Aznar chamou-me comunista
José María Aznar apresentou em Madrid o livro Planeta azul do presidente checo, Václac Klaus, que nega a gravidade do aquecimento global e que foi editado pela Fundação para a Análise e Estudos Sociais.
Durante a sua intervenção, carregou contra "os abandeirados do apocalipse climático", aos quais acusou de quererem restringir a liberdade debaixo de uma aparência nobre, como fizeram os comunistas. "Não sei se há uma mudança climática em que seja, ou não, determinante a acção do homem", mas, em qualquer caso, é "um problema que quiçá, ou quiçá não, será dos nossos tetranetos e não nosso", assegurou.
Aznar não se ficou por aqui e leu alguns parágrafos do livro: "Nos últimos 150 anos, no mínimo desde Marx, os socialistas destruíram a liberdade humana com eficácia, com lemas de aparente interesse humano e humanístico: para o ser humano, pela sua igualdade social com os demais, para seu bem. Os ecologistas fazem-no mediante lemas de um interesse não menos nobre: pela natureza e por uma espécie de bem sobre-humano. Recordemos que o seu lema radica: Earth first [a Terra primeiro]. Em ambos os casos, as consignas eram, e são, um simples embuste. Na realidade tratava-se, e trata-se, do poder da supremacia dos eleitos, como eles se consideram, sobre o resto de nós, da implantação de uma única ideologia correcta, a deles próprios".
O Painel Inter-governamental sobre a mudança Climática (IPCC) da ONU, formado por mais de 3.000 cientistas, concluiu há um ano que o aquecimento "é inequívoco" e que com mais de 90% de probabilidades é causado pelas emissões de origem humana.
Ainda bem que ele me chamou comunista... Quero que os meus tetranetos possam usufruir de um planeta limpo, de preferência melhor do que o que eu encontrei e que no tempo deles os "aznares" deste mundo já tenham desaparecido.