Deliciosa a forma como se tortura o resultado das autárquicas na vã esperança de minimizar a derrota da direita ou até mesmo os resultados da CDU.

Tratam as candidaturas independentes como uma única força política, juntam no mesmo saco Rui Moreira, Isaltino Morais, Guilherme Pinto e mais umas quantas candidaturas "independentes", agregam os res-pectivos resultados e apresentam o ramalhete final como a força política que mais cresceu, ora toma.

Outros mais sabidos, professor Martelo à cabeça, usam e abusam de estratégia há muito concebida e repetida, a da omissão.

Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de mostrar os seus pergaminhos, conseguiu estar com José Alberto Carvalho na TVI, no jornal das 20 de hoje, a analisar os resultados das autárquicas sem uma única, sim, sem uma única vez se pronunciar sobre os resultados da CDU. Sobre todas as outras forças políticas e independentes debitou de sua lavra, mas sobre aquela coligação, népia, moita-carrasco.

Alguém aterrado de repente frente ao televisor porventura julgaria que aquela força política nem sequer teria concorrido ou os seus resultados seriam tão minúsculos que não valeria a pena gastar saliva com eles. Mas o mais delicioso é que aquela espécie de jornalista que se colocava à frente de Marcelo e que lhe ia lançando os "temas" e as "perguntas" também se esqueceu, vá-se lá saber porquê. E ainda há gente que se lamente por aquela estação, entre outras, não ter feito a cobertura da campanha eleitoral...

Deixem-se de merdas e de empates, por muito que vos custe há vencedores e vencidos, os empatas estão no governo, em quem faz tão espantosas análises ou em quem bajula tão descaradamente o poder.