Sevilha e o rei de Espanha...
Trinta e três anos e um dia depois da sua morte, Francisco Franco Bahamonde foi despojado de todos os reconhecimentos, medalhas da cidade ou títulos honoríficos que um dia lhe deu, acrítica e imerecidamente o município sevilhano.
Foi uma iniciativa da Izquierda Unida, apoiada por unanimidade do plenário municipal.
"A actual corporação democrática não podia aceitar que o responsável de milhares de assassinatos e crimes políticos, genocida, ditador e golpista, mantenha as honras que se reservam para outros que deram valores positivos à cidade".
"Àqueles que deram a sua vida e que são deste município, a começar pelo Alcaide Republicano D. Horacio Hermoso Araujo, e a totalidade da corporação que existia no momento do golpe militar e um número importante de funcionários e empregados públicos fuzilados pelo facto de defenderem a legalidade constitucional";
"Aquelas pessoas de 1936, alcaides, conselheiros e empregados públicos do Município de Sevilha, que perderam a vida vilmente assassinados pelo ódio e a intolerância gerados por aquele militar sublevado à ordem republicana. Quem tanto dano provocou a este país em geral, mas também a esta instituição em concreto, não merece as honras precisamente deste consistório", assinala a IU, em homenagem "a quantos morreram, mas especialmente a estas pessoas, não podemos senão restaurar a sua memória e recuperar a dignidade democrática arrancando os imerecidos reconhecimentos que esta cidade proporcionou ao ditador".
Enquanto isto acontece em Sevilha, 33 anos depois da morte do sanguinário ditador, a Casa Real de Espanha mantém na sua página na Internet uma mensagem de reconhecimento e gratidão para com Franco. Assinala o comunicado, emitido pelo herdeiro de Franco: "...que com tanta dedicação e entrega, deu-nos um exemplo único de amor a Espanha e sentido da responsabilidade".
33 anos depois da morte de Franco o rei de Espanha não mostra respeito por aqueles que tombaram às mãos da ditadura. Não é pois de estranhar que também recuse a abertura das valas comuns onde jazem milhares de inocentes, para quem as famílias reclamam, em vão, o direito de terem um túmulo.