O primeiro passo está dado
Os equatorianos aprovaram, este domingo, uma nova Constituição de cariz socialista, impulsionada pelo presidente Rafael Correa. A previsão à boca das urnas aponta para uma projecção entre 67 a 70% dos votos para o SIM.
Contrariando quer uma igreja passadista quer uma extrema-direita muito bem instalada, o povo do Equador deu o primeiro passo para romper com o passado e rumar a um futuro mais justo e mais solidário.
É a vitória dos povos, é mais uma vitória da nova América-Latina, que pretende virar a página de anos e anos de ditadura, de pobreza, de massacres.
É também um sinal claro aos vizinhos da Bolívia, onde os fascistas da meia-lua tudo fazem para evitar idêntico referendo.
É, sem margens para dúvidas, uma autêntica lufada de ar fresco que invade aquela região e é também a reafirmação perante o ocidente de quererem tomar nas mãos o seu futuro e refundar o Equador desde as próprias raizes. É um continente que renasce das cinzas neo-liberais.
"A nova Constituição triunfou esmagadoramente. É um momento histórico que transcende as pessoas que têm estado mais visíveis neste processo que é de todo um povo", disse Correa ao assegurar que estará aonde "o povo" o queira.
Aqueles que "mentiram e só se preocuparam em enganar durante a campanha terão que prestar contas".
"O Equador decidiu um novo país, as velhas estruturas foram derrotadas; esta é a confirmação da revolução cidadã que oferecemos ao povo no ano 2006", disse Correa ao referir-se ao ano em que ganhou as eleições.
O 'sim' triunfou em 23 das 24 províncias do país. Foi uma jornada eleitoral tranquila e classificada de "democrática" pelos observadores internacionais e com uma abstenção de apenas 10%.
As "democracias" ocidentais têm alguma dificuldade em lidar com estas novas realidades até porque por aqui acontece o contrário. Neste mesmo dia a extrema direita na Austria aumenta e muito a sua votação. Itália é o que se vê e em Portugal o PS guinou, há muito, à direita.
Porém embora tenha a melhor das intenções, Correa sabe que, para um país que cresce ao ritmo de entre 3 e 4% ao ano e com uma elevada dívida pública, as receitas dos impostos ordinários e do petróleo não são suficientes.
Árduo trabalho pela frente, sem contar com a habitual "hostili-dade" da extrema direita e dos Estados-Unidos.