich Flicke, que em 1947 foi condenado a sete anos de prisão por colaborar com o III Reich. Veremos como se vai desenrolar e acabar este.