O festim dos urubus
Ainda só passou um dia desde o anúncio da morte de Hugo Chavez e já dá para ver claro que as críticas que lhe são dirigidas são não só em maior número mas mais intensas, rasteiras e execráveis do que em vida, diria mesmo que alguns fazem questão de se rebolar sobre o seu túmulo, embora este esteja ainda vazio.
Só um tolo, só uma alma perfeitamente distraída não vê que esta crítica desesperada não é dirigida a Chavez mas a todos quantos ousaram na América-Latina libertar-se do jugo de séculos, daí que também não admire que as manifestações de maior pesar venham daqueles países que como a Venezuela iniciaram o longo caminho para a libertação, Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Uruguai, Cuba, Peru ou Nicarágua.
Os próximos tempos serão por certo de tensão na Venezuela, os verdadei-ros caudilhos, os que durante séculos a despojaram dos seus recursos naturais espreitam de novo a sua oportunidade, as "movimentações" de dois adidos da embaixada norte-americana no seio das forças armadas venezuelanas, o que acabaria por os levar à expulsão do país, são um claro indício de que o Tio Sam quer recuperar a todo o custo aquela parte do seu quintal, assim como é normal ver-se o folclore do costume, dançam e cantam sobre a campa daquele que ousou seguir as pisadas de Simon Bolívar ao querer uma Venezuela verdadeiramente livre, livre do jugo dos ex-colonos e dos arietes do "patrão" do Norte.
Lá como cá a mesma tristeza de alma, a hora continua a ser dos urubus, quanto mais a carne apodrece mais eles rejubilam, esquecem provavel-mente que a terra que recolherá o corpo de Hugo Chavez recolherá também a semente de liberdade que aquele corpo também carrega, o futuro acabará por certo por o demonstrar.