Espécies protegidas
Há deputados da maioria que não se conformam com um papel mais apagado na bancada parlamentar por se limitarem exclusivamente ao apoio dos seus pares no governo, daí que alguns não olham a meios alternativos para conseguirem o seu minuto de fama, ao bom estilo das personagens saídas da "casa dos segredos".
Carlos Peixoto, deputado do PSD pela Guarda, vá-se lá saber como, apareceu aos microfones da TSF a sustentar que com o casamento entre pessoas do mesmo sexo fica aberta a porta ao incesto.
Ciente dos seus pergaminhos que os antigos designavam por de "maritus lusitanicus", vulgarmente conhecido por "macho" lusitano (daria pano para mangas já que às vezes esconde outras fraquezas), defende com afinco que "ao admitir-se o casamento entre pessoas do mesmo sexo estaremos igualmente a admitir casamentos entre pais e filhos, entre primos direitos e irmãos", para de imediato rematar que "com este tipo de nova ligação, chegamos ao ponto quase surrealista de admitirmos soluções muito mais vanguardistas e perigosas até do ponto de vista da procriação".
Não sei se o Carlinhos se contentará com estes minutinhos de fama se pelo contrário continuará a alimentá-los uma vez que o assunto voltará a ser tema na Assembleia da República ou se será entretanto internado.
Duma coisa estou certo ainda há espécimes raros a merecer protecção. Vêm vocês falar-me do Lynx pardinus que é como quem diz o lince da Malcata, do Canis lupus signatus também conhecido por lobo ibérico ou até mesmo dos ratos cabrera que impediram a construção de uma estrada entre Miranda do Douro e Bragança, e não se lembram que o trabalho começa em casa, bora lá declarar Carlos Peixoto uma espécie protegida, nem que seja englobado no grupo do "microtus lusitanicus" que é como quem diz "rato-cego", que é o que de imediato o deputado mais me faz lembrar.