Purga nas forças armadas da Colômbia
Ocorreu há poucos dias, na Colômbia, a maior purga operada no exército por um caso de violação de direitos humanos. Foram demitidos 27 militares "por negligência" na hora de "evitar" o assassinato de civis. Dos expulsos, três têm a patente de general, Roberto Hernández Pico, José Joaquín Franco Cortés e Paulino Coronado, além de quatro coronéis, sete tenentes coronéis, três majores, um capitão e um tenente.
Embora o governo de Uríbe não o mencione de forma expressa, a purga reporta-se ao caso de cerca de vinte colombianos de um bairro operário, Soacha, que desapareceram em Setembro das suas casas para reaparecer dias depois como membros das FARC caídos numa confron-tação com o exército.
O escândalo estalou quando os familiares acorreram aos meios da comunicação para negar que pertenecessem às FARC e alguns vizinhos que receberam a mesma oferta, asseguraram que foram recrutados por desconhecidos, que se veio a saber serem informadores do exército, que lhes tinham oferecido interessantes ofertas de trabalho.
Pouco depois de saírem, eram assassinados. Entregaram-os a militares que prepararam a cena do crime para fazê-los passar por guerrilheiros. Os investigadores judiciais que procederam ao levanta-mento dos cadáveres confirmaram os acontecimentos.
Com aquilo ganhavam todos. A unidade militar, por cumprir objec-tivos, "positivos" para a carreira e licenças e os informadores, pela recompensa.
Mas não é o único caso que ensombrou os "êxitos" obtidos este ano pelo Exército e pela Polícia. A justiça tem abertos 400 casos e já adiantou que estão implicados 110 membros da força pública, embora os civis desaparecidos, que poderão ter tido a mesma sorte, ascendam ao milhar.
Convém esclarecer que esta purga surge só depois da ameaça da ONU de intervir neste "conflito" e coincide com a visita de Navi Pillay, a nova Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU, num momento em que a Colômbia tinha recebido novas acusações de crimes contra os direitos humanos, nomeadamente por parte da Amnistia Internacional.
Não foi também por acaso que a Alta Comissária escolheu aquele país Sul-Americano como destino da sua primeira visita desde que ocupa o cargo.