Com o freio nos dentes
Depois de há uns anos ter recebido mais de meio milhão de euros de indemnização após seis meses como administrador na Caixa Geral de Depósitos, João Coutinho acaba de ser de novo nomeado para a administração daquele banco por Passos Coelho, provavelmente a esta hora estará já a esfregar os dedos a fazer contas a uma futura indemnização, no problemo dirão alguns, desde que não saia do bolso deles, do deles não sairá, do meu já estou habituado, bem vistas as coisas a culpa será sempre dos funcionários públicos ou dos reformados.
Encanito quando leio textos que trazem no rodapé a nota de que o mesmo foi "escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico", dão-se a esse cuidado mas já se não dão ao cuidado de não utilizar palavras que deixaram de fazer parte da língua portuguesa, tais como ética, pudor ou até mesmo vergonha.
Encanito igualmente com as empresas que elaboram códigos de conduta para os seus trabalhadores (vulgo colaboradores), a Caixa por sinal tem um, que dirá quem ali trabalha quando vir entrar porta dentro alguém que dali sacou meio milhão de euros de indemnização para se manter afastado? Se ainda lá trabalhasse sei as palavras que usaria, por certo nada consonantes com a nova língua portuguesa, mas que são garantidamente genuínos vocábulos da língua de Camões, Bocage, Saramago ou Fernando Pessoa.
Se vão na rusga tomem cautela, as cavalgaduras estão com o freio nos dentes.