Bonaparte, o Menezes
Já uma vez aqui dei conta do pontapé de saída da candidatura de Luis Filipe Menezes à Câmara do Porto, pois bem, voltou a dar outro pontapé de saída, na Alfândega do Porto, não fosse alguém não o ter tomado a sério no primeiro e ao mesmo tempo lançar um aviso a Rui Moreira para não estorvar com as suas permanentes ameaças de que se vai candidatar, pelos vistos nem o próprio sabe a quê. A fina flor da Invicta estava lá toda, algumas tias de Lisboa fizeram também questão de estar presentes. Garante quem assistiu que Menezes depois de ter feito esperar os seus pares durante cerca de meia hora, entrou triunfante ao som de trombetas, anunciado pelo speaker como o novo presidente da Câmara do Porto.
Foram mais de mil as iniciativas anunciadas por Menezes para o Porto, cujas dívidas à semelhança de Vila Nova de Gaia serão endereçadas fatalmente ao governo que estiver no poder, que é o mesmo que dizer que acabarão na caixa do correio do vulgar cidadão, resida este onde residir, o homem é mesmo bom na arte de criar dívida e imputá-la a terceiros e não se cansa de recordar que se o país está sobreendividado é por termos andado a viver acima das nossa possibilidades.
O que mais me chamou a atenção no meio da "plêiade de ideias", a que de imediato os jornais deram cobertura, foram duas iniciativas que me deixaram deslumbrado, a primeira a fusão de Gaia e Porto com vista a transformá-la na maior cidade do país a pedir meças, nas palavras do edil, a Valência, Sevilha ou Barcelona, não poupando nos adjectivos garantiu que o Porto será mesmo o farol da Europa, pensam grande os homens pequeninos, e a segunda a transformação da via rápida, conhe-cida por Via de Cintura Interna, numa alameda que ligará os actuais dois concelhos, ai ninas, assim a modos que um jardim com bancos no meio, com mesas para os reformados jogar à sueca e uns balancés para as crianças, enquanto as árvores não estiverem suficientemente crescidas garantirá guarda-sóis a cada cinquenta metros, não deixou também de voltar a prometer as três pontes e um túnel a construir Gaia entre Gaia o Porto.
Curioso é ele ter utilizado o termo "bipolar" para definir o modelo de progresso a seguir, logo ele que para seu mal, e por tabela para o nosso, também é bipolar, lá terá que ser, teremos de lhe aturar os períodos de telha, altura em que recorre ainda mais ao endividamento, mas do mal, o menos, contará como sempre com a prestimosa colaboração de Marco António, continue este como membro do governo ou se apresse a candidatar-se à Câmara de Gaia, não só para ocultar os desmandos do amigo como facilitar as sua ideias megalómanas, às vezes interrogo-me mesmo porque se desperdiçam tantos talentos internados no Magalhães Lemos e no Miguel Bombarda só porque se afirmam ser Napoleão Bonaparte.